Legaltech na América Latina: como gerenciar os desafios da mudança?

O entendimento da legaltech passa pelo uso da tecnologia para tornar o atendimento ao cliente mais eficiente, e desemboca na proteção e otimização dos compromissos de serviço. / Christina Wocintech - Unsplash.
O entendimento da legaltech passa pelo uso da tecnologia para tornar o atendimento ao cliente mais eficiente, e desemboca na proteção e otimização dos compromissos de serviço. / Christina Wocintech - Unsplash.
Especialistas compartilham suas perspectivas e desafios sobre o assunto.
Fecha de publicación: 21/03/2022

A mudança, tantas vezes rejeitada ou resistida, exige ser gerenciada toda vez que empreendemos um processo de transformação digital em nossas equipes. Embora o desafio transcenda a adoção de tecnologia e aponte para a reorientação do mindset, o diálogo dentro dos escritórios ou departamentos jurídicos geralmente começa se perguntando sobre legaltech e o uso de suas ferramentas.  

Nos dias 23, 24 e 25 de março, não perca o Disrupção digital - Connectando Lawtech + Fintech + Commtech. O Legal Lawit dedicará três dias inteiros para abordar questões-chave como esta com mais de 40 expositores e 6 painéis de perguntas. Restam poucos lugares!

A mesa que abre o programa aborda um tema que vai do fundamental ao essencial, principalmente diante da pandemia. A mesa foi nomeada 'O desafio de transformar ferramentas legaltech em chaves de negócios' e será composta por Eva Bruch (AlterWork), Fernando Peláez-Pier (LexLatin), Alejandro Sánchez del Campo (Wolters Kluwer Espanha) e Fabián Urriago Guzmán (Gómez-Pinzón). Os especialistas conversaram com LexLatin para compartilhar suas perspectivas e desafios sobre o assunto.  


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Primeiros passos

 

Para Eva Bruch, PhD em Transformação Digital e especialista em inovação com ênfase no setor jurídico, tirar dúvidas sobre ferramentas legaltech pode ser o primeiro passo para descobrir áreas de valor na transição tecnológica. 

“Não podemos decidir quais ferramentas um escritório precisa sem antes conversar com seus profissionais, saber como eles trabalham e identificar suas necessidades. Este processo prévio não só garante que seremos capazes de enfrentar a – nada fácil – tarefa de selecionar a ferramenta que melhor se adapta ao escritório, mas também que teremos envolvido os principais stakeholders, que terão de utilizá-la”. 

Segundo Bruch, consultora da AlterWork, saber como funciona a equipe jurídica ajuda a cuidar de ativos valiosos do escritório ou do departamento jurídico, como o conhecimento dos serviços jurídicos prestados e as estratégias implantadas para atender os clientes. 

Fabián Urriago Guzmán, Knowledge Management Director do escritório colombiano Gómez-Pinzón, explica que “é necessário ser capaz de identificar o conhecimento mais importante ou estratégico e, paralelamente, conseguir implementar e adotar a tecnologia mais adequada que permita uma gestão eficiente desse conhecimento, garantindo o ciclo de captura, armazenamento seguro, administração e atualização e disponibilizando esse conhecimento a todos os advogados”. 

Em outras palavras, o entendimento da legaltech passa pelo conhecimento do uso da tecnologia que atualmente é utilizada para tornar o atendimento ao cliente mais eficiente e recai sobre a proteção e otimização dos componentes do serviço.


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Avanços na região

Fernando Peláez-Pier, CEO da LexLatin, comenta que o setor jurídico tem abordado várias frentes em termos de inovação e disrupção digital, em grande parte por meio do uso ativo de legaltech. Para Peláez-Pier, as mudanças em termos de transição tecnológica já são notórias.

“No início de 2020, o número de escritórios que haviam realizado processos de inovação e transformação digital era baixo. A pandemia fez com que um número maior de escritórios passasse a trabalhar na inovação de seus processos e sua automação, por exemplo, com a preparação de documentos, controle de processos ou controle administrativo de trabalhos solicitados pelo cliente. Da mesma forma, os programas de gestão da informação e gestão de projetos são programas que um maior número de escritórios está incorporando”, afirma. 

Embora não haja dados exatos para a região, o advogado, que presidiu o IBA, aponta México, Chile e Peru como os países que estariam fazendo mais "barulho" nesse assunto.

Bruch, por sua vez, coincide com a eleição do Chile e acrescenta Colômbia e Argentina como países que estão "avançando na criação de ferramentas legaltech". A especialista dá especial reconhecimento à "sua grande capacidade de adaptação às necessidades das firmas locais". 


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Segundo Alejandro Sánchez Del Campo, Innovation and Legaltech Counsel da Wolters Kluwer, o Brasil também deve entrar nessa lista. Ainda que para ele seja melhor não focar em avanços por país, mas por “escritórios de advocacia e advogados pioneiros que estão se esforçando para entender o impacto da tecnologia em seus negócios e buscando maneiras de aproveitá-la para trabalhar com mais eficiência”, detalha. 

Urriago Guzmán faz um balanço semelhante ao de Sánchez Del Campo. Na sua opinião, é melhor fazer uma leitura mais conservadora. Para o especialista, é mais preciso ler o “caminho da transformação digital” em nível exploratório. 

"Na minha opinião, hoje existe uma brecha muito grande entre os desenvolvimentos tecnológicos legaltech e sua adoção efetiva para prestação de serviços jurídicos, esse é um dos desafios que temos, diminuir a lacuna e agilizar a adoção porque a tecnologia não vai parar”.

Mudança de mindset exige: awareness e incentivo

A mudança cultural que a transformação digital e a adoção de legaltech exigem pode ser incentivada de duas maneiras. Sánchez del Campo dá os detalhes: 

“Por um lado, você pode explicar bem por que essas ferramentas estão sendo implementadas e o que você deseja obter de cada um dos advogados. Por outro lado, o uso dessas tecnologias pode ser recompensado ou incentivado e, em geral, a mudança de mentalidade para ser mais digital e disruptiva”.

A experiência adquirida na pandemia e os esforços alimentados antes dela não devem ser menosprezados. Para isso, Sánchez del Campo, que assessora o conselho do Global Legaltech Hub, apresenta como prelúdio ao Lawit Legal Summit, três lições fundamentais para colocar em prática em relação ao uso de legaltech.

  • Identificar áreas de uso prático: não implementar tecnologia sem ter clareza sobre o objetivo que queremos alcançar e qual processo vamos melhorar.
  • Tentativa e erro: é necessário aceitar falhas e erros. Não há mágica, nem atalhos, nem soluções universais válidas para todos os escritórios. Cada organização deve elaborar seu plano e ter flexibilidade suficiente para adaptá-lo quando não estiver atingindo os objetivos planejados.
  • Promover um processo gradual: É importante entender que este é um processo gradual e sustentado, e não uma revolução. Não faz sentido fingir que o escritório vai mudar em seis meses após um investimento em ferramentas e treinamento. Esta é uma corrida de distância, não uma corrida de 100 metros. 

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