O assassinato no supermercado e o racismo sublimado nas redes sociais

O vídeo que viralizou na internet com as agressões sofridas por João Alberto Silveira Freitas pelos seguranças do Carrefour
O vídeo que viralizou na internet com as agressões sofridas por João Alberto Silveira Freitas pelos seguranças do Carrefour
A morte de um ser humano não tem nada de política, apenas reflete a doença da nossa sociedade.
Fecha de publicación: 23/11/2020

Para receber nossa newsletter diária inscreva-se aqui!

O assassinato do senhor “negro” (João Alberto Silveira Freitas) chocou o Brasil. Assim como todos os assassinatos chocam. Mas nesse momento vemos pessoas que rapidamente “sacam” de seu inventários macabros, coletados das páginas de óbitos dos jornais, assassinatos de “brancos”, “cafuzos”, “homossexuais”, “trans”, “imigrantes”, etc, para chamar a atenção nas mídias sociais, dizendo que a “Globolixo”, “BandLixo”, “RecordLixo”, “CNNlixo”, não deram a devida cobertura à outras mortes.

Muito cuidado com suas generalizações. Ao escrever que muitos são HIPÓCRITAS, sem distinção, inadvertidamente, os dedinhos nervosos e revoltados escondidos atrás de uma cortina de fumaça correta politicamente ou enviesados a favor desta ou daquela etnia, que não ganhou a merecida cobertura pela imprensa, saem em busca de justiça midiática. Gritando atrás de ambulâncias, buscam mais likes para os seus posts do que contribuir para um debate sério.

Alguns ainda utilizam o argumento “democracia socialista” para explicar a falta de cobertura. Confundem liberdade política com modo de produção, mas as “duas palavras” juntas “democracia socialista” sempre acaba levantando arquibancadas menos robustas intelectualmente. Tudo se politiza hoje em dia, mesmo que o dogma politico e econômico, apesar de influenciarem, acabam-no usando sem conhecimento e levianamente.

Ao final o que importa é lacrar e ganhar likes, mas passam ao  largo em relação à ferida que deve ser escrutinada. O senhor NEGRO morto merece TODO o nosso respeito, bem como todos os policiais e pais de família, NEGROS, BRANCOS e afins, pois todos tem direito à vida. Mas os teclados das mídias sociais escondem os melhores catedráticos em todas as ciências. E o pior é que muitos se auto-graduam sem possibilidade de revisão de banca.

As mídias sociais estão cheias de ultrajados seletivos. Essa postagem ad nauseam macabra mostrando a morte de policiais negros, brancos e pais de família não adianta nada e só divide a população. Ninguém que tem pelo menos 99.99% de retidão moral acha certo uma pessoa assassinada.

Coloque-se no seu lugar e reveja seu post, que tem mais de hipocrisia do que humildade. Aquela hipocrisia que pretensamente o “postador” tenta mostrar, em nada contribui para uma melhor sociedade. A morte de um ser humano não tem nada de política, apenas reflete a doença da nossa sociedade, o nosso racismo sublimado e na boa, uma enorme falta de Deus no coração.

Ao juízes e arcanjos de Deus de plantão, note que não defendo a não retidão moral e o crime impune, mas isso não depende de vocês postarem mortes de outras etnias achando que com isso contribuirão para um mundo melhor, mesmo em termos terrenos e espiritualmente.

*Roberto Dumas é economista e professor do Insper e do Ibmec. 

Add new comment

HTML Restringido

  • Allowed HTML tags: <a href hreflang> <em> <strong> <cite> <blockquote cite> <code> <ul type> <ol start type> <li> <dl> <dt> <dd> <h2 id> <h3 id> <h4 id> <h5 id> <h6 id>
  • Lines and paragraphs break automatically.
  • Web page addresses and email addresses turn into links automatically.