Brasil viverá novo êxodo de profissionais no pós-pandemia

Se as estatísticas seguirem neste mesmo patamar atual, teremos novamente nesta década milhões de brasileiros adotando os Estados Unidos como novo lar/Freepik
Se as estatísticas seguirem neste mesmo patamar atual, teremos novamente nesta década milhões de brasileiros adotando os Estados Unidos como novo lar/Freepik
Fim das restrições de viagem aceleram ida de brasileiros aos EUA. Milhões devem deixar o Brasil.
Fecha de publicación: 01/10/2021

A recente notícia de que os Estados Unidos irão, a partir de novembro, retirar as restrições de viagens com diversos países, incluindo o Brasil, foi recebida com entusiasmo por milhões de pessoas que desejam viajar para os Estados Unidos, seja para turismo, estudo, negócios ou ainda para adquirir residência fixa no país. E embora as autoridades americanas ainda não tenham dado maiores detalhes sobre quais serão as vacinas aceitas para viajantes estrangeiros ou qual será a idade mínima exigida para apresentar comprovante de vacinação ao desembarcar no país, muitos empresários e profissionais brasileiros já estão fazendo as malas para dar adeus ao Brasil e começar uma nova vida na Terra do Tio Sam.

“Nos últimos anos temos acompanhado um grande êxodo de profissionais e empresários que saem do Brasil a procura de melhores oportunidades e cenários políticos e econômicos mais estáveis em outros países, principalmente nos Estados Unidos. Com o fim da pandemia, esta “fuga de cérebros” será cada vez mais constante, uma vez que os países mais desenvolvidos estão, logicamente, se recuperando mais rapidamente dos danos causados pela pandemia do que aqueles países menos favorecidos ou que sofrem com disputas políticas internas. Para o profissional ou empreendedor, sair do Brasil neste momento é uma excelente decisão. Já para o Brasil, que cada vez perde mais gente bem qualificada, é péssimo” – afirma Rodrigo Costa, consultor de negócios e especialista em mercado de trabalho americano.


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De acordo com o Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS) a pandemia da Covid-19 resultou no atraso de aproximadamente 1,2 milhões de solicitações de vistos, green cards e pedidos de naturalização. A agência americana já anunciou que acelerar a conclusão destes processos será prioridade máxima ao longo deste e do próximo ano.

“Grande parte dos beneficiários que foram prejudicados com a paralização das atividades do USCIS durante a pandemia são profissionais essenciais para o desenvolvimento da economia dos EUA. Entre eles, muitos brasileiros que já aguardam há cerca de 1 ano e meio por suas entrevistas, emissão de vistos ou simplesmente pela chegada do green card para adquirirem o status de residentes legais. Conforme vamos nos aproximando do fim da pandemia, estas pessoas já podem voltar a traçar planos mais concretos para o futuro nos EUA” – diz Felipe Alexandre, advogado especializado em imigração.

Além de adiantar os processos já pendentes, o governo dos EUA também irá retomar muito em breve as entrevistas de vistos na embaixada e consulados americanos no Brasil. A expectativa é de que em dezembro todas as representações consulares dos Estados Unidos no país estejam funcionando normalmente, o que irá acelerar ainda mais os planos de quem já deseja não estar mais no Brasil no próximo anos.

Segundo o Itamaraty, aproximadamente 1 milhão e 400 mil brasileiros residem atualmente nos Estados Unidos. Somente na última década (2011 a 2020), mais de 132 mil brasileiros receberam o green card e se tornaram residentes legais no país, naquele que foi a década em que mais pessoas do Brasil se mudaram para a América. Afinal, muitos profissionais e empresários brasileiros encontram nos Estados Unidos a possibilidade de viver em um país que oferece mais segurança, qualidade de vida, oportunidade de gerar receita em moeda forte e de fazer parte ou empreender no maior mercado consumidor do mundo. Se as estatísticas seguirem neste mesmo patamar atual, teremos novamente nesta década milhões de brasileiros adotando os Estados Unidos como novo lar.

“Enquanto o Brasil ainda sofre com a questão da saúde pública, desemprego, instabilidade política e danos econômicos decorrentes da pandemia, os Estados Unidos já apresentam um mercado de trabalho novamente superaquecido.  De acordo com dados divulgados pelo Departamento de Trabalho dos EUA no início de agosto, o mercado de trabalho americano registrou cerca de 6,7 milhões novas contratações no país somente no primeiro semestre de 2021. Além disso, anotou-se também um novo recorde na quantidade de vagas de trabalho atualmente disponíveis na América, com impressionantes 10,073 milhões de empregos a serem ocupados. São números que realmente fazem com que os brasileiros queriam se mudar para os EUA”, explica Rodrigo Costa.


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Porém, mesmo com um cenário tão favorável e mercado de trabalho novamente aquecido, os EUA encontram dificuldade em encontrar profissionais qualificados para exercer diversas profissões, especialmente aquelas que exigem conhecimento técnico e experiência, como médicos, engenheiros, profissionais de TI, pilotos de avião, etc.

“Sem conseguir gerar uma quantidade suficiente de profissionais para atender a demanda do mercado, os Estados Unidos precisam contar com o talento e mão-de-obra de profissionais estrangeiros, e para isso foram criados programas que concedem green cards para atrair trabalhadores qualificados de outros países. Os chamados “vistos para profissionais com habilidades extraordinárias” tem se popularizado nos últimos 10 anos, e a presença destes profissionais estrangeiros vem sendo fundamental para manter os EUA no posto de maior potência econômica do mundo. Atualmente o governo americano destina 260 mil vistos americanos para estas categorias.” analisa Felipe Alexandre.

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