​Como escalar uma startup com assessoria jurídica? Oportunidades e desafios do ecossistema empreendedor no Brasil

Embora o governo federal brasileiro tenha promovido um marco legal para estimular investimentos em startups (Lei Complementar 182/2021), expandir um negócio continua a ser um desafio. Foto: Getty Imagenes
Embora o governo federal brasileiro tenha promovido um marco legal para estimular investimentos em startups (Lei Complementar 182/2021), expandir um negócio continua a ser um desafio. Foto: Getty Imagenes
Embora o governo federal brasileiro tenha promovido um marco legal para estimular investimentos em startups (Lei Complementar 182/2021), expandir um negócio continua a ser um desafio.
Fecha de publicación: 30/08/2024

O Brasil se tornou a terra prometida das startups: concentra o maior número de unicórnios e empresas emergentes da região. Segundo relatório da plataforma Sling Hub, durante o segundo trimestre do ano, a América Latina recebeu um investimento de 2,2 bilhões de dólares para o ecossistema empreendedor, 78% a mais que no ano passado. Desse montante, o Brasil ficou com a maior parcela, US$ 1,2 bilhão.

 

Embora o governo federal brasileiro tenha promovido um marco legal para estimular investimentos em startups (Lei Complementar 182/2021), expandir um negócio continua a ser um desafio.

 

“O quadro jurídico das startups trouxe um novo ambiente regulatório ao país: a desburocratização e o aumento da segurança jurídica impulsionaram o mercado de inovação e tecnologia, que passou a ser visto como motor do desenvolvimento econômico e social”, destaca Juliana Maluf, sócia da área de Fusões e Aquisições do Demarest.

Juliana Maluf
Juliana Maluf

Apesar dos esforços, existem aspectos transversais ao tipo de negócio que as startups desenvolvem que não foram alcançados pela legislação.

Há três anos, Demarest lançou o Disrupt, uma iniciativa destinada a fornecer soluções jurídicas inovadoras para empresas startups.

 

“Apesar do quadro regulamentar, ainda existem zonas cinzentas. A ausência de regulamentação sobre opções de ações, por exemplo, recebeu críticas do mercado, tendo em vista que se trata de um mecanismo muito utilizado no setor, como forma de incentivo e retenção de funcionários e executivos. Por isso, acreditamos que a assessoria jurídica é fundamental. O Disrupt busca se adequar à realidade econômica e ao desenvolvimento de cada startup”, explica Maluf.

 


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Viveiro de incubadora

 

BASE, a incubadora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), é um dos focos de incubadoras do país, apoiando startups de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

 

O objetivo do programa é que os projetos superem o “vale da morte”, como é popularmente conhecida a etapa pela qual passam os projetos entre o desenvolvimento da inovação e sua consolidação comercial. Até esta data, o programa apoiou mais de 1.500 projetos e está atualmente incubando 29 startups.

 

 

Para Letícia Menegon, coordenadora da incubadora da ESPM, a mentoria é tão fundamental quanto as rodadas de investimentos.

 

“Ter o apoio de mentores especializados, com profundo conhecimento sobre temas específicos, pode fazer a diferença entre a empresa crescer e escalar com segurança ou não”, explica.

 

O conhecimento jurídico deve se somar ao conhecimento do setor em que o empreendimento atua. As startups incubadas pela ESPM atuam em diversos setores, como educação, turismo, construção, comunicação, alimentação, agricultura, saúde e meio ambiente.

 

Daniel Caramaschi

Para além da diversidade, elas têm um denominador comum: a necessidade de atrair investimentos para acelerar o impacto da inovação. Graças a uma parceria entre a ESPM e o Demarest, entre agosto e novembro deste ano, um grupo de empreendedores será orientado por sócios do Demarest.

 

“Nosso objetivo é orientar novos modelos de negócios de forma criativa e ágil, com a assessoria de uma equipe qualificada e multidisciplinar, e assim contribuir para startups. A BASE pode acessar oportunidades de financiamento de forma inteligente e atrair investidores com maior potencial do mercado, afirma Daniel Caramaschi, sócio da área de Fusões e Aquisições do Demarest.

 


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Como as empresas latino-americanas podem incentivar a inovação?

 

Além da mentoria, os escritórios têm o poder de se tornarem aliados das startups em termos de aconselhamento jurídico, especialmente em questões sensíveis como fiscalidade e propriedade intelectual.

 

“Para uma empresa de serviços completos, acelerar o impacto é uma grande oportunidade para estar mais integrada no ecossistema de inovação e capital de risco. Ao aconselhar legalmente investidores, como fundos de capital de risco e grandes corporações, e fundadores de empresas startups, os escritórios conhecem as dores e os desafios de cada parte. E com esse conhecimento dos dois lados do balcão podemos ajudá-los a fechar negócios de forma prática, rápida e saudável”, afirma Caramaschi.

 

Conhecer de perto os incentivos fiscais, regimes especiais e regulamentações faz a diferença.

 

“A elevada carga tributária e a complexidade do sistema tributário no Brasil são os maiores desafios enfrentados pelas startups para conseguir sobreviver no ecossistema brasileiro. Em setores emergentes com grande potencial, como os operados por fintechs e healthtechs, as startups também devem estar atentas às normas regulatórias vigentes, especialmente às disposições do Banco Central do Brasil e da Agência Nacional de Saúde, respectivamente, para validar sua tese tanto no aspecto factual quanto no legal/regulatório”, alerta Maluf.

 

Caramaschi, por sua vez, acrescenta: “Algo que ainda é pouco discutido, mas que também é um grande desafio para qualquer startup, são as questões internas relacionadas à criação do negócio, como estruturar seu modelo de negócio de forma perene e atraente para os investidores e a contratação de equipe adequada com vistas à profissionalização de sua gestão. Sem esses elementos, dificilmente uma startup alcançará o crescimento desejado, será sustentável e atrairá a atenção do mercado e de potenciais investidores.”

 


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O ABC antes de lançar uma startup

 

  • Faça uma Análise rigorosa do setor em que você deseja operar. “É fundamental que o empreendedor tenha um conhecimento profundo do mercado, de seus concorrentes e das regulamentações que podem ser aplicadas ao produto ou serviço que a empresa pretende oferecer”, afirma Juliana Maluf, especialista em investimentos alternativos, private equity e capital de risco no Demarest.

 

  • Analise o melhor tipo corporativo para estabelecer o negócio, o regime tributário, o modelo de negócios, a forma de contratação da equipe e os planos de incentivo para executivos e funcionários-chave (planos de stock options), entre outras especificidades que devem ser consideradas de acordo com o segmento de atuação da empresa startup.

 

  • Tenha uma boa assessoria jurídica e contábil desde o início da operação. “Isso garante uma estrutura organizacional mais eficiente, protege os ativos da empresa e mitiga possíveis passivos”, afirma Daniel Caramaschi, coordenador de M&A da Disrupt.

 

  • Estabeleça a startup levando em consideração todas as proteções aplicáveis, como o registo de propriedade industrial (no caso do Brasil, perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial) e a celebração de contrato de transferência da propriedade intelectual desenvolvida pelos funcionários/colaboradores da startup. “Essas práticas não só garantem a exclusividade na exploração da propriedade intelectual, mas também asseguram a titularidade de um ativo intangível que, em muitos casos, será responsável por uma boa valorização da empresa. Caso tais medidas de proteção não sejam realizadas, ou sejam executadas tardiamente, existe o risco de a startup não conseguir impedir sua utilização por terceiros, perdendo a oportunidade de se tornar proprietária daquele ativo”, recomenda Maluf.

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