Pandemia agrava crise e construtora João Fortes pede recuperação judicial

A empresa João Fortes desenvolve e constrói imóveis residenciais, comerciais, escritórios e shopping centers / João Fortes
A empresa João Fortes desenvolve e constrói imóveis residenciais, comerciais, escritórios e shopping centers / João Fortes
Empresa espera liquidar dívidas e reestruturar uma dívida de 225 milhões de reais.
Fecha de publicación: 08/05/2020

A construtora João Fortes Engenharia apresentou pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 28 de abril.

O procedimento permitirá liquidar passivos e reestruturar uma dívida de US$ 225 milhões (R$ 1,28 bilhão em 8 de maio), pouco menos da metade (US$ 92,7 milhões - R$ 531,1 milhões) com bancos. Também há dívidas de rescisão de contratos, projetos a serem concluídos, impostos e clientes que esperam receber os imóveis adquiridos, entre outros casos.

Nesse tipo de procedimento, o escritório Sergio Bermudes Advogados representou a construtora e 62 subsidiárias. A consultoria Alvarez & Marsal também fez a assessoria.

A firma ASBZ Advogados foi contratada como consultora do Banco Bradesco, um dos credores.

Na ata da reunião do Conselho de Administração, em 27 de abril, a empresa afirmou que a crise pela qual  está passando há pelo menos oito anos foi exacerbada pela recessão econômica resultante da pandemia da Covid-19.

A suspensão do financiamento bancário, deterioração real de mais de 20% dos preços dos imóveis entre 2015 e 2019, vendas brutas abaixo do nível saudável, aumento do número de ações de execução e pedidos de falência de credores, cancelamentos e atrasos em a reaprovação de projetos, principalmente de moradias em Brasília, compõem o cenário que a empresa vem enfrentando, segundo a declaração de Antônio José de Almeida Carneiro, presidente do conselho e diretor da João Fortes Engenharia.

Marcelo Carpenter, sócio da firma Sergio Bermudes e líder da equipe que participa do processo, destacou que esta é a primeira reestruturação judicial que ocorre durante a emergência sanitária no Brasil.

"A crise econômica que devastou o país entre 2012 e 2014 afetou gravemente a empresa", disse o advogado à LexLatin.

Ele afirmou ainda que, apesar dos problemas e restrições de caixa, a empresa continuou a desenvolver seus negócios até recentemente, quando os efeitos da pandemia tornaram impossível evitar o pedido de recuperação judicial.

Ele comentou que, além de ser um ator importante no setor nacional da construção, esse assunto se torna mais complexo se for levado em consideração que se trata de uma empresa cujas ações estão listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

Mas esse, para ele, não é o maior desafio. O advogado acredita que a maior dificuldade nesse caso é que os maiores credores, principalmente os bancos, se opuseram à aprovação de novos planos e investimentos nesse cenário de pandemia.

Entre os credores da empresa estão, além do Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, CEF (Caixa), Bradesco, BFC, Pine, Credit Suisse e Pan.

Ele acredita que a João Fortes Engenharia possui excelentes ativos e oportunidades de desenvolvimento e um nome sólido no mercado. E explica que outras empresas brasileiras do setor, como PDG e Viver, passaram por processos semelhantes.

Fundada no Rio de Janeiro e com escritórios na capital carioca, Niterói e Brasília há mais de seis décadas, a João Fortes se especializou no desenvolvimento de imóveis residenciais, comerciais e escritórios, além de shopping centers. A empresa entrou no último segmento em 2007, após passar por uma reestruturação corporativa e firmar parceria com a Shopinvest.


Assessores jurídicos

Assessores da João Fortes Engenharia e 62 subsidiárias:

Sergio Bermudes Advogados: Sócios Marcelo Lamego Carpenter, Ricardo Loretti Henrici, Eric Cerante Pestre e Isabel Braga.

 

Assessores do Banco Bradesco S.A.: 

ASBZ Advogados: Sócio Bruno Chiaradia. Advogadas Milena Grossi dos Santos Meyknecht e Fernanda Cristina Rosseto Borelli. 

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