COP-26 pode ajudar etanol brasileiro no mercado mundial

Técnica de produção do etanol brasileiro tem reais chances de gerar boas oportunidades de negócios/Fotos Públicas
Técnica de produção do etanol brasileiro tem reais chances de gerar boas oportunidades de negócios/Fotos Públicas
Expertise nacional na área poderá ser exportada para países interessados - e eles são muitos.
Fecha de publicación: 31/10/2021

A COP-26, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, começou neste domingo em Glasgow, na Escócia, com a imagem arranhada do Brasil por conta da política ambiental do governo Bolsonaro. É certo que ninguém espera grandes mudanças por aqui, mas haverá pressão para redução do desmatamento que tem sido recorde nos últimos anos.

Apesar do momento negativo, um tema é a menina dos olhos tanto das autoridades governamentais quanto de especialistas: a técnica de produção do etanol brasileiro, que tem reais chances de gerar boas oportunidades de negócios. 


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O uso do biocombustível é considerado bem sucedido e serve de modelo quando o assunto é produção e uso de energias renováveis no transporte, já que é considerado uma alternativa mais limpa. O etanol pode, por exemplo, ser complementar à adoção do modelo de transporte elétrico, porque pode ser usado em carros elétricos capazes de produzir a própria energia e ajudar na renovação da frota mundial rumo ao fim do uso de combustíveis fósseis.

Um exemplo da receptividade do combustível é a quantidade de países interessados, como Canadá, Vietnã, Líbano e Coreia do Sul. A Índia está em fase de negociação adiantada com o governo brasileiro e empresas do setor como a Raízen, que estão oferecendo apoio tecnológico aos asiáticos. Na América do Sul, o presidente da Colômbia, Iván Duque Márquez, visitou o Brasil em busca de parcerias para desenvolver a produção no seu país. 

"A Índia será fundamental para o estabelecimento deste mercado multilateral na questão do etanol, mas existem outras prospecções. Uma delas é o México, onde a demanda por automóveis mais sustentáveis poderá representar uma oportunidade para a tecnologia híbrida flex produzida originalmente no Brasil", explica Marcos Pontes, secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Para os especialistas, no Brasil a produção de biocombustíveis tende a crescer e se valorizar, especialmente com a precificação do carbono, o aumento do preço do petróleo e a comercialização dos créditos de descarbonização (CBIOs). Hoje quase 90% dos carros vendidos por aqui são flex e podem usar tanto gasolina quanto etanol.

“O uso de cereais e açúcares para a produção de biocombustíveis (etanol de milho, biodiesel de soja, etc.) representa uma grande oportunidade para o país, inclusive com a integração da produção de biocombustíveis com outros produtos e etapas, a exemplo da utilização do bagaço de cana para a alimentação de bovinos, a utilização do esterco como biometano para movimentação do maquinário e como fertilizantes”, explica Rebeca Stefanini, associada da área direito ambiental do Cescon Barrieu Advogados

“A agenda do etanol é positiva, porque além da redução das emissões, pode gerar créditos de carbono. A maior expectativa com relação à COP-26 é justamente a regulamentação do mercado internacional dos créditos de carbono, então não poderia haver timing melhor para unir interesses econômicos e questões climáticas”, diz Letícia Yumi Marques, advogada ambiental do KLA Advogados

Quem também vai defender a expertise do país na produção do biocombustível é o ministro do meio ambiente, Joaquim Leite. “Reafirmo o compromisso do governo federal na promoção do etanol brasileiro como parte de uma nova economia verde durante a Conferência das Partes”, disse ele em resposta à carta da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), representante de usinas e destilarias responsáveis por mais de 50% da produção brasileira de etanol e outros energéticos renováveis. Na carta, a entidade recomenda que o uso do etanol e da bioenergia como instrumentos de redução de emissões de carbono seja defendido pelo Brasil na COP-26.

“Enquanto os maiores líderes globais continuarão a debater alternativas para transformar seus compromissos de reduções de emissões de gases de efeito estufa (GEE) em ações ativas, o Brasil tem a oportunidade de oferecer soluções eficientes e imediatas para essa agenda, especialmente no setor de transportes, que responde por quase 25% de todas as emissões globais”, afirmou a Unica em comunicado.

O setor defende o uso de etanol combustível em veículos leves e o uso de CBios para compensar emissões em outros setores podem ser opções efetivas para o combate ao aquecimento global.

“Gostaria de manifestar todo meu apoio ao setor de biocombustíveis. Setor esse que gera emprego verde e reaproveita 90% dos recursos, promovendo uma economia circular e garantindo hoje um transporte verde em todo o território nacional, como veículos elétricos que usam etanol para recarregar suas baterias”, disse o ministro.


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Os representantes da Unica avaliam que o etanol já substitui quase metade do consumo de gasolina no mercado brasileiro. Outra vantagem é que apenas 0,8% do território é utilizado para produção de matéria-prima energética, bem menos que outros tipos. Além disso, a área de cultivo de cana-de-açúcar fica na maior parte no estado de São Paulo, longe da Amazônia, o foco das atenções no cenário internacional. 

“Os biocombustíveis representam grande oportunidade de geração de valor e incremento do negócio com iniciativas sustentáveis e alinhadas com as métricas ESG. Com o fortalecimento da Política Nacional de Biocombustível (RenovaBio) e do Pagamento por Serviços Ambientais, o Brasil pode assumir uma posição de destaque no cenário mundial”, avalia Rebeca Stefanini.

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