Bancos recebem 2,2 milhões de pedidos de renegociação de dívidas

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Levantamento foi feito no início da crise, entre as maiores instituições financeiras. Especialistas acreditam que o número deve quadruplicar nos próximos meses.
Fecha de publicación: 07/04/2020
Etiquetas: COVID-19

Saíram os primeiros números que revelam o tamanho dos pedidos de socorro para renegociação de dívidas aos cinco maiores bancos do país. Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander receberam dois milhões de pedidos, num total de R$ 200 bilhões.

Estas instituições financeiras estão dando carência de dois a três meses no vencimento de parcelas em várias linhas, como crédito pessoal, imobiliário, com garantia de imóveis, para aquisição de veículos e capital de giro.

Mas, segundo os especialistas ouvidos por LexLatin, isso não significa que as instituições, que formam uma espécie de monopólio nas operações bancárias brasileiras, estão sensíveis à crise.

Para o economista Alessandro Azzoni, na verdade essa renegociação terá juros de mercado e pode dificultar a vida de pessoas físicas, micro e pequenas empresas, caso esse pedido não seja feito com critério e responsabilidade.

“É preciso ver se o contrato inteiro será modificado ou só as parcelas. Daqui a a dois, três meses, quem fizer essa renegociação tem que entender que terá a parcela normal, mais a do financiamento para pagar”, diz

Segundo a Federação Brasileira dos Bancos, a Febraban, é possível que nas próximas semanas aconteçam mudanças regulatórias, a exemplo da linha de liquidez do Banco Central para a compra de Letra Financeira Garantida e a liberação de compulsórios. 
 
Analistas de mercado e especialistas acreditam que, ao contrário do que aconteceu na crise de 2008, desta vez, não há um represamento de liquidez, mas sim um aumento substancial nas necessidades por recursos líquidos, o que torna esta crise bem diferente da anterior.

Para os especialistas, os pedidos de renegociação até agora representam apenas o começo de uma corrida aos bancos por crédito.

“Esse valor, R$ 200 bilhões, ainda é pouco, um quarto do que podemos esperar durante a crise. Teremos empresas quebrando e esses valores podem não ser honrados nos próximos 60...90 dias, o que vai exigir uma renegociação”, afirma Azzoni.

Economistas e tributaristas acreditam que esse volume de pedidos tem três tipos de perfis: os que têm dívidas anteriores, os adimplentes que procuram negociar dívida futura e os oportunistas, que buscam aproveitar o momento.

De acordo com o advogado tributarista e sócio da San MartínCarvalho e Felix Ricotta Sociedade de Advogados, André Felix, quem estava devendo já antes da crise terá muitas dificuldades.

"No caso das empresas, poucas terão margem de lucro a partir de julho: fornecedores e empregados não dá para postergar. E ainda tem o fisco e as instituições financeiras. E, em matéria tributária, até agora o governo não fez nada de relevante, afirma.


Veja  os pedidos de renegociação por banco:

  • Caixa: 1 milhão de pedidos em contratos habitacionais, com oferta de R$111 bilhões em créditos e carências de até 90 dias. 
  • Bradesco: 635 mil pedidos, que representam 1.036.000 contratos.
  • BB: 200 mil pedidos, em valor equivalente a R$60 bilhões.
  • Santander: 80,9 mil pedidos, em valor equivalente a R$11 bilhões.
  • Itaú: 302,3 mil pedidos, com saldo de R$ 12,1 bilhões e parcelas já prorrogadas em valor financeiro de R$ 679 milhões.

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