O novo modelo de trabalho dos escritórios de advocacia brasileiros

Escritórios de advocacia não voltarão com o modelo de trabalho 100% presencial/Pixabay
Escritórios de advocacia não voltarão com o modelo de trabalho 100% presencial/Pixabay
Mesmo depois da pandemia, firmas vão continuar com o misto de jornada presencial e home office.
Fecha de publicación: 20/07/2020
Etiquetas: Firmas; Movimientos

Mesmo com o número de novos casos e mortes ainda bastante elevado no Brasil, autoridades de muitos estados e municípios já começaram a flexibilização das atividades. Na cidade de São Paulo, por exemplo, os escritórios de advocacia puderam retomar o atendimento ao público, com restrições, desde o início do mês passado. O setor foi um dos primeiros a ser beneficiado pelas medidas de reabertura.

Como em outras atividades, a volta inclui distanciamento, medidas de higiene como disponibilização de álcool gel, limitação de público a 20% do movimento pré-pandemia e funcionamento limitado a quatro horas de atendimento ao público.

A equipe de LexLatin fez um levantamento entre alguns escritórios para saber como está sendo a volta nesse período. Alguns já voltaram de forma híbrida, com equipes nas sedes e em home office. Outros se programam para retomar as atividades presenciais só no ano que vem, a depender da evolução da pandemia.


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Segundo a OAB Nacional, o Brasil tem 1,3 milhão de advogados cadastrados. Stanley Martins Frasão, integrante da Comissão de Sociedades de Advogados da entidade, estima que são mais de 100 mil sociedades de advogados em atividade, sendo 43% de sociedades individuais. Segundo ele, as informações que a comissão tem recebido mostram que o quadro de retornos tem variado. "Algumas estão voltando parcialmente, outras integralmente, mas todas parecem estar seguindo os protocolos de saúde", afirma.

No escritório Mattos Filho, considerando a situação atual, a direção resolveu seguir suas atividades em home office. Mas já existe um plano de retorno das atividades presenciais, que está sendo desenvolvido com apoio de médicos infectologistas e que será posto em prática quando o cenário for considerado viável e com risco mínimo à saúde, bem-estar e segurança de todos.

“Estabelecemos diretrizes rígidas a serem cumpridas para o ingresso e a permanência nos escritórios, dentre elas, a obrigatoriedade do uso da máscara durante o período em que estiverem em nossos espaços, a higienização com álcool em gel e a aferição da temperatura de todos que ingressarem nos prédios e andares do Mattos Filho”, afirma o sócio-diretor Roberto Quiroga.

Considerando futuro pós-pandemia, a direção aposta em um modelo híbrido de trabalho, “no qual os clientes tenham opção de atendimento virtual ou presencial, conforme suas necessidades e sempre respeitando as diretrizes dos órgãos competentes de Saúde para garantir a segurança de todos”, complementa Quiroga.

No TozziniFreire, o retorno deve acontecer a partir do mês de setembro, de forma gradual e em regime de revezamento semanal apenas para as pessoas que não pertençam ao grupo de risco.

“Sabemos que a retomada é um processo desafiador, mas estamos tomando os devidos cuidados e adotando todas as medidas necessárias para garantir o retorno seguro de nossos colaboradores, contando com a assessoria de especialistas no assunto. Além disso, estamos acompanhando constantemente as etapas de reabertura das atividades em cada cidade, assim conseguiremos planejar cada passo de maneira assertiva e segura”, diz Fernando Serec, CEO do escritório.

O Demarest Advogados decidiu estender o período de home office até o ano que vem. A decisão levou em consideração a saúde, segurança e bem-estar dos colaboradores.

“Um retorno agora significaria aderir a protocolos duríssimos de segurança sanitária, a ponto de tornar a dinâmica de trabalho desconfortável. Fizemos uma pesquisa com nossos profissionais, e a grande maioria mostrou-se contrária a uma volta agora. Considerando que nossos índices de produtividade permaneceram inalterados, permanecer em home office até 2021 foi uma conclusão lógica”, afirma Paulo Rocha, sócio-diretor do Demarest.

 

A firma ainda oferece e incentiva a participação dos colaboradores em programas online de saúde física e mental.


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O home office continua e não há previsão de volta no escritório Cescon Barrieu,  enquanto não existir uma vacina. “Aqueles que optarem pelo trabalho presencial, poderão contar com um ambiente devidamente adaptado e seguro. Planejamos um retorno cauteloso e pautado na flexibilidade, com base no que apuramos com nossas equipes. A preocupação é cuidar das pessoas nesse novo movimento de home office para presencial”, afirma Alessandra Sanches, diretora Administrativa da firma.

 

O Trench Rossi Watanabe volta a funcionar em 10 de agosto para quem optar pelo trabalho presencial de forma facultativa. O retorno exclui as pessoas que integram o grupo de risco. Cada praça terá um período limite para permanência de acordo com a localidade. “Entendemos que nesse momento temos o dever de dar a possibilidade de retorno para aqueles profissionais que desejam e necessitam, elevando nossas práticas de diversidade e inclusão a um nível ainda mais abrangente”, aponta José Roberto Martins, sócio e membro do comitê administrativo do escritório.

