As advogadas mexicanas ao poder

Las abogadas mexicanas al poder
Las abogadas mexicanas al poder
Fecha de publicación: 26/11/2015
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Tudo começou em abril de 2014, com um almoço de 30 advogadas de firmas e empresas privadas, auspiciado pelo Vance Center. O objetivo era discutir formas para melhorar o desenvolvimento profissional das advogadas mexicanas. Um ano e meio depois, a ideia inicial tem se convertido num projeto de longo alcance que inclui um programa de mentoria e um calendário de eventos, e que leva por nome Abogadas MX. O mais curioso? A iniciativa tem despertado o interesse de empresas privadas e firmas de advogados por igual.

LexLatin conversou com as líderes do programa, Valéria Chapa, diretora jurídica para América Latina em Honeywell, e Mariana Herrero, sócia de Galícia Advogados, na véspera da Primeira Oficina de Liderança e Desenvolvimento Profissional, a celebrar-se na próxima terça-feira, 1 de dezembro.

Como surgiu a ideia?  

Valeria Chapa, directora jurídica para América Latina de Honeywell
Valeria Chapa, diretora
jurídica para América Latina
em Honeywell

Valéria Chapa: O Vance Center tem um programa chamado Women in the Profession, que desde 2008 tinha organizado conferências em diferentes países da região, incluindo a Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Panamá e Uruguai. Aquele almoço foi a primeira reunião em nosso país e, embora a ideia inicial era organizar uma conferência de um dia, consideramos que era melhor conformar uma “mesa de trabalho” com geral counsels e advogadas de escritórios jurídicos, para dar continuidade aos temas desenvolvidos durante a conferência.

Há uma brecha muito importante entre as advogadas que conformam a base da pirâmide e as que chegam a posições de liderança. Faltam-nos role models, mulheres que tiverem superado os desafios de ser profissional neste campo. Dali surgiu o programa de mentoria.

Como funciona o Programa de Tutoria?

Valéria Chapa: Emparelhamos uma geral counsel com uma advogada “mid-level” de escritório jurídico, e uma sócia de firma com uma advogada “mid-level” duma empresa para evitar conflitos de interesse e ampliar os horizontes das participantes. Em princípio, decidimos que seria 50-50, isto é, igual quantidade de advogadas de escritórios jurídicos e de empresas privadas.

Lançamos o programa-piloto oficialmente em fevereiro de 2015 e foi surpreendente o nível de convocatória. Foi ali quando percebemos que devíamos fazer algo mais estruturado e formalizar nossos esforços numa associação.

O programa consiste numa sessão mensal que pode ser pessoal ou por telefone. Não estabelecemos temas específicos para cada sessão porque cada situação é única e as mentes atravessam etapas muito diferentes em suas carreiras profissionais.

Quais são os próximos objetivos do programa?

Mariana Herrero, socia de Galicia Abogados
Mariana Herrero, sócia de Galicia Abogados

Mariana Herrero: Em fevereiro do próximo ano conclui o programa-piloto, pelo que lançaremos a convocatória para 2016 em dezembro deste ano e avaliaremos os resultados da anterior edição. Consideramos continuar com 40 advogadas (20 e 20), embora o número total de participantes dependerá do resultado da convocatória e a decisão do Comitê do Programa de Tutoria.

Quais são os obstáculos mais apremiantes que enfrentam as advogadas mexicanas em sua carreira profissional?

Valéria Chapa: Há três temas fundamentais. O primeiro deles é a falta de ferramentas profissionais, que podem tomar a forma de programas de treinamento. Por exemplo, a advogada de escritório jurídico tem oportunidades limitadas para fazer um pitch a um cliente, de administrar a conta ou de conseguir um negócio. Essas habilidades neste grupo então não se desenvolvem da mesma maneira.

O segundo é a falta de esquemas de trabalho flexível. A advogada de escritório jurídico tem que trabalhar longas horas e não está bem visto que trabalhe desde casa, então é difícil conciliar a vida familiar. Para a advogada de empresa é o mesmo porque é a “doutora” da empresa e tens que estar disponível 24/7. A carga de trabalho e as responsabilidades familiares são temas importantes para as advogadas.

O seguinte tema é o do networking que é um assunto que às advogadas mexicanas nos custa muito. Ampliar nossas redes profissionais é fundamental para desenvolver nossas carreiras.

Mariana Herrero: Para a advogada de escritório jurídico, um dos desafios mais importantes é desenvolver a habilidade para gerar negócio. No México o tema está em fraldas, as mulheres não contamos com um treinamento sistemático no tema por distintas razões e a forma de relacionar-se com clientes potenciais é diferente para homens e para mulheres. Muitas vezes tens uma advogada superpreparada e capaz, mas no momento de avaliar a decisão de nomeá-la sócia, se acostuma duvidar de sua capacidade para gerar negócio. O segundo desafio é lançar mãos a essas ferramentas de geração de negócio para eliminar esse “obstáculo” para chegar à sociedade.

Quais são os eventos que têm programados?

Mariana Herrero: Na próxima terça-feira, 1 de dezembro, teremos a Primeira Oficina de Liderança e Desenvolvimento Profissional, no Salão Ángel do Sheraton Maria Isabel, no México, D.F. Felizmente, tivemos uma convocatória de 180 pessoas quando o chamado inicial era de 80. Nesta reunião, teremos sessões sobre networking e comunicação estratégica. Haverá um workshop especial com Janice Brown, de Beyond Law, quem dará uma oficina sobre desenvolvimento de negócios e outras habilidades profissionais para advogadas, em particular dentro das firmas de advogados. Do mesmo modo, haverá painéis com general counsels, a perspectiva dos CEOs e um coquetel com sócios de diferentes firmas.

Tudo isto foi possível graças à colaboração de 23 escritórios jurídicos. Isso é uma amostra de que existe a certeza de que a causa é maior que a concorrência entre escritórios jurídicos.

Valéria Chapa: De frente ao futuro, trabalharemos os eventos em três eixos. O primeiro tem que ver com escritórios jurídicos, o segundo com empresas e o terceiro serão eventos próprios de associação. Sobre o primeiro, temos três formatos: cafés-da-manhã com oradores; lunch & learn, para discutir temas de atualidade, e cocktails e networking.

Com as empresas, temos dois formatos. O primeiro é o “Programa de Imersão Corporativa”, inspirado no Learning Experience do Leadership Council on Legal Diversity. O segundo é o “lunch & learn”, que são comidas informais com um experto da empresa sobre um tema de interesse.

Finalmente, temos um programa de eventos organizados por Advogados MX. Tem dois eixos: o primeiro inclui encontros com universitárias, mesas de trabalho, programas de mentoria e reuniões com entidades governamentais e do Poder Judiciário. O segundo eixo é um roadshow de general counsels, e será um conjunto de apresentações das GCs a membros de escritórios jurídicos com o objetivo de explicar a importância da diversidade de gênero.

Vemos nas firmas de advogados uma brecha muito grande em relação com a proporção de associadas e sócias. Ademais, estamos conscientes de que a maior parte das decisões que afetam às mulheres na profissão são tomadas por homens. Por isso, queremos envolvê-los no câmbio cultural que estamos promovendo desde a associação.

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