O plano de vacinação anti-Covid na América Latina

A recuperação da pandemia neste 2021 está se configurando de forma diferente em cada um dos países/Unsplash
A recuperação da pandemia neste 2021 está se configurando de forma diferente em cada um dos países/Unsplash
Enquanto os casos aumentam, as primeiras doses estão chegando à região, mas nem todos os países garantiram o mesmo acesso à vacina
Fecha de publicación: 06/01/2021

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Quase um ano após o início da pandemia de Covid-19, os casos continuam a aumentar em grande parte do mundo e especialmente na América Latina. Em 1º de janeiro, para dar as boas-vindas ao novo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um número recorde de mortes no mundo em um período de 24 horas: 13.997 pessoas.

Enquanto isso, as vacinas começam a chegar em “conta-gotas”. Três foram aprovadas na região: a da Pfizer em parceria com a BioNTech, a da Moderna e a da Oxford junto com a AstraZeneca. Outras que vêm sendo utilizadas em menor escala são a vacina russa Sputnik V (principalmente na Argentina) e a chinesa da CanSino Biologics. No entanto, nem todos os países têm o mesmo acesso às vacinas. Com isso, a recuperação da pandemia neste 2021 está se configurando de forma diferente em cada um dos países.

A incerteza no Brasil

 

O Brasil é o país que lidera a lista de mortes por Covid-19 na região, com mais de 197 mil mortes. Em dezembro, o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da saúde, Eduardo Pazuello, anunciaram um plano de vacinação e deu detalhes de como a vacina será aplicada: começará com os profissionais de saúde e a população com mais de 75 anos. O problema é que não se sabe quantas as doses foram compradas nem a data de início exata.

 

Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador da saúde, não tenha aprovado o uso generalizado para nenhuma das vacinas do mercado, em 3 de janeiro autorizou a importação excepcional de dois milhões de doses da vacina AstraZeneca. Mas, por enquanto, as doses que chegarem ao país não poderão ser aplicadas na população até a aprovação pela Anvisa. Segundo a agência, a expectativa é obter 110 milhões de doses para o primeiro semestre de 2021, o que equivaleria a vacinar metade da população.

 

Nesse ínterim e em função do aumento de casos e óbitos, a Anvisa estabeleceu a obrigatoriedade de que brasileiros e estrangeiros que entrem no país tenham resultado negativo no teste PCR de Covid-19.

 

As múltiplas apostas do México

 

O México já ultrapassa 127.000 mortes por Covid-19. As medidas de distanciamento social são aplicadas em todo o país de acordo com um sistema de “semáforos de risco”, um monitoramento para a regulação do espaço público, onde a cor vermelha apenas permite o desenvolvimento de atividades essenciais; com o amarelo para as empresas com atividades não essenciais para que operem com 30% de sua capacidade e a cor verde que permite todas as atividades. A cor do semáforo depende do número de internados em cada estado.

 

Desde 19 de dezembro, a Cidade do México (com o maior número de casos positivos registrados) voltou à cor vermelha e assim permanecerá até 10 de janeiro. A partir desta semana, os estados de Baja California, Guanajuato e Morelos aderiram ao alerta máximo.

 

O Governo do México, liderado pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, anunciou sua política nacional de vacinação em dezembro. Consiste em cinco etapas nas quais se prioriza a aplicação da vacina a determinados grupos vulneráveis. No primeiro, que já foi iniciado, serão vacinados profissionais de saúde que atendem casos de Covid-19 e o segundo é para adultos com mais de 60 anos. Os dois grupos devem terminar a vacinação até o final de março.

 

No terceiro estágio serão vacinadas as pessoas entre 50 e 59 anos, seguidas dos adultos entre 40 e 49 anos. A última etapa será a vacinação de menores de 40 anos, que está prevista para começar em junho de 2021 e terminar em março de 2022.

 

As primeiras doses já foram aplicadas. Segundo o presidente López Obrador, mais de 46 mil vacinas foram aplicadas nos profissionais de saúde. Na última terça-feira (5), mais 50 mil vacinas chegaram ao país e a previsão é de que nas próximas três semanas seja obtido 1,4 milhão de doses para vacinar todo o pessoal médico. O chanceler mexicano, Marcelo Ebrad, garante que os próximos embarques serão em quantidades maiores, "além de 436 mil", afirmou.

 

No México, serão utilizadas as vacinas da Pfizer-BioNTech, AstraZeneca e CanSino, esta última da China. Além disso, outras devem ser obtidas por meio do fundo de acesso global para vacinas Covid-19 (Covax), um mecanismo da OMS que o México faz parte.

 

A falta de plano do Peru

 

O Peru ocupa o quinto lugar na lista dos países mais afetados pela pandemia, com mais de 37 mil mortes. De acordo com o último relatório do portal OpenCovid-Peru, 36 dos 58 hospitais de Lima não possuem mais leitos de terapia intensiva.

 

Em 4 de janeiro começou a quarentena obrigatória de 14 dias para todos os estrangeiros ou peruanos que desejam entrar no país. Os voos da Europa foram suspensos entre 21 de dezembro e 5 de janeiro, assim como a entrada de não residentes que estiveram no Reino Unido, onde foi encontrada uma cepa mais agressiva do vírus.

