O que mudou para os clientes em 1 ano de crise?

Pesquisa avaliou ainda os efeitos práticos das medidas excepcionais implementadas pelas participantes com apoio dos escritórios de advocacia/Pixabay
Pesquisa avaliou ainda os efeitos práticos das medidas excepcionais implementadas pelas participantes com apoio dos escritórios de advocacia/Pixabay
Levantamento mostra que negociações de contratos e mediações trabalhistas foram práticas que ajudaram a enfrentar crise. 
Fecha de publicación: 29/05/2021

Em um ano em que a pandemia mudou as relações de consumo e a indústria de serviços legais, um levantamento avaliou os mecanismos jurídicos utilizados para amenizar os impactos da crise, a avaliação dos efeitos práticos das medidas excepcionais adotadas e o que os escritórios de advocacia fizeram para se adaptar às mudanças. A pesquisa, chamada de “Pandemia Diagnóstico 2020”, ouviu 61 empresas em setembro e outubro de 2020: 51% do setor industrial, 41% do setor de serviços, 3% do comércio, 2% dos setores de indústria, serviços e comércio e 3% de serviços e comércio. O resultado revela dados sobre a adaptação dos clientes e empresas ao novo normal, criação de comitês de crise, além das áreas jurídicas mais acionadas e prioritárias.


Leia também: Os clientes exigem trabalhar com equipes diversas


No que diz respeito às ações jurídicas adotadas pelas empresas para amenizar e superar desafios causados pelos impactos da pandemia, 67% dos entrevistados apontaram o uso do recurso de renegociação de contratos, 64%, o apoio às medidas de negociação trabalhista, 56%, as medidas tributárias, e 23%, o financiamento. Ainda no mesmo item, no recorte por setores, a renegociação de contratos foi utilizada por 75% das respondentes da Indústria e 57% do setor de Serviços e Comércio.

 

Já as medidas trabalhistas foram acionadas por 81% das empresas da Indústria e 43% de Serviços e Comércio. As medidas tributárias, por sua vez, foram utilizadas por 65% na Indústria e por 47% em Serviços e Comércio. E os pedidos de financiamento foram de 31% na Indústria e de 13% em Serviços e Comércio.

 

A pesquisa, realizada pelo escritório TozziniFreire Advogados em parceria com a H2R Pesquisas Avançadas,  avaliou ainda os efeitos práticos das medidas excepcionais implementadas pelas participantes com apoio dos escritórios de advocacia. Em uma escala de zero a dez, as empresas responderam que nota dariam para a efetividade de cada medida adotada.

 

As medidas trabalhistas foram as mais bem avaliadas, com nota média de 8,1.  As notas médias das demais medidas foram: renegociações de contrato – 7,5; medidas de financiamento - 7,1; medidas tributárias – 6,6. De modo geral, os entrevistados relataram moderada satisfação com as medidas extraordinárias tomadas por conta da pandemia, sendo as medidas tributárias um destaque negativo do estudo, demonstrando que na prática não tiveram impacto relevante na saúde financeira das empresas. 

 

As empresas participantes também responderam à pergunta aberta O que os escritórios de advocacia poderiam fazer pela sua empresa neste momento? Entre as demandas mais citadas estão: continuar divulgando informativos e/ou realizando webinars sobre novidades legislativas, propor honorários mais flexíveis e manter as orientações sobre medidas alternativas trabalhistas e tributárias.

 

Segundo Fernando Serec, CEO do TozziniFreire Advogados, a pesquisa realizada deve aprofundar estratégias de renegociação, mas também abre espaço para oportunidades de novos negócios, principalmente com foco nas demandas acionadas pelos clientes.

 

“A pesquisa traz dados que confirmam um cenário já conhecido do mercado, como o aumento nas atividades das áreas de Trabalhista e Tributário, porém nos sinalizam variáveis importantes que vão nos possibilitar estratégias de negociação mais aprofundadas, especialmente para áreas como mercado de capitais, direitos humanos, gerenciamento de crises e ESG [que engloba as ações ambientais, sociais e de governança], que apresentaram expansão real no período”, diz Serec.

 

Áreas e comitês de crise

 

Quanto às áreas jurídicas mais acionadas e consideradas prioritárias para as empresas entrevistadas no período, 49% citaram a trabalhista, seguida pela tributária e de governança corporativa (ambas com 38%), inovação (31%), tecnologia (23%), compliance e ESG (21%) e gerenciamento de crises (21%).

 

Já na amostra por setores, na indústria, a área trabalhista aparece com 69%, a tributária com 50%, e governança corporativa com 31%. Em serviços e comércio, a área de governança corporativa aparece em primeiro lugar, com 47%, inovação com 40%, tecnologia com 33% e as áreas trabalhista e tributária aparecem juntas com 27% das menções cada.

 

Ao longo do primeiro ano de pandemia, as empresas precisaram se adaptar do dia para a noite a um novo cenário, realidade que exigiu rapidez e pensamento estratégico. Para enfrentar esse cenário excepcional, 74% das empresas respondentes afirmaram que utilizaram ou criaram comitês de gestão de crises, sendo que 30% acionaram um comitê já existente na estrutura da empresa e 44% criaram um comitê de gestão de crises para enfrentar a pandemia. Em contrapartida, 26% não criaram ou utilizaram comitês para enfrentar a crise sanitária.

 

Segundo Rubens Hannun, presidente da H2R Pesquisas Avançadas, outro dado importante que a pesquisa revelou foi a centralidade em que as empresas brasileiras colocaram a saúde e bem-estar de seus funcionários.


Veja também: Conselhos para as equipes jurídicas que lidam com clientes


“A pandemia trouxe a necessidade de direcionar o olhar para dentro. A maior parte das empresas entrevistadas, em meio a inúmeros desafios, elegeram a saúde de seus funcionários como prioridade. Criar um ambiente saudável e modificar tanto quanto possível as formas de trabalho, para segurança dos colaboradores, formaram o primeiro passo de enfrentamento”, avalia.

Add new comment

HTML Restringido

  • Allowed HTML tags: <a href hreflang> <em> <strong> <cite> <blockquote cite> <code> <ul type> <ol start type> <li> <dl> <dt> <dd> <h2 id> <h3 id> <h4 id> <h5 id> <h6 id>
  • Lines and paragraphs break automatically.
  • Web page addresses and email addresses turn into links automatically.