Legal Design é o fim do "juridiquês"?

O chamado “juridiquês” tem sido abandonado por empresas, escritórios e tribunais para facilitar a comunicação com a sociedade/Pixabay
O chamado “juridiquês” tem sido abandonado por empresas, escritórios e tribunais para facilitar a comunicação com a sociedade/Pixabay
Diante de tantos termos técnicos, como acelerar a aproximação entre a justiça e os cidadãos?
Fecha de publicación: 26/05/2022

Historicamente, a comunicação sempre cumpriu uma função determinante dentro do universo jurídico. Não por acaso, afinal, é por meio dela que as atividades jurídicas caminham para resoluções dos mais diversos quadros, que afetam, inclusive, os cidadãos brasileiros de um modo geral. Por muito tempo, devido a um viés técnico natural ao segmento, esse excesso de terminologias complicadas, muitas delas originadas do latim e de pouca aderência em relação às pessoas fora do campo do Direito, serviu de entrave e distanciou o acesso a partes interessadas no tema.

O chamado “juridiquês”, apesar de costumeiro entre os profissionais da área, tem sido abandonado por empresas, escritórios e tribunais para facilitar a comunicação com a sociedade. Mostra-se cada vez mais necessária a introdução de medidas que aproximem o usuário da justiça do que está sendo tratado por advogados e magistrados, com mais acessibilidade e por meio da comunicação coloquial e simplificada. No caso do trabalhador, por exemplo, é fundamental que ele entenda de maneira direta o status atual da sua demanda e o que, de fato, significa um mero “despacho de expediente” ou “autos conclusos para despacho”.

Diante de tantos termos técnicos, a justiça precisa se aproximar dos cidadãos. Mas como acelerar esse processo? É justamente nesse ponto que o conceito de Legal Design surge com força para quem busca reformular a forma de comunicação dentro do universo jurídico e aproximar as pessoas por meio de soluções inovadoras, de linguagem e técnicas de comunicação. Com a solução correta e uma transição consciente a um ambiente digitalizado, será possível obter ganhos significativos e que reflitam em interações que correspondam às expectativas que vão além da comunidade jurídica, alcançando todos os interlocutores envolvidos em assuntos jurídicos.


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Serviços humanizados, intuitivos e satisfatórios

Textos longos e prolixos, linguagem complexa e palavras difíceis, são características comuns para organizações jurídicas, mas que servem de obstáculos para a comunicação em sua totalidade. No intuito de proporcionar mais tranquilidade, compreensão e eficiência a petições, contratos, decisões, além de outros instrumentos recorrentes no setor, é preciso encontrar meios que transformem essa tendência em uma realidade comum ao redor do Brasil.

Seguindo essa linha de raciocínio, a tecnologia é um caminho indispensável. Para a elaboração de documentos amigáveis e uma comunicação direta e facilitada, a aplicação de metodologias voltadas para o Legal Design deixa os procedimentos humanizados e conecta mais facilmente os stakeholders que não possuem conhecimento sobre a linguagem técnica, o famoso juridiquês, de acordo com o próprio pressuposto que a iniciativa defende -- trata-se de uma ação que prioriza o olhar do cidadão que não possui tanto conhecimento jurídico.

Sem dúvidas, o exercício também é de empatia. Assim como operacional, o Legal Design afeta a mentalidade das equipes envolvidas no cotidiano dos escritórios, instituições legislativas e departamentos jurídicos das empresas. Reconhecer a necessidade de aprimoramentos é o primeiro passo para absorver práticas inovadoras, contando, claro, com o suporte de soluções reconhecidas pelo mercado.

Vale destacar que a figura do advogado permanece crucial, visto que uma das principais propostas por trás dessa movimentação é unir conhecimento técnico à disrupção da tecnologia, em prol de uma forma totalmente inovadora de se conduzir interações dentro do Direito.


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O que se ganha com o Legal Design?

Os benefícios provocados pela implementação da prática do Legal Design vão ao encontro do crescimento de uma “nova” área jurídica. No que diz respeito à efetividade das operações, aquele velho cenário de documentos repassados a todo instante, de forma caótica, dificultando ainda mais a obtenção de resultados tangíveis, deverá ficar no passado. Portanto, o impacto é igualmente positivo para a produtividade do operador do Direito, assim os advogados e advogadas terão mais tempo hábil para focar seus esforços no core business do escritório em busca de uma atuação mais estratégica e focada em resultados.

Para concluir, retorno à contribuição que norteia o artigo: o Legal Design, se executado de maneira estratégica e abrangente, apresenta plenas condições de potencializar a comunicação do segmento, dessa vez, com usuários engajados e conscientes quanto ao que está sendo tratado pelos profissionais do Direito. Certamente, todos saem ganhando com essa medida que coloca a tecnologia à disposição de um dos setores mais importantes do país.

*Vinicius Marques é fundador e CEO da EasyJur.

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