As áreas mais promissoras para o mercado jurídico em 2023

Lawtechs se consolidam como parte do ecossistema dos grandes escritórios, de forma mais presente e sinérgica/Pixabay
Lawtechs se consolidam como parte do ecossistema dos grandes escritórios, de forma mais presente e sinérgica/Pixabay
Gestores destacam regulação de novas tecnologias, a intensificação dos programas de compliance, ESG e governança corporativa.
Fecha de publicación: 27/01/2023

Já foi dada a largada para 2023 e, com o fim do mês de janeiro, escritórios de advocacia aceleram os trabalhos rumo a um ano de grandes expectativas de negócios no Brasil. Com a mudança de governo, a previsão é de que os investimentos estrangeiros retornem ao país, depois de um 2022 conturbado, em que as eleições dominaram o cenário político e econômico. 

No último ano, as discussões no mercado jurídico incluíram tópicos como inovação, novas formas de interagir com os clientes e o judiciário pós-pandemia. Os escritórios tradicionais já entendem que o cliente busca maior eficiência nos serviços prestados, com mais inovação, o que não se limita apenas à adoção de novas tecnologias, mas de atitudes que permitam melhores resultados.


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A expectativa, na avaliação de alguns dos principais sócios-gestores, é de um crescimento exponencial dos temas associados à regulação de novas tecnologias, a intensificação dos programas de compliance, ESG, governança corporativa e a reforma tributária, que deve gerar muitos questionamentos e trabalhos.

Depois do choque de realidade da pandemia, novas formas de recrutar, engajar e reter talentos estão em fase de teste nos escritórios, assim como encontrar formas mais abrangentes de ouvir os clientes e proporcionar experiências que agreguem valor aos novos tempos. Além disso, as lawtechs se consolidam como parte do ecossistema dos grandes escritórios, de forma mais presente e sinérgica.

A LexLatin conversou com alguns dos CEOs dos principais escritórios do país para entender o que esperar do mercado jurídico nos próximos meses. 

“Com a definição do novo presidente, Congresso Nacional e governadores, a incerteza política diminuiu no Brasil. Somos um grande expoente da economia mundial na atração de investimentos e nas agendas positivas para os próximos anos. A concretização desses investimentos dependerá, em boa medida, da condução da agenda econômica pelo novo governo, em especial no que diz respeito à questão do equilíbrio fiscal, a fim de gerar confiança nos investidores internacionais”, analisa Amir Bocayuva, sócio diretor do BMA Advogados. 

“É preciso ter visão e pensamento estratégicos para buscar novas possibilidades do direito. Com uma gestão descolada dos antigos paradigmas, mas atenta e focada na resolução de problemas, geração de valor, diversidade, sustentabilidade e desenvolvimento harmônico. Estes novos tempos pedem o impulsionamento da inovação, mas com algo do passado que o presente não pode e nem deve apagar: o cumprimento da função social do Direito”, avalia Tito Andrade, sócio-administrador do Machado Meyer.

“A definição das diretrizes governamentais e as medidas adotadas em situações específicas de mercado indicarão a perspectiva Brasil e a manutenção do grau de confiança do investidor no país. Havia muita expectativa para este ano de 2023 e estamos em compasso de espera para definição mais concreta das diretrizes pela nova equipe governamental”, afirma Paula Surerus, CEO e sócia-gestora do Veirano Advogados. 


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Para a advogada, o mercado de energias renováveis é uma das grandes apostas, junto com projetos no setor agro/agrotech, ESG ― com uma demanda crescente no mercado de crédito de carbono ―, além de demandas fiscais e projetos de M&A. “Com um mercado mais complexo e bastante consolidado, maior o papel dos órgãos reguladores e de fiscalização e controle para garantir a confiança dos investidores, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), resultando em trabalhos correlacionados  na área concorrencial”, diz.

O ano também promete favorecer as indústrias com os projetos de hidrogênio verde e fontes renováveis, que têm grande potencial de crescimento nos próximos anos. Há ainda o mercado de gás natural, a depender da regulamentação, pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), da atividade de estocagem de gás, potencial gerador de um volume de investimentos significativo. 

Outra pauta relevante, responsável por uma fatia importante do faturamento da indústria jurídica, tem relação com o mercado financeiro e a retomada das ofertas públicas iniciais (os chamados IPOs), o que normalmente leva novas empresas à Bolsa de Valores. Também há expectativa em relação às ofertas públicas subsequentes, conhecidas como operações de follow on, por empresas cujas ações já são negociadas em bolsa. Mas pelo menos nesse primeiro semestre elas devem permanecer na geladeira. 

“Havia uma expectativa de uma nova janela de ofertas iniciais para este ano de 2023 com reabertura a partir do segundo trimestre do ano e para setores mais resilientes. No entanto, especula-se no mercado ser pouco provável esse cenário, apontando para um ano marcado por operações de M&A e indicando a possibilidade de ofertas públicas de aquisição e deslistagem/fechamento de capital e transações visando a reestruturação financeira de empresas com venda de ativos e atração de sócios estratégicos”, explica Paula Surerus. 

“O Brasil continua sendo um mercado interessante para ser explorado. Em relação aos países em desenvolvimento, está em um cenário positivo e se coloca hoje em uma posição muito favorável para receber investimentos. Com seu tamanho e protagonismo no cenário internacional, entendemos que, com maturidade, serenidade e foco nos indicadores objetivos do país, continuaremos no curso natural de investimentos”, afirma Tito Andrade.


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“Acredito que os setores de energia, em especial o gás e as fontes renováveis, infraestrutura, negócios digitais e proteção de dados deverão manter um nível de atração de investimentos relevante. Também acreditamos que 2023 deverá gerar oportunidades para combinação de negócios e reestruturação de empresas, o que tende a manter a área de M&A e de reestruturações bastante ativa”, avalia Bocayuva. 

O mercado jurídico também aguarda com expectativa as operações na área de tecnologia, incluindo empresas relacionadas à segurança digital, além do setor de saúde e a consolidação do mercado de clínicas de saúde e diagnóstico e infraestrutura hospitalar. A área de educação, que movimentou muitas operações nos últimos anos, deve também estar aquecida na educação básica. E ainda haverá espaço para investimentos e a consolidação de novas fintechs e startups

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