A importância dos critérios ESG para escritórios de advocacia

Mercado jurídico não pode ficar de fora das tendências que se preocupam com problemas globais/Freepik
Mercado jurídico não pode ficar de fora das tendências que se preocupam com problemas globais/Freepik
Implementação da prática traz resultados financeiros, atrai e mantém talentos, além de um melhor desempenho em momentos de crise.
Fecha de publicación: 22/09/2021

Você provavelmente já se deparou com a sigla ESG no seu ambiente de trabalho. Afinal, o que é ESG? ESG é a sigla em inglês para ambiental, social e governança corporativa. Ou seja, são práticas que devem levar em consideração a responsabilidade ambiental, social e de governança das empresas. Os princípios ESG envolvem incentivos a práticas éticas, responsáveis ambientalmente, de inclusão social, combate à corrupção, entre outros.

Esse conceito surgiu no mercado financeiro para fazer com que as empresas que recebem recursos se adequem a essas políticas e reduzam os riscos para os financiamentos. Um dos maiores bancos de investimento da França anunciou, no início deste ano, que não investiria em empresas que não tivessem políticas de responsabilidade ambiental. 


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Existem grandes companhias brasileiras como, por exemplo, a Suzano, que estão conseguindo atingir a emissão de títulos de dívida pelos menores valores históricos de qualquer companhia brasileira. Justamente porque esses títulos têm metas de ESG a serem atingidas por essas empresas.

“A estruturação dos critérios ESG tem tido um interesse crescente no setor empresarial. Os motivos são muitos, dentre eles, citaria as exigências do mercado financeiro cada vez mais presentes nesse sentido, o despertar do mercado consumidor em relação a produtos sustentáveis, os cuidados da cadeia produtiva (fornecedores e contratantes) em estabelecer relações com parceiros idôneos e que atendam à legislação”, explica Fabiana Figueiró, coordenadora da área de ESG do Souto Correa Advogados.

Estamos diante de uma tendência que se preocupa com determinados problemas globais que podem afetar o funcionamento do mercado como um todo. E o mercado jurídico não pode ficar de fora.

Fabiana afirma que a implementação dos critérios ESG repercute em resultados importantes, incluindo financeiros e de atração e manutenção de talentos, bem como num melhor desempenho em momentos de crise.

“Neste contexto, há um incremento de valor quando os clientes encontram nos escritórios de advocacia equipes internas com visão multidisciplinar sobre os aspectos ambientais, sociais e de governança e suas repercussões aos negócios, podendo antecipar riscos, agregar resultados e contribuir na estruturação das estratégias dos negócios de forma sustentável”, afirma.

Maria Beatriz Armelin Petroni, advogada especialista no tema, explica que a adequação aos padrões ESG impacta diretamente na credibilidade, reputação e na identidade corporativa do escritório. “Deve causar um efeito bastante positivo, de retenção de talentos, de engajamento daquele público interno. Se houver uma real implementação da temática ESG no dia-a-dia, seria uma mudança de patamar desse escritório. Não seria uma mera retórica de marketing e sim uma mudança cultural”, afirma.

Outro fator importante é que já há uma busca muito grande no mercado dessas práticas. Os próprios clientes estão tentando se adequar à temática ESG de maneira bastante profunda. Portanto, eles vão buscar prestadores de serviço que tenham uma cultura organizacional parecida.

“As empresas não podem, por exemplo, ter uma pauta voltada à proteção do meio ambiente e ter um prestador de serviço que não esteja alinhado com essa estratégia do cliente. Esse desenvolvimento de relacionamentos tem que ser benéfico. Seria essencial que houvesse um alinhamento da cultura organizacional do cliente com o próprio advogado”, afirma Maria Beatriz.