O blockchain em contratos, licitações públicas e auditorias

Blockchain representa uma ótima possibilidade para empresas de auditoria, como consultorias e certificadoras/Pixabay
Blockchain representa uma ótima possibilidade para empresas de auditoria, como consultorias e certificadoras/Pixabay
Tecnologia evita o desperdício de tempo, energia, materiais e força de trabalho.
Fecha de publicación: 28/07/2020
Etiquetas: blockchain

O blockchain é uma tecnologia relativamente recente. Surgiu em 2008, logo após o colapso econômico e imobiliário nos Estados Unidos, como um reflexo da quebra de confiança da população nos bancos. As instituições financeiras foram automaticamente vistas como vilãs, por isso a necessidade de encontrar maneiras de fazer transações de valor sem necessidade de um intermediário. Foi quando nasceu o conceito de peer-to-peer, ou seja, transferências de ponta a ponta e autenticada por uma rede de computadores que não têm acesso ao conteúdo da transferência.

Na prática, podemos pensar em um modelo parecido com o da internet: uma rede de blocos encadeados – daí o termo blockchain – que compartilham conteúdo de valor sempre com uma espécie de impressão digital, que permite a rastreabilidade e inviolabilidade de tudo que é enviado.

A principal diferença é que na internet compartilhamos fotos, documentos, entre outros materiais que não tem valor. Com essa tecnologia, podemos garantir a troca de conteúdo de valor, como dinheiro, contratos, patentes ou objetos judiciais de maneira eficaz e segura.

Nos últimos anos, em que o Brasil foi tomado por escândalos de corrupção, surgiu a ideia de utilizar o blockchain para rastrear documentos e impedir sua falsificação ou adulteração. Isso seria bastante útil em contratos e licitações públicas, por exemplo. Em termos de tecnologia, isso não requer grandes investimentos, porque tudo é feito na nuvem – mais ou menos, como a internet, que dependeria apenas de um computador ou celular para fazer esse acesso.

O grande problema ainda é conscientização das pessoas e mudança de mindset, além de arcar com as possíveis consequências desse avanço tecnológico. No setor público, isso poderia ser o fim cartórios, por exemplo. Para comprar uma casa, bastaria um contrato entre vendedor e comprador, garantindo a autenticidade das informações e a inviolabilidade do contrato por meio do blockchain. Adeus às idas ao cartório e busca por fiadores... Portanto, ainda se trata de uma questão de permitir-se inovar.

Os ganhos são enormes. Além de tornar os processos muito menos burocráticos, tanto no setor público quanto no privado, o blockchain evita o desperdício de tempo, energia, materiais e força de trabalho. Imagine que em uma multinacional exista um departamento só para emissão e recebimento de nota fiscal. Se eu tenho todos esses comprovantes disponíveis no sistema, essa área se torna totalmente desnecessária, permitindo otimizar os processos da empresa e ganhar eficiência.

Essa tecnologia também pode representar uma ótima possibilidade para empresas de auditoria, como consultorias e certificadoras. Depois que um documento é enviado para a rede, é possível saber quem teve acesso a ele ou se essa pessoa compartilhou o documento com outra.

Em um processo de auditoria, isso é interessante porque torna toda a implementação de uma norma mais idônea e fortalece todo o sistema de gestão. Se ele apresenta uma falha, eu consigo rastrear os processos e identificar exatamente onde ela está. Porém, se os documentos são alterados sem eu saber, isso acaba fazendo com que essa cadeia não seja eficiente e eu nunca consiga chegar à raiz dos problemas. Lembre-se: o jeitinho brasileiro não engana o auditor, mas a própria empresa.

Investir na criação de uma cultura de inovação, que permita incorporar novas tecnologias às empresas e incentivar as equipes a desenvolver um novo mindset, vai permitir uma maior organização de processos, a um custo menor e mais eficiente. Este é o primeiro passo para um futuro menos burocrático e inteligente. Só é preciso estar preparado para abraçá-lo!

*Alexandre Pierro é sócio-fundador da Palas.

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