As habilidades que um advogado interno precisa desenvolver

Um advogado interno deve aumentar sua visibilidade dentro e fora da empresa.
Um advogado interno deve aumentar sua visibilidade dentro e fora da empresa.
Existem habilidades cruciais para os advogados que vão além do conhecimento técnico.
Fecha de publicación: 23/05/2023

Ser um advogado interno de sucesso requer habilidades e comportamentos que vão além do conhecimento técnico da lei, que todos os advogados possuem.

É necessário um desenvolvimento profissional mais amplo e não é uma opção adequada para todos. Para alcançar a excelência nessa área, é importante desenvolver habilidades-chave que não são ensinadas nas faculdades de direito, mas podem ser adquiridas por meio da experiência ou da educação continuada. Recomendo a formação contínua para acelerar o crescimento profissional, pois as competências exigidas variam de acordo com o seu nível hierárquico. Por exemplo, habilidades de gerenciamento não podem ser exigidas de advogados mais jovens, mas são essenciais para os general counsel.

Independentemente do nível hierárquico, separei algumas competências para quem é interno e quer se destacar em sua área:

Visão de negócios, pragmatismo e criatividade

Visão de negócios, pragmatismo e criatividade são habilidades essenciais para advogados internos. Essas habilidades envolvem ter uma compreensão clara dos objetivos do departamento e da estratégia da empresa. Nesse sentido, o advogado deve aliar seu conhecimento jurídico a um conhecimento específico do negócio e do setor em que a empresa atua.

Essas habilidades permitirão ao advogado entender melhor o ambiente empresarial em que atua e contribuir com soluções criativas para problemas jurídicos e empresariais que possam surgir. Os clientes internos esperam uma assessoria confiável e pragmática, baseada no know-how do negócio, que deve ser feita com soluções simples e criativas para os desafios jurídicos que se apresentam.

É especialmente importante considerar essas competências no contexto atual, em que o ambiente empresarial é cada vez mais multicultural e interligado e a estabilidade não é garantida, de forma a prestar aconselhamento eficaz e resolver problemas jurídicos e empresariais de forma inovadora.


Sugestão: Por que estudar um LLM? Uma perspectiva de "Sociedade dos Poetas Mortos"


Comunicação

É fundamental que os advogados internos sejam capazes de transmitir informações e defender os interesses da empresa de forma clara, persuasiva e eficaz. Essa competência é transversal a qualquer função, mas é ainda mais exigida no caso dos advogados internos, uma vez que a elaboração de documentos e contratos é uma parte importante do seu trabalho. A redação e a comunicação concisas são essenciais para a eficácia do advogado e para a compreensão dos demais membros da organização.

O que os clientes internos mais valorizam é uma resposta concisa e eficiente, que inclui avaliação executiva de risco e recomendação da área jurídica. Em muitos casos, isso é tudo o que é necessário para entrar rapidamente em um novo negócio. Essa habilidade implica entender a cultura interna da empresa e falar a mesma linguagem do negócio, adaptando-se ao público para o qual as informações serão direcionadas, que pode ir desde C-Level até simples contratantes. Tudo isso sempre respeitando a confidencialidade e o devido sigilo.

Para ter sucesso, o advogado interno deve ser um simplificador claro e habilidoso, falando a linguagem do negócio. Para isso, é necessário treinar a capacidade de enviar uma mensagem complexa de forma simplificada e completa. Em suma, a capacidade de se comunicar de forma eficaz e concisa é essencial para o advogado interno, que deve falar a mesma língua do negócio para prestar assessoria eficiente e eficaz.

Habilidades tecnológicas

É essencial que os advogados internos se mantenham atualizados com as ferramentas e tecnologias mais recentes usadas no setor jurídico. Para isso, é preciso questionar continuamente como os processos podem ser otimizados e deixar de lado a mentalidade do “sempre fizemos assim”.

Entre as competências tecnológicas necessárias, está a familiaridade com plataformas de gestão de contratos, sistemas de faturação eletrônica e ferramentas de colaboração remota, entre outras. É importante que os advogados aprendam a usar a tecnologia a seu favor, evitando os riscos que seu uso pode acarretar. Desta forma, poderão beneficiar tanto os seus clientes internos como externos, melhorando a eficiência e eficácia do seu trabalho.

Exposição

É essencial para um advogado interno aumentar sua visibilidade dentro e fora da empresa. Dentro da organização, isso permitirá estabelecer contatos com outros profissionais e áreas, o que lhe trará uma melhor compreensão do negócio, do ponto de vista de outras áreas e da importância que cada uma delas tem no sucesso da empresa. Além disso, poderá facilitar as decisões e negociações com outras áreas, persuadindo-as naqueles pontos que forem necessários para atingir os objetivos do departamento.

Fora da empresa, a participação em congressos, instituições pro bono e associações especializadas em temas relevantes da área permitirá ao advogado obter conhecimento sobre problemas semelhantes (benchmarking) e estabelecer uma rede de contatos mais ampla, gerando novas oportunidades profissionais. Como resultado de tudo isso, um advogado interno com alto nível de exposição, interna ou externa, estará ciente das últimas tendências do setor e se manterá atualizado sobre as últimas leis, regulamentos e mudanças do mercado, e a tecnologia.


Não perca: Como agregar valor na negociação de contratos empresariais?


Inteligência emocional

Para uma empresa ser bem-sucedida, é essencial ter uma equipe diversificada, que traga diferentes perspectivas e experiências. Por isso, o advogado interno deve desenvolver sua inteligência emocional para entender as emoções e os pontos de vista dos outros, lidar com o estresse, manter-se motivado em momentos difíceis e superar os dias difíceis da melhor maneira possível. Todas essas habilidades são essenciais para construir relacionamentos de confiança e trabalhar de forma eficaz com outros membros da organização a longo prazo. A inteligência emocional permite persuadir, colaborar e resolver conflitos de forma eficiente. Por exemplo, se um advogado interno tem uma equipe com membros de diferentes culturas, ele deve ser capaz de entender suas perspectivas e trabalhar em conjunto para chegar a uma solução que pode fazer uma grande diferença no sucesso da empresa.

Assim, além do conhecimento técnico da lei, os advogados internos devem ter habilidades transversais, como visão de negócios, pragmatismo, criatividade, comunicação eficaz e competências tecnológicas para otimizar os processos legais. A importância da exposição também é preponderante para aumentar a visibilidade do advogado interno dentro e fora da empresa. Essas habilidades são essenciais para que os advogados internos prestem assessoria eficaz, resolvam problemas jurídicos e comerciais de maneira inovadora, melhorem a eficiência e a eficácia de seu trabalho e façam networking com outros profissionais e áreas da organização.

*Diego Ignacio Gómez M. é advogado pela Universidad de los Andes (Chile) e LL.M. pela FGV (Brasil). Trabalhou em escritórios de advocacia no Chile e no Brasil e em empresas multinacionais líderes em suas áreas de atuação na região. Atualmente, trabalha como in-house na FIS, a maior fintech do mundo, com foco no México e na América Latina.

Add new comment

HTML Restringido

  • Allowed HTML tags: <a href hreflang> <em> <strong> <cite> <blockquote cite> <code> <ul type> <ol start type> <li> <dl> <dt> <dd> <h2 id> <h3 id> <h4 id> <h5 id> <h6 id>
  • Lines and paragraphs break automatically.
  • Web page addresses and email addresses turn into links automatically.