O Brasil hoje é visto como um dos países com mais empreendedores do mundo, de acordo com o monitoramento de empreendedores do Brasil feito pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM). O mesmo estudo indica que ainda em 2021, o país bateu recorde de aberturas de novos negócios, atingindo a média de 682,7 mil de microempresas e 3,1 milhões de cadastros de Microempreendedor.
Os motivos que levam uma pessoa a empreender são os mais variados, passando pelo sonho de ter o próprio negócio, não ter mais patrão ou a saída do mercado formal de trabalho. Ainda há aquelas profissões, como médicos, advogados ou arquitetos que abrem consultórios ou escritórios sem conhecimentos importantes de gestão e finanças.
As faculdades ainda não entenderam a urgência da mudança da grade curricular dos cursos. Essa é uma briga que travo junto ao Direito, mas que é uma realidade geral. É preciso implantar disciplinas que foquem em planejamento financeiro para o mercado de trabalho. Isso é essencial para apoiar os primeiros passos dos novos profissionais do país.
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Na área de Direito, o Brasil possui mais de 1 milhão e 300 mil advogados com cadastros regulares, de acordo com os registros da OAB Nacional (Ordem dos Advogados do Brasil). Embora o setor caminhe para se recuperar dos transtornos ocasionados pela pandemia da Covid-19 e tenha se adaptado bem aos canais de comunicação para exercer o ofício, profissionais que estavam nesse processo de adaptação dos negócios para o digital, ou tentavam fortalecer seus fundos, depararam-se com um cenário que impactou a estabilidade financeira de todos os tipos de empreendimentos.
Embora a pandemia tenha agravado o problema, é fato que a mutabilidade das finanças é um problema frequente na carreira dos advogados e profissionais liberais do país. Há diversos fatores que explicam o obstáculo em comum na profissão, mas o principal é justificado pelo fato da advocacia ter um processo de formação que não dispõe de ensino voltado para a gestão monetária e noções mais modernizadas de gerenciamento de carreira.
As faculdades ainda não entenderam a urgência da mudança da grade curricular no curso de Direito e outras carreiras. É preciso implantar disciplinas que foquem em planejamento financeiro para o mercado de trabalho. Isso é essencial para apoiar os primeiros passos dos novos profissionais do país.
A educação financeira é um tópico que ganha cada vez mais força dentro da comunidade jurídica, sendo tema até de encontros nacionais mais recentes promovidos pela OAB. É uma pauta que deve e precisa ser discutida em todas as esferas jurídicas, pois temos talentos em potencial que estão desempregados ou exercendo funções que fogem de sua formação.
O advogado, sendo um trabalhador autônomo, por não ter formação específica no curso de Direito sobre gestão administrativa e financeira, precisa se especializar nessas áreas para melhor gerir suas atividades. Isso vale para outras profissões com o mesmo perfil. Os profissionais que não possuem renda mensal fixa necessitam ainda mais de organização e planejamento, seja para destinar recursos financeiros às reservas de segurança ou para elaboração de um plano de investimento dos recursos extraordinários que receberem.
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Pensar o novo mercado consiste em entender a gestão, o marketing e as vendas como os três pilares da segunda revolução da advocacia. O êxito de todo profissional tem uma base, mas vivemos em um cenário no qual não podemos ignorar a importância da educação financeira em todos os ramos possíveis.
*Euro Júnior é CEO da Firma de Advogados e autor do livro “Manual do Advogado Empreendedor”.
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