
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na noite desta quarta-feira (5) a elevação da taxa básica de juros de 2,75% para 3,5% ao ano. O aumento já era esperado pelo mercado financeiro. A ata da última reunião, que ocorreu em março, projetava que haveria um reajuste dentro desta margem.
Segundo Marcel Domingos Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a decisão do Copom de elevar a Selic, embora a atividade econômica ainda esteja muito fraca, deveu-se à preocupação com a aceleração da inflação que vinha ocorrendo nos últimos meses. “Não dava para segurar”, disse. “E foi feita de maneira fracionada para que não abalasse o mercado financeiro”, emendou.
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O aumento da inflação nos últimos meses, que tem relação com o aumento da taxa de juros no mercado brasileiro, foi puxado pelos preços dos produtos exportáveis, por conta da alta taxa do câmbio, e pelos preços administrados (energia elétrica e combustíveis, por exemplo). “Como o consumo das famílias ainda está fraco, não há muito sentido novas altas inflacionárias”, afirmou o economista. “A tendência, inclusive, é que a inflação caia levemente nos próximos meses.”
Roberto Dumas, economista do Insper, acredita que a tendência é uma inflação acima da meta estipulada para 2021. “A meta da inflação pulou de 4,86% para 5,10%. Só que neste ano a meta inflacionária é 3,75%. Ou seja, é difícil não furar a meta. Para mim, vamos fechar o ano com inflação a 5,40%”, avalia.
O economista prevê aumento dos juros na próximas reuniões do Copom. “O Banco Central deve puxar mais 0,75% em junho, indo para 4,25%, mais 0,50% em agosto, indo para 4,75%. Depois mais 0,5% em setembro, sendo 5,25%; e mais 0,5% em outubro, indo para 5,75%. Ou seja, a Selic deve fechar o ano em 5,75%, mas deve bater os 6,5% no ano que vem”.
Para Solimeo, da ACSP, o Banco Central também deu, de certa forma, um recado ao Congresso Nacional e ao Poder Executivo de que há necessidade e urgência para implementações de medidas de ajustes fiscais que sejam verdadeiramente efetivas. “Apenas com o restabelecimento da confiança na área fiscal é que se poderá reverter a desvalorização cambial que se constitui em um dos responsáveis pela elevação dos preços”, disse.
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