As mudanças em cargos chave da administração Bolsonaro

A demissão de Ernesto Araújo foi anunciada depois de pressões de governadores, parlamentares governistas e da oposição da Câmara e do Senado/Fotos Públicas
A demissão de Ernesto Araújo foi anunciada depois de pressões de governadores, parlamentares governistas e da oposição da Câmara e do Senado/Fotos Públicas
Alterações podem intensificar crise com as Forças Armadas, uma das bases do atual governo.
Fecha de publicación: 30/03/2021

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As mudanças em seis ministérios do governo do presidente Jair Bolsonaro foram publicadas nesta quarta-feira (30) no Diário Oficial da União. Elas aconteceram na Casa Civil, na Secretaria de Governo, ambas ligadas à Presidência da República, no Ministério das Relações Exteriores, no Ministério da Defesa e na Advocacia-Geral da União.

No Ministério das Relações Exteriores assume o diplomata Carlos Alberto França, atualmente assessor especial de Bolsonaro, mas que até poucos meses ocupava o cargo de chefe do cerimonial da Presidência da República. França foi promovido a ministro de primeira classe (embaixador) em 2019, o último posto da carreira diplomática. Atuou como ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil na Bolívia e serviu em representações diplomáticas em Washington, nos Estados Unidos e em Assunção, no Paraguai.


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A demissão de Ernesto Araújo foi anunciada depois de pressões de governadores, parlamentares governistas e da oposição da Câmara e do Senado, especialmente por causa das relações do Brasil com a China e da condução diplomática para o enfrentamento à pandemia de Covid-19.

Na noite de segunda-feira (29), o ex-ministro compartilhou sua carta de demissão. "Surgiu nestes últimos dias uma situação que me torna impossível seguir trabalhando por nossos ideais na posição que neste momento ocupo. Ergueu-se contra mim uma narrativa falsa e hipócrita, a serviço de interesses escusos nacionais e estrangeiros, segundo a qual minha atuação prejudicaria a obtenção de vacinas. Exibi todos os fatos que desmentem tais alegações", escreveu.

Nesta terça-feira (30) a imprensa estrangeira repercutiu a saída de Araújo, destacando as pressões sofridas pelo governo Bolsonaro para a saída do ex-ministro. Muitos fizeram críticas, como o britânico "The Guardian", que classificou o período como o "capítulo mais calamitoso" da diplomacia brasileira nos últimos tempos.

Na Casa Civil assume o comando o general Luiz Eduardo Ramos, no lugar do também general Walter Braga Netto. Ramos era da Secretaria de Governo e agora será substituído pela deputada federal Flávia Arruda (PL-DF), que faz parte dos apoiadores do governo no Congresso. Braga Netto será transferido para o comando do Ministério da Defesa no lugar do general Fernando Azevedo e Silva, que anunciou sua demissão do cargo.

A mudança pode intensificar a crise com as Forças Armadas, uma das bases de Bolsonaro. Em nota, o Ministério da Defesa informou que os comandantes das três forças serão substituídos. “A decisão foi comunicada em reunião realizada nesta terça-feira, com presença do Ministro da Defesa nomeado, Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos Comandantes das Forças”.


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Na Advocacia Geral da União, José Levi também foi demitido do cargo. Reassume André Mendonça, deixando o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Mendonça já havia ocupado esse mesmo cargo, quando saiu em abril de 2020 para substituir o ministro Sergio Moro no comando do MJSP. Agora a pasta da Justiça será comandada pelo delegado da Polícia Federal, Anderson Gustavo Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.

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