Como ser um escritório visionário e sustentá-lo ao longo do tempo?

A chave: colocar em prática o mantra de tentativa e erro; e escuta atenta das tendências em outras frentes que não apenas a jurídica. / Cidade do Panamá - Wikicommons.
A chave: colocar em prática o mantra de tentativa e erro; e escuta atenta das tendências em outras frentes que não apenas a jurídica. / Cidade do Panamá - Wikicommons.
Nos anos 90, o escritório optou pela expansão. Agora tem seis locais, um em cada um dos mercados mais dinâmicos da região.
Fecha de publicación: 29/11/2022

No mês passado, a Arias comemorou 80 anos no mercado. Sua história começou em El Salvador, onde consolidou uma trajetória de cinco décadas atendendo ao mercado centro-americano. Em meados dos anos noventa, o escritório optou por uma tendência incomum até então na região, iniciando um projeto de expansão que entre 1996 e 2011 alcançou a abertura de cinco novos escritórios, um em cada um dos principais mercados da América Central.

“Nosso primeiro escritório fora de El Salvador foi na Nicarágua em 1996, depois na Costa Rica e na Guatemala em 1998; posteriormente em Honduras em 2002 e no Panamá em 2011. Assim conseguimos concretizar nossa visão de formar um escritório integrado nos seis países centro-americanos. Atualmente, contamos com 43 sócios e cerca de 130 associados especializados em 35 áreas de atuação”, destaca um comunicado oficial do escritório.

Essa decisão estratégica já é uma tendência que mantém o setor jurídico - devido à pandemia - hiperenergizado. Como um 'early adopter', Arias não apenas se mantém, mas também busca competir completando uma importante mudança: atender o negócio a partir de uma abordagem transformacional.

“A tendência de internacionalização dos serviços jurídicos continua. O mercado centro-americano verá a entrada de mais firmas internacionais em nossos países. Nosso desafio é poder competir sempre prestando serviços de padrão mundial. Para isso, a tendência de continuar no ramo jurídico é claramente antecipar as necessidades do cliente. Será fundamental fazê-lo a partir de uma abordagem transformacional, o que implica, por exemplo, fortalecer o uso e a gestão de tecnologias nos próximos anos”, explica Carolina Flores, sócia-gerente, da Costa Rica.

O que vem a seguir para 2023?

Do ponto de vista de Ana Teresa Rizo, também sócia-gerente que atende na Nicarágua, o pós-pandemia e a crise de mercado devido às tensões na Europa deram uma vantagem à região. O mix de oportunidades gerado para a expansão dos negócios está gerando fôlego para o setor.

“A Europa já não é um ambiente 'seguro' para empresas e investidores. Embora a América Latina também tenha desafios, empresas e empreendedores querem cada vez mais diversificar geograficamente seus negócios. Isso representa uma oportunidade para nossas jurisdições. Os países que têm incentivos ao investimento estrangeiro devem explorá-los neste momento”, detalha.

Um contorno mais justo desse panorama inclui vislumbrar as práticas com maior potencial e demanda interna para não negligenciar os pontos fortes do escritório. Do Panamá, a sócia-gerente, Siaska SSS Lorenzo, destaca a integração do ESG na cultura organizacional, como fintech e regulatório, como áreas espaciais com maior demanda.

“Há uma necessidade de fortalecer nossa prática ESG, as questões de sustentabilidade e diversidade estão se tornando cada vez mais relevantes. É imperativo que nossos escritórios forneçam aos nossos funcionários um senso de propósito na comunidade e no mundo. Da mesma forma, a prática em fintech vem aumentando, assim como suas regulamentações. Da mesma forma, há muito interesse na área regulatória, principalmente na área de saúde e defesa do consumidor”, garante.

Por sua vez, as sócias-gerentes Evangelina Lardizabal, de Honduras, e Liz Gordillo, da Guatemala, complementaram destacando aspectos fundamentais na gestão jurídica. Os especialistas destacam os esforços que a organização deve articular para enfrentar organicamente um problema recorrente no setor: a fuga de jovens talentos e os processos de demissão silenciosa.

“Os principais desafios da Arias têm sido manter um grupo central de sócios por mais de 20 anos nas seis jurisdições, sendo a mesma organização. É sobre esses sócios que recai a responsabilidade de permear a cultura organizacional em cada um de nossos escritórios e ao longo do tempo e fomentar uma cultura única. Isso é possível porque é promovido a partir do DNA da Arias marcado pela honestidade, ética e atendimento como valores essenciais na organização”, destaca Lardizabal.

Nesse sentido, a firma garante, nas palavras de Gordillo, uma oferta atractiva para o talento humano, apostando no seu crescimento e motivação.

“Tentamos dar aos nossos jovens talentos um senso de propósito ao fazerem parte de nossa organização. Nos preocupamos não só em motivá-los, mas também em fazer com que tenham verdadeiros líderes à frente de nossos escritórios, fortalecendo os princípios e valores da Arias. Jovens talentos se afastam por falta de objetivos tangíveis e muitas vezes saem das organizações por falta de uma verdadeira liderança, tema pouco abordado”, aponta o especialista.

Uso de tecnologia e trabalho colaborativo

A consolidação da prática integral e dos seus planos para o futuro como escritório visionário, fez com que a Arias integrasse no seu plano estratégico duas vertentes fundamentais: a implementação de tecnologias, para otimizar os serviços prestados, e o trabalho em regime de colaboração para se fortalecer no mercado futuro.

De El Salvador, onde o escritório iniciou sua trajetória, a sócia-diretora Roberta Gallardo explica como a aplicação de ferramentas tecnológicas tem contribuído para a integração dos serviços, proporcionando um atendimento mais eficiente aos clientes.

“Desenvolvemos software jurídico internamente e à medida das nossas necessidades, o que reforça o know-how que já possuímos. Tudo isso não só nos permitiu ser mais eficientes no atendimento, como também garantir a segurança das informações de nossos clientes. Essas conquistas não nos fazem ficar parados como escritório; estamos em busca contínua de melhores alternativas tecnológicas para a prestação de nossos serviços”, garante.

Arias também é membro de oito associações nacionais e internacionais, incluindo a Associação Interamericana de Propriedade Intelectual (ASIPI), Pacific Rim Advisory Council (PRAC), a IBA (International Bar Association) e a World Compliance Association (WCA); que contribuem para a coordenação de projetos multijurisdicionais, além de ser uma importante caixa de ressonância para sustentar sua liderança no mercado. Gallardo explica essa dinâmica que favorece o potencial de crescimento e desenvolvimento do escritório.

“Tivemos uma excelente experiência em termos de trabalho colaborativo com outros escritórios, tanto quando assumimos o papel de liderança na coordenação de projetos em jurisdições internacionais, como quando integramos uma equipa multijurisdicional para uma transação liderada por um escritório aliado. Arias também faz parte de várias organizações nas quais trocamos as melhores práticas, o que fazer e o que não fazer. Essa interação tem sido fundamental para o crescimento de nosso escritório, pois nos dá a possibilidade de estarmos atualizados com as tendências mundiais em questões de gestão, serviços jurídicos, talento humano, crescimento sustentado e melhores práticas globais”.

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