O Leite, Tosto e Barros Advogados retomou as atividades presenciais no dia 29 de junho, com 20% do quadro, em meio período. A retomada exclui os que fazem parte do grupo de risco e mães com filhos menores que não têm apoio, permanecendo no trabalho home office. O escritório mudou o layout para que haja 2 metros de distanciamento entre os postos; sinalizações no chão; sinalizações para o uso de álcool em gel e máscaras; disponibilização de kits para os funcionários com quatro máscaras de pano que são trocadas durante o dia e lavadas em casa; disponibilização de manual de práticas e novos hábitos; álcool em gel para cada funcionário e limite da entrada nos banheiros, que são grandes, para até três pessoas.

“No dia do retorno o escritório fez um teste rápido de Covid-19 para todos os funcionários. Também será medida a temperatura de todos diariamente. Há um mês o escritório já envia boletins diários sobre as práticas de segurança e também tem incentivado a carona solidária”, conta a advogada Luciana Arduin Fonseca, sócia da área Trabalhista.

Outros escritórios optaram pela volta apenas dos sócios coordenadores, como no BNZ Advogados. A firma paulista segue os protocolos do governo do estado de São Paulo, da prefeitura e sugestões do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa) e da OAB paulista. “Após erros e acertos nos dias iniciais de abertura, analisaremos se o escritório reabrirá por completo ou se manteremos os demais profissionais em home office”, explica o advogado José Ricardo dos Santos Luz Junior, gerente institucional da banca.

O advogado Eduardo Diamantino, do Diamantino Advogados, considera as diretrizes da OAB-SP “muito restritivas”. Ele diz que alguns colegas se adaptam melhor no trabalho em home office e outros não. “Então, resolvemos fazer um rodízio por área. Às segundas-feiras vai ao escritório a equipe de tributário contencioso; às terças, tributário consultivo; às quartas, cível; e às quintas, administrativo e societário. Vamos avaliar como funcionará”, diz.

No Keppler Advogados, as equipes estão 100% em home office. Uma reforma ainda em andamento nas dependências do escritório vai permitir um distanciamento seguro entre as pessoas. “Por ora, não há uma data acertada para o retorno físico. Existe a possibilidade da adoção de rodízio entre as equipes para diminuir o fluxo de pessoas no escritório”, afirma o advogado Marcelo Muniz.

A volta ao trabalho presencial no Damiani Sociedade de Advogados aconteceu há mais de um mês, em 8 de junho. “Todos os colaboradores foram testados para Covid-19. Além disso, há álcool em gel disponível em todo o escritório para uso comum, e lysoform na entrada,  para limpeza dos sapatos. O escritório também adquiriu dois ozonizadores para sanitização do ambiente e está provendo transporte individual (táxi ou Uber) para quem não tem carro ou não pode utilizar um”, afirma o advogado André Damiani, sócio fundador da banca.

O WZ Advogados resolveu fazer uma pesquisa com todos os colaboradores. A ideia é catalogar quem faz parte de grupos de risco ou mora com pessoas de grupos de risco, qual meio de transporte usa para ir trabalhar e se tem interesse em voltar ao trabalho de forma presencial. “Com base nessa pesquisa, planejaremos a retomada do trabalho presencial e verificaremos quais medidas deverão ser tomadas para que sejam observadas as recomendações da OAB-SP”, explica a sócia Juliana Brotto de Barros Milaré.

O Adib Abdouni Advogados contratou um laboratório para fazer exames em todos os colaboradores e disponibilizou máscaras padronizadas, com a logomarca do escritório. “Estamos cumprindo na íntegra o protocolo sanitário estabelecido pela Portaria 605/2020 da prefeitura do município de São Paulo. A higienização e sanitização das dependências do escritório são feitas três vezes ao dia. Além disso, adotamos horário reduzido para atendimento presencial de clientes e horários escalonados para a presença dos advogados e demais colaboradores, para evitar que tenham de enfrentar o horário de pico nos transportes coletivos”, afirma Adib Abdouni.


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O Wald, Antunes, Vita, Longo e Blattner Advogados planeja o retorno ao trabalho presencial para o início de agosto. “Nossa maior preocupação é com a saúde e bem estar de nossos funcionários, colaboradores e clientes”, ressalta Mariana Tavares Antunes.

Segundo ela, a experiência em home office nos últimos meses tem sido muito positiva, “razão pela qual a intenção é manter esse mix de virtual e presencial, até que o retorno completo seja seguro”.

Para a maioria dos sócios administradores e advogados, as medidas de flexibilização vão depender de como estiver a situação em cada estado, dependendo do número de casos e mortes nos próximos meses. A perspectiva é de que esse segundo semestre permaneça com atividades restritas, algo que só deve ser normalizado por completo depois que for testada e aprovada uma vacina eficaz.

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