Talvez seja importante rever as expectativas inflacionárias

BACEN explicou que furou a meta de 3.75% da inflação em 2021 por causa do aumento do preço de commodities no mercado internacional/Canva
BACEN explicou que furou a meta de 3.75% da inflação em 2021 por causa do aumento do preço de commodities no mercado internacional/Canva
Será que ela vai ficar ao redor de 5%, como vários economistas antecipam?
Fecha de publicación: 18/01/2022

Ano novo, promessas a serem cumpridas, ou esquecidas ao longo do período, mas muitas vezes as narrativas falaciosas permanecem: O “Fique em casa está aí: Mais inflação”. Talvez fosse meritório um conjunto de equações econométricas para derrubar essa narrativa. Vamos aos fatos.

De acordo com a carta que o Bacn escreveu explicitando os motivos que o levou a furar a meta de 3.75% da inflação em 2021, que atingiu 10.06% (IPCA), ou seja, um desvio de 6.31% , mais de 4.30% desse desvio foi resultado de aumento do preço de commodities no mercado internacional e depreciação da nossa moeda.

Depreciação essa que percorreu o caminho inverso esperado, pois como exportador de commodities, uma valorização de nossos bens exportados no mercado internacional, deveria suscitar uma apreciação da nossa moeda e não uma depreciação, como o que ocorreu. Estranho. Denominação para isso, praticamente só existem duas. Desequilíbrio e descalabros fiscais. Mudança na política de reajuste do teto da dívida pública, calote nos precatórios e por aí vai.

Fora isso, ainda se atribui 0.67% dos 6.31% a bandeira vermelha e roxinha de energia elétrica. Ainda bem que ficamos em casa, caso contrário, a bandeira das tarifas elétricas seria roxo “bofetão”, dado o nível dos reservatórios no ano passado e a necessidade de despacho das termelétricas emergenciais.


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Mas isso já é passado. Agora convém nos debruçarmos sobre o que esperar da inflação para 2022. Vejo vários economistas antecipando uma inflação ao redor de 5%, para uma meta de 3.5%, confesso que fico um pouco ressabiado e propenso a antecipar uma inflação maior pelos seguintes motivos:

  1. Provavelmente o atual governo e agora tendo a Casa Civil como líder na decisão final da proposta orçamentária, resolva oferecer maiores benesses perenes aos servidores públicos, como forma de angariar maior suporte político. Expectativa de maiores gastos lá na frente, sem o merecido cuidado técnico, sempre acabam sofrendo com maiores depreciações cambiais e impactos inflacionários;
  2. Várias consultorias internacionais ainda esperam uma normalização da cadeia logística apenas para o início de 2023. Portanto, preços de chips, insumos e fretes marítimos ainda deverão continuar pressionados;
  3. Geopolítica. Imbróglio entre Rússia e Ucrânia vs EUA e OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Com o receio de que a Ucrânia se junte ao grupo de países formados pela OTAN, principalmente pós fim do Pacto de Varsóvia, Vladmir Putin deslocou mais de 100,000 soldados para a fronteira da Ucrânia, incendiando ainda mais as relações diplomáticas de um dos principais países exportadores de gás natural para a Europa. Um movimento errado por alguma das partes pode culminar em maiores sanções e nova escalada dos preços do petróleo, afetando o preço dos nossos combustíveis domesticamente.

Enfim, como todo economista com um certo viés realista, porém otimista, novamente espero estar redondamente enganado. A conferir.

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