Georges Humbert responde ao "Questionário LexLatin"

"O que eu mais gosto é que a advocacia, diferentemente das ciências exatas, nunca tem uma resposta única para determinadas causas"/Divulgação
"O que eu mais gosto é que a advocacia, diferentemente das ciências exatas, nunca tem uma resposta única para determinadas causas"/Divulgação
Advogado é o novo legal master ambiental da MoselloLima.
Fecha de publicación: 10/06/2021

Georges Humbert é o novo legal master ambiental do escritório MoselloLima Advocacia. Ele é mestre e doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pós-doutor em Direito e Democracia pela Universidade de Coimbra. O advogado e professor respondeu ao “Questionário LexLatin”.

Que filme/romance na área jurídica você recomendaria?

Para o cidadão comum ou da área jurídica, eu gosto muito do filme "O advogado do diabo" porque ele mostra os vários lados da advocacia. Ele tira um pouco desse mito do advogado como uma profissão que comporta algumas dúvidas sobre o caráter, comportamento, confiança. 

Um livro que eu gosto muito é a Bíblia, ela está cheia de passagens que são essenciais para a concepção e noção de direito que temos hoje. Tanto que existiu no passado o direito canônico que deu origem depois ao direito civil. A bíblia está cheia de passagens sobre justiça e julgamentos, consensos, soluções amigáveis, noções de valor da sociedade para convivência pacífica e solidária. A Declaração de Direitos Humanos reflete muito aquilo tudo que foi pregado na bíblia, principalmente no Novo Testamento, após a passagem de Jesus pela Terra.

Um outro livro, mais ligado ao direito, se chama "Eles, os juízes, vistos por um advogado" de Piero Calamandrei. São cartas de um advogado de renome italiano que mostra situações do cotidiano da advocacia e como ele se vê diante de juízes, desembargadores, ministros, essas autoridades. É de importância que todos leiam, inclusive quem não é do mundo jurídico, para entender um pouco melhor essa relação Ministério Público, juízes e advogados. Mostra o quão importante é que o juiz não trate com posição de superioridade e desigualdade o advogado. É uma lição para todos.

O que você mais gosta e não gosta na profissão de advogado?

O que eu mais gosto é que a advocacia, diferentemente das ciências exatas, nunca tem uma resposta única para determinadas causas. Um caso pode ter várias respostas, várias soluções. Muitas vezes a própria jurisprudência muda. O que foi dito pelo Judiciário há 10 anos, com o passar do tempo muda. Então ela está sempre em evolução como a própria vida em sociedade. Isso me encanta bastante.

Algo que me incomoda é que, muitas vezes, a advocacia se inclina para o litígio quando é possível soluções consensuadas, arbitradas, conciliadas. Mas isso tem mudado na nossa cultura como sociedade e enquanto meio jurídico. Me incomoda também o fato de que o Judiciário brasileiro é um dos mais lentos e onerosos do mundo. É aquela célebre frase "a justiça tardia não é justiça". Então toda vez que você demora para entregar a um cidadão que vai em busca de justiça no Judiciário, é ruim para o judiciário, para o próprio país, para o cidadão e para o advogado que muitas vezes recebe o ônus da culpa da demora, quando ele é mais uma vítima dessa situação. Mas o Judiciário tem evoluído, as tecnologias digitais têm sido muito importantes nisso.

Qual foi o melhor investimento em sua carreira profissional?

A educação é sempre o melhor investimento. Eu sempre reforcei isso na minha vida, desde o ensino fundamental. Quando cheguei no ensino superior, coloquei como meta não deixar nunca de estudar. Hoje obtive o grau de bacharel, mestre, doutor e pós-doutor, tenho 18 livros publicados, continuo pesquisando, coordenando revista, pesquisa e palestrando. Deixei a sala de aula esse ano, depois de 15 anos consecutivos, mas continuo na pesquisa e no estudo. O melhor investimento foi sempre querer aprimorar minhas qualificações através de muito estudo e outras atividades de qualificação e aperfeiçoamento de formação da carreira.

Quais são seus objetivos de curto, médio e longo prazo em seu novo cargo?

A curto prazo meu objetivo é atuar de forma propositiva ao já reconhecido e admirado trabalho da equipe de ambiental do MoselloLima Advocacia nas suas diversas frentes de atuação: consultiva, contenciosa, estratégica. Vou trazer minha experiência que já tive em outros escritórios e empresas públicas e privadas e em governo, além da minha experiência acadêmica como professor e pós-doutor em direito, para também poder qualificar ainda mais a formação da equipe. É uma vocação que eu tenho também de contribuir para o aperfeiçoamento e desenvolvimento humano. 

A médio prazo, é que a gente consiga desenvolver e incorporar pelos nossos clientes e futuros clientes, os diversos produtos que a gente disponibiliza. Em particular, o pagamento por serviço ambiental, cujo novo marco regulatório tem menos de um ano no Brasil e que se afigura como algo a médio prazo muito relevante do ponto de vista social, econômico e ambiental para sustentabilidade das empresas e do setor do agronegócio. 

A longo prazo, poder agregar outras atuações especializadas ao MoselloLima que fazem parte do meu histórico profissional, na área do direito regulatório e do direito administrativo e passar a colaborar para que daqui uns 10 anos ou mais, a gente alcance o plano internacional. O escritório começou no interior da Bahia, depois foi para o estado da Bahia, região nordeste e hoje já é nível nacional. Então agora é construir e solidificar essa admiração e participação no mercado internacional para assessorar os empreendedores do Brasil nos outros países e de outros países no Brasil também. 

Como um advogado pode desenvolver sua marca pessoal?

Eu acho que para se destacar, o advogado precisa ser referência em alguma área ou atuar nas mais diversas áreas de forma estratégica. Esse é um ponto muito relevante. Para se tornar referência, é necessário muito estudo, pesquisa e inovação, trazer soluções relevantes e bons resultados para seus clientes e parceiros. É importante também ter, em conjunto com o advogado, uma equipe capaz de lhe permitir o desenvolvimento. A partir de então, ele passa a se destacar nesse mercado que é super concorrido. 

Cite alguém (um exemplo a ser seguido, um tutor) que influenciou sua carreira?

Eu costumo citar dois exemplos. O primeiro deles é o professor Márcio Cammarosano, professor titular da PUC-SP, meu orientador de mestrado e doutorado, que viu em mim aos 23 anos o potencial que nem eu reconhecia, me deu todas as oportunidades. Ele foi um mentor da advocacia, um orientador na formação acadêmica e uma pessoa que abriu várias portas para mim. Eu busco fazer o mesmo sempre que possível com aqueles que estão no meu entorno. 

Do ponto de vista do empreendedorismo e da advocacia, na Bahia, o próprio Leandro Mosello Lima, sócio do MoselloLima. Leandro tem a visão de um advogado que soluciona e entrega causas para seus clientes dentro dos padrões mais éticos e legais possíveis e ainda tem uma visão empreendedora. Ele é um exemplo que eu sigo porque eu também trilhei meu caminho, fui sócio de grandes escritórios, tive o meu próprio, mas ao final faltou isso que eu vejo no Leandro. Essa visão do todo, empresarial e de inovação na advocacia, que eu tenho aprendido e que já tenho incorporado nesse pouco tempo de MoselloLima.

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