54% dos brasileiros reprovam governo Bolsonaro no combate à pandemia

Datafolha mostra que 44% reprovam a atual administração. Em janeiro, índice era de 40%. /Marcelo Camargo/Fotos Públicas
Datafolha mostra que 44% reprovam a atual administração. Em janeiro, índice era de 40%. /Marcelo Camargo/Fotos Públicas
Cientista político avalia impactos políticos do aumento da rejeição do presidente.
Fecha de publicación: 17/03/2021

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A tendência que se anunciava desde o início de janeiro ganhou força nos últimos dias. Pesquisa DataFolha realizada em 15 e 16 de março confirma a trajetória de queda da avaliação popular do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O quadro não é bom para o presidente.

De acordo com o levantamento, 44% dos brasileiros reprovam a atual administração - em janeiro, esse índice era de 40%. Por outro lado, 30% avaliam-no positivamente, oscilação de um ponto para baixo em relação à pesquisa anterior.


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Os números são mais dramáticos quando se aborda a atuação do governo no enfrentamento da pandemia. Nada menos que 54% reprovam Bolsonaro nesse quesito, contra 22% de aprovação. Em janeiro, esses índices estavam em 48% e 26%, respectivamente. Como se diz no jargão das pesquisas de opinião pública, “o jacaré escancarou a boca”.

Importante frisar aqui um dado bastante interessante sobre os números apresentados. O chamado “núcleo duro” do bolsonarismo, aquela parcela do eleitorado absolutamente fiel ao presidente, independentemente de suas ações e declarações, representa 14% do total.

Esse índice pode surpreender alguns analistas, que frequentemente apontam o bolsonarismo como algo em torno de 25% da população. No entanto, dado o agravamento das crises sanitária e econômica, os números espelham a realidade.

Uma consequência imediata da pesquisa diz respeito ao comportamento de Bolsonaro e seu governo a partir de agora. Em tese, o presidente tem duas opções - reforçar seu lado populista, com todos os riscos que isso pode trazer para as já combalidas finanças públicas, ou buscar uma reaproximação com o mercado, hoje insatisfeito com os rumos da administração. Uma espécie de “escolha de Sofia”.

Além disso, há a reação do Congresso Nacional ao levantamento. O neoaliado Centrão sem dúvida ganha poder de barganha extra em suas relações com o Planalto - e o ingresso do ex-presidente Lula no jogo sucessório pressiona ainda mais Bolsonaro nas negociações com a base. A agenda reformista ganha novos obstáculos.


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Em resumo, a situação geral não poderia ser pior. O Brasil tem hoje um governo politicamente enfraquecido e incerto quanto a seus rumos, justamente no ápice da pandemia, com recordes de casos e óbitos. Bolsonaro afoga em números.

*André César é cientista político da Hold Assessoria Legislativa.

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