O caminho para as mulheres chegarem ao “topo”

No ambiente profissional a construção de relações de confiança e também de mentoria ajudam na caminhada/Pixabay
No ambiente profissional a construção de relações de confiança e também de mentoria ajudam na caminhada/Pixabay
Advogadas têm dentro de si a força para enfrentar essa jornada.
Fecha de publicación: 07/03/2021

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Neste Dia Internacional das Mulheres, o portal Lex Latin nos provocou a escrever sobre os desafios das mulheres e os caminhos que as possibilitam chegar no “topo” dos escritórios, isto é, chegar no ápice da estrutura piramidal que comporta poucas pessoas.

A primeira coisa que vem à mente é que “chegar no topo dos escritórios” é um desafio para todos, tanto para homens como para mulheres. Mas se é assim, por que o caminho parece ser mais difícil para mulheres do que homens? E o que precisam fazer para alcançar o que perseguem?

A chave dessa questão, a nosso ver, é um binômio. De um lado está como a pessoa que almeja o “topo” do escritório enxerga e lida com esse grande desafio de carreira, de outro a atenção de quem define as pessoas que ocuparão as posições nesse “topo”.


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Sintetizar essa resposta num curto artigo não é tarefa fácil porque diversos fatores são tangenciados por essa questão, mas aqui elegemos como fundamentais: planejamento, preparação, autopercepção, autoconfiança e coragem. São as ferramentas necessárias para a mulher buscar seu espaço.

O que queremos dizer com isso? A importância da mulher assumir o protagonismo da sua carreira, preparando-se para tanto.

Quando falamos em preparação, não é apenas uma preparação técnica, mas além. Tão ou mais importante que a preparação técnica quando se busca ultrapassar o telhado de vidro – jargão conhecido justamente como a última etapa para se chegar ao “topo” – é a preparação e o equilíbrio emocional e psicológico. Algo que é construído com apoios, tanto pessoais como profissionais.

Não negamos que ainda nos dias de hoje a sociedade atribui às mulheres o protagonismo nos cuidados com casa e filhos, impondo-lhe o peso de jornadas extraprofissionais extenuantes. Contudo, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, esse modelo se tornou insustentável e reivindica um recontrato.

É comum a mulher aceitar solitária esse peso e carregá-lo como um fardo, sentindo-se ancorada. Na verdade, ela deveria buscar aliados (parceiro, familiares, amigos e colaboradores) para que possa compartilhar as tarefas cotidianas e cuidados da sua vida pessoal.

Isso não apenas a liberará para batalhar pelo seu espaço profissional, mas para cuidar de si (mental, física e psicologicamente), criando um ambiente mais harmonioso e equilibrado também na sua vida pessoal. Portanto, esse “recontrato social” faz parte de uma preparação importante para a decisão de vida dessa mulher que quer chegar ao “topo” e que tem nesses estigmas uma grande amarra.

No ambiente profissional, a construção de relações de confiança e também de mentoria ajudam na caminhada competitiva e devem ser fonte de feedback para o constante aprimoramento, como de apoio no desenvolvimento da autopercepção. A partir do momento em que a mulher sabe onde quer chegar, aprende estratégias para lidar com desafios recorrentes e consegue enxergar com clareza suas fortalezas, suas fragilidades a serem trabalhadas e seus progressos, surge a autoconfiança.

A autoconfiança leva à coragem. Ela tem o grande potencial de fazer com que aquela mulher quebre algumas barreiras comuns, como o medo de se expor, a dificuldade para networking, o autoquestionamento paralisante, a culpa... tudo que a afasta do seu melhor eu e de uma visão otimista de que é capaz de superar o desafio.

A autoconfiança faz com que a mulher tope encarar aquele desafio macro e lide com ele, com todas as dificuldades (e os micro desafios diários) que lhe são inerentes, encontrando as ferramentas e válvulas de escape necessárias para percorrer o caminho da carreira em escritórios de advocacia.

Via de regra, a mulher precisa estar muito mais preparada para se sentir apta a um desafio em comparação a um homem. Portanto, o segredo é: prepare-se! Cuide do seu equilíbrio em todos os âmbitos e busque a autoconfiança necessária para superar esse desafio, se é o que você quer, e conquiste seu protagonismo.

Como tudo tem dois lados, porém, não adianta apenas a mulher enfrentar todos esses desafios e superá-los, a porta também deve estar aberta para recebê-la. Por isso, do outro lado, está o papel dos escritórios, em especial dos seus gestores.


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Estudos mostram ser natural que os seres humanos se agrupem a pessoas com quem mais se assemelham. Portanto, se ainda hoje prevalece no “topo” dos escritórios determinado estereótipo, esse é um modelo que tende a se repetir se os gestores não saírem do automático e perceberem que podem estar perdendo talentos.

Grupos de apoio e mentoria às mulheres, que visem valorizar pessoas e enriquecer comportamentos – como a Comissão da Mulher que temos no Pinheiro Neto Advogados –, favorecem a pluralidade de opiniões mais ricas e profundas e, consequentemente, a entrega de serviços jurídicos ainda mais diferenciados.

Felizmente, hoje em dia as discussões de gênero avançaram a tal ponto que a consciência da importância da diversidade já é pauta nos escritórios e nas empresas. Que continue sendo relembrado a toda oportunidade, sobretudo na discussão de possíveis candidaturas ao “topo”. Isso cria a atenção que é necessária para que o protagonismo dessas mulheres seja notado, reconhecido, valorizado e, enfim, recompensado.

O caminho é de fato desafiador, mas as mulheres têm dentro de si a força para percorrê-lo e alcançar o “topo” dos escritórios. Isso tem ficado mais evidente a cada uma que chega lá.

*Andréa Mascitto é sócia do Pinheiro Neto Advogados.


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