Para onde vão as forças armadas?

​​​​​​​A decisão dos comandantes das três Forças - Exército, Marinha e Aeronáutica (foto)- de entregar seus cargos colocou o novo ministro em situação delicada/Fotos Públicas
​​​​​​​A decisão dos comandantes das três Forças - Exército, Marinha e Aeronáutica (foto)- de entregar seus cargos colocou o novo ministro em situação delicada/Fotos Públicas
As Forças Armadas hoje não desejam um golpe militar e encarnar as aspirações nacionais, acima de interesses de todo tipo.
Fecha de publicación: 31/03/2021

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O debate ganhou força a partir das eleições de 2018 e os recentes movimentos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reforçaram a questão. Estariam as Forças Armadas dispostas a efetivar um golpe de Estado? O tema mobiliza a sociedade e, assim, se faz necessário abordar o assunto.

Na dança das cadeiras ministerial promovida pelo titular do Planalto chamou a atenção a mudança no comando da Defesa. A inesperada demissão de Fernando Azevedo jogou luzes sobre as intenções do presidente da República - tornar os militares uma linha auxiliar (e fiel) aos atos do governo. O hoje ex-ministro não aceitou o jogo.


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A entrada do general Braga Netto, nesse contexto, não surpreende. Tradicional cumpridor de ordens, ele é um aliado seguro para Bolsonaro no novo posto. Discreto na Casa Civil, seu antigo cargo, o militar manterá o estilo na Defesa. Por sinal, poucos se lembram de sua atuação à frente da intervenção federal no Rio de Janeiro, em 2018, ainda no governo Temer.

No entanto, Braga Netto iniciou seus trabalhos com o pé esquerdo. A ordem do dia celebrando o 31 de março, dia do golpe militar de 1964, gerou repúdio geral. Pior, a decisão dos comandantes das três Forças - Exército, Marinha e Aeronáutica - de entregar seus cargos colocou o novo ministro em situação delicada, que já se tornou objeto de críticas de boa parte de seus pares.

A decisão dos três comandantes segue em linha com o afastamento do ministro Azevedo. Em especial, o chefe do Exército, general Pujol, era crítico do presidente Bolsonaro e as relações entre os dois nunca foram cordiais. Importante ressaltar aqui que o posicionamento deles nada tem de “heróico” ou “patriótico”, como anuncia parte da imprensa. Trata-se de pragmatismo puro.

Os próximos ocupantes dos comandos militares, por mais afinados que sejam com o Planalto, terão limitações para adotar medidas extremas. As elites das três Forças não têm projetos para comandar o país, como tinham em 1964. Mais ainda, a comunidade internacional estabeleceria sanções ao Brasil em caso de alteração da ordem vigente. Afinal, o país é um player global, longe, por exemplo, de Myanmar, que atualmente enfrenta um golpe militar.

Em suma, as Forças Armadas, hoje, não desejam encarnar as aspirações nacionais, acima de interesses de todo tipo. Não há mais espaço para esse tipo de aventura, e a caserna sabe disso.


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PS: A data de 31 de março jamais deve ser celebrada. A Democracia, um valor universal, deve ser preservada a todo e qualquer custo.

*André Pereira César é cientista político da Hold Assessoria Parlamentar.

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