Queiroga é pressionado em depoimento, mas evita se posicionar

Ministro explica ações do governo no combate à pandemia/Jefferson Rudy/Agência Senado
Ministro explica ações do governo no combate à pandemia/Jefferson Rudy/Agência Senado
Atual ministro da Saúde, que ocupa pasta desde 23 de março, explicou medidas adotadas pelo governo no combate à pandemia.
Fecha de publicación: 06/05/2021

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, evitou responder perguntas sobre a atuação do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia. Ele presta depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, criada para apurar as ações e omissões do governo federal no combate à emergência de saúde. 

O ministro, que é médico cardiologista, ocupa o cargo desde 23 de março, quando substituiu o ex-ministro Eduardo Pazuello. Ele assumiu o posto em um dos piores momentos da pandemia, quando o Brasil tinha mais de 300 mil mortes. Hoje são quase 415 mil mortes registradas no país.  


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Além de não responder os questionamentos sobre a posição do presidente Bolsonaro, Queiroga evitou se posicionar sobre o uso da hidroxicloroquina, mas disse que não recebeu nenhum tipo  de orientação do presidente da República. “Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Eu sou instância final decisória e posso ter que dar um posicionamento acerca disso", disse.

Ele afirmou que não autorizou e não tem conhecimento sobre a distribuição do remédio durante a sua gestão. Segundo Queiroga, não houve nenhum tipo de pressão sobre o uso de qualquer remédio e que um novo protocolo para substituir a atual orientação sobre o uso de cloroquina está sendo feito.

Questionado sobre a posição da Sociedade Brasileira de Cardiologia, entidade que o ministro já foi presidente, em relação a desaprovação do uso da cloroquina, Queiroga afirmou que vai observar as leis e que não são as sociedades científicas que vão fazer as políticas públicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

O atual ministro da Saúde também evitou dar seu posicionamento sobre as ações de enfrentamento e combate ao coronavírus no momento em que assumiu o cargo. Diferentemente do que declarou o ex-ministro Teich, Queiroga disse que recebeu autonomia para gerir o Ministério da Saúde.

“Recebi autonomia para isso e todos os meus secretários foram escolhidos conforme critérios técnicos (...) são pessoas de perfil técnico e achei por bem mantê-los. Mas tenho autonomia para tirá-los a qualquer momento, desde que seja por interesse público e por direcionamento da nossa gestão". Sobre a possível influência da família do presidente, Queiroga afirmou que a sua gestão é autônoma.

No início do depoimento, na parte da manhã, Queiroga disse que o SUS precisa ser valorizado.  "Os senhores sabem as condições que o SUS estava o sistema antes dessa pandemia: Unidades de Terapia Intensiva (UTI) lotadas, dificuldades nos pronto-atendimentos, problemas com médicos especialistas. Isso é o que faltou, sobretudo para atender pacientes com síndromes respiratórias agudas graves", afirmou em resposta ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL).

O ministro afirmou ainda que é preciso investir em medidas não farmacológicas, além de adotar uma política de testagem para orientar isolamento de pacientes e fortalecer o sistema de saúde para atender casos mais graves. 

Ele disse que sempre defendeu o uso de máscaras e o isolamento físico e que é necessário passar uma mensagem uniforme sobre isso. “Desde o primeiro dia do meu mandato eu reitero o uso de máscaras”. 

Queiroga enfatizou a necessidade de uma campanha de vacinação ampla. O ministro demonstrou sua preocupação com o fortalecimento da Fiocruz e do Butantan para vacinar o grupo prioritário que ainda necessita de 89 milhões de doses. “Precisamos de mais doses de vacina e ativismo maior do governo”, disse.

Em relação à vacina Sputnik V, o ministro disse que o presidente Bolsonaro fez uma reunião com o presidente russo para solicitação de doses da vacina. Segundo Queiroga, Bolsonaro disse a Putin que assim que forem resolvidas as observações da Anvisa sobre a vacina ele vai importar doses. No entanto, o ministro afirmou que a vacina encontra dificuldades na Organização Mundial da Saúde e que não há consenso sobre a sua eficácia. Ainda defendeu a atuação da Anvisa, afirmando que é um órgão respeitado mundialmente.

O depoimento do presidente da Anvisa, Antonio Barros Torres, que seria ouvido hoje pela CPI foi adiado para a próxima terça-feira (11). Na próxima semana ainda serão ouvidos Fabio Wajngarten da Secretaria da Comunicação no dia 12 e o ex-ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, no dia 13. 

 

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