 

Desde novembro, o Ministério da Saúde do Peru aprovou um plano de vacinação voluntária e gratuita para a população. Será dada prioridade à aplicação de vacinas ao pessoal de saúde, seguindo-se as Forças Armadas e Polícia Nacional, os bombeiros, a Cruz Vermelha e, por último, os membros das assembleias legislativas. No entanto, em novembro houve mudança de governo e até o momento não há negociação com nenhum laboratório.

 

Elizabeth Astete, ministra das Relações Exteriores, garantiu que as negociações estão próximas do fim, o que permitirá a compra de mais de 50 milhões de doses e, assim, alcançar a imunização de 24 milhões de adultos durante o ano de 2021.

 

Começa a vacinação no Chile

 

Segundo o último relatório do Ministério da Saúde do Chile (Minsal), o número total de mortes ultrapassa os 16 mil casos. Além disso, foi registado um caso de contágio da variante britânica da Covid-19 num cidadão cujo voo fez escala em Madrid.

 

O Ministério das Relações Exteriores do Chile anunciou que os chilenos e residentes permanentes no Chile, vindos de locais de alto risco, poderão entrar no país submetendo-se aos costumes sanitários e à quarentena obrigatória de 14 dias.

 

Em 24 de dezembro começou a vacinação dos profissionais de saúde com doses da vacina Pfizer. De acordo com o Minsal, até 4 de janeiro 8.649 doses foram aplicadas. O plano de vacinação começou com quem trabalha em unidades de terapia intensiva, seguido pelo pessoal médico que foi deslocado para outras áreas para cuidar da pandemia. Em seguida, os idosos e doentes crônicos e, por fim, o restante da população.

 

Espera-se que 10 milhões de doses da vacina chinesa Sinovac cheguem entre janeiro e março. A Universidade Católica do Chile participou diretamente do consórcio científico-universitário para o desenvolvimento desta vacina. Com isso, foi garantido ao país o fornecimento de 20 milhões de doses por ano, acordo que vigorará por três anos.

 

Por se tratar de uma vacina de origem chinesa, que não será usada nos Estados Unidos, não será necessária a aprovação do Food and Drug Administration (FDA, sigla em inglês). Em vez disso, a autorização será dada por outra agência reguladora, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil. A aprovação está prevista para as próximas semanas e permitirá a distribuição no restante da região.

 

Argentina aposta na vacina russa

 

Em função do aumento de casos, o presidente Alberto Fernández questiona a implementação dos chamados toques sanitários, proibição de circulação nas ruas após determinado horário. Nos próximos dias, decidirá se continua ou não aplicando a medida.

 

Em 29 de dezembro, o plano estratégico de vacinação começou com um lote de 300 mil doses. A vacina russa Sputnik V foi aplicada em equipes médicas em 32 pontos do território argentinol. Segundo o último relatório do Ministério da Saúde, já foram aplicadas 32.013 doses. O plano do governo argentino é continuar com a vacinação das equipes médicas, depois aplicar nos adultos de 70 anos ou mais e continuar com a população menor de 69 anos e as forças armadas.

 

Embora a única vacina aplicada na Argentina seja a de origem russa, o governo garantiu 22 milhões de doses com a AstraZeneca e outras nove milhões com o mecanismo COVAX da OMS.

 

Colômbia dá os primeiros passos

 

Desde 31 de dezembro de 2020, os estrangeiros ou nacionais que desejam entrar na Colômbia devem ter um resultado negativo no teste de PCR. Ao chegar ao destino, eles devem fazer uma quarentena obrigatória de 14 dias. O país tem mais de 44 mil mortes por Covid e mais de um milhão e meio de casos confirmados.

 

Para a vacinação de sua população, anunciou um plano de duas fases. Na primeira, que consiste em três etapas, está prevista a vacinação de todo o pessoal médico de primeira à terceira linha de atendimento, adultos com mais de 80 anos e a população de 60 a 79 anos. Também haverá doses para professores do ensino fundamental e médio e para a população de 16 a 59 anos com doenças crônicas.

 

A segunda fase compreenderá as etapas quatro e cinco nas quais está prevista a vacinação dos cuidadores institucionais e da população de risco e, por fim, da população entre 16 e 59 anos. Para esta última etapa, a população será dividida em cinco grupos. Primeiro, entre 50 e 59 anos, seguida pelos adultos entre 40 e 49 anos, depois será vacinada a população entre 30 e 39. Por fim, os jovens entre 20 e 29 anos e os de 16 a 19 anos.

 

En cuanto al orden de llegada de las vacunas Ruiz Gómez agregó que: “El primer grupo, que es  profesionales de la salud y mayores de 80, probablemente  tendrán acceso primordial a la vacuna  de Pfizer, después vendrán las vacunas de COVAX, y posteriormente el grupo de AstraZeneca  y las de Janssen".

 

O plano de vacinação está previsto para começar em fevereiro. No entanto, o ministro da Saúde e Proteção Social, Fernando Ruiz Gómez, garantiu que o governo assegurou 29 milhões de doses: 9 milhões serão fornecidas pela empresa Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson e o restante é produto de negociações com a Pfizer, AstraZeneca e por meio do mecanismo COVAX da OMS ao qual a Colômbia está inscrita.

 

Sobre a ordem de chegada das vacinas, Ruiz Gómez acrescentou que: “O primeiro grupo, que são profissionais de saúde e com mais de 80 anos, provavelmente terá acesso prioritário à vacina Pfizer, depois virão as vacinas Covax e depois as do grupo AstraZeneca e Janssen".

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