Corporate venture capital: um caminho para inovação nas grandes empresas

Entre janeiro e novembro de 2021 o volume de investimentos através de corporate venture capital foi de US$ 662,1 milhões, o triplo de 2020/Pixabay
Entre janeiro e novembro de 2021 o volume de investimentos através de corporate venture capital foi de US$ 662,1 milhões, o triplo de 2020/Pixabay
Entenda como é feita a estratégia utilizada por grandes empresas para realização de investimentos em startups.
Fecha de publicación: 12/04/2022

Cada vez mais vêm sendo anunciadas as implementações de estruturas de corporate venture capital (CVC) em grandes companhias, como é o caso das Americanas, Itaú Unibanco e Sicredi que divulgaram a criação de corporate venture capital no início de abril de 2022.

De acordo com o Corporate Venture Capital Report, elaborado pelo Distrito Dataminer e pela Valetec Capital, entre o período de janeiro e novembro de 2021 o volume de investimentos através de corporate venture capital foi de aproximadamente US$ 662,1 milhões, que significa mais que o triplo dos investimentos através de corporate venture capital realizados no ano de 2020, demonstrando um exponencial aumento nesses investimentos.


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Mas afinal, o que significa corporate venture capital e como isso pode gerar impacto para as empresas? O CVC é uma estratégia utilizada por grandes empresas para realização de investimentos em startups, tendo como principais objetivos retorno econômico e/ou estratégico, o aperfeiçoamento da cultura corporativa, a implementação de novas soluções e tecnologias e a criação de uma maior vantagem competitiva no setor de atuação ou exploração de um novo mercado.

As principais vantanges trazidas pelo CVC são: maior agilidade no processo de desenvolvimento de novos negócios; formação de ecossistema de soluções complementares; acesso a tecnologias disruptivas e a inovação de forma mais célere e eficiente e possibilidade de exploração de novos territórios, atividades e produtos.

Antes da implementação do corporate venture capital a empresa deve definir a sua tese de investimento, tendo bem delimitada qual a principal expectativa e objetivo do CVC, visto que referido objetivo irá nortear o valor do ticket médio dos investimentos a serem realizados e as empresas-alvo a serem investidas, que podem ter como premissas grau de maturidade, setor de atuação, territorialidade, entre outras.

Além da definição da tese de investimento, na estruturação do CVC é necessário que a empresa defina as regras de governança e como se dará o relacionamento com as empresas investidas, bem como, tenha um cronograma e plano estratégico a ser observado com as investidas.

Usualmente o CVC tem como principal objetivo o retorno estratégico, ou seja, são realizados investimentos em empresas que podem integrar nas atividades da corporação e gerar oportunidades complementares, de modo que, o resultado financeiro será uma consequência, visto que ele será obtido como resultado da própria atividade desenvolvida pela empresa.

Todavia, é possível que o CVC tenha como principal objetivo o retorno financeiro, de modo que, o investimento não terá como principal foco a integração e conexão nas atividades e sim no crescimento e valorização da empresa investida, resultando em retornos financeiros para o CVC em uma rodada de investimento posterior ou em uma futura aquisição da investida.

No tocante as estruturas utilizadas em CVC, atualmente há quatro tipos de veículos mais utilizados para a realização destes investimentos: FIP - fundo de investimento em participações; offshores, ou seja, empresas situadas em outras jurisdições com aspectos fiscais mais benéficos; SCP – Sociedade em Conta de Participação e holding de participação, isto é, sociedade subsidiária da empresa, tendo como único objeto social a participação societária em outras sociedades.


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Dentre as estruturas citadas, apesar de ser a estrutura mais custosa, o FIP é o veículo mais utilizado para investimentos CVC pelo fato de ser a estrutura que garante uma maior segurança jurídica e proteção no que se refere a liabilities para a empresa, além disso, o FIP também é regulado pela pela Comissão de Valores Mobiliários. Todavia, a escolha do veículo a ser utilizado irá depender da tese de investimento e da governança corporativa adotada pela empresa.

Em síntese, o corporate venture capital é uma estrutura que pode ser adotada por grandes empresas para a realização de investimentos de risco em empresas inovadoras e disruptivas e que a expectativa é que cada vez mais empresas passem a utilizar o corporate venture capital como forma de inovação aberta.

*Beatriz Nunes Cloud é advogada da área de Societário/M&A e Venture e Capital do BVA Advogados.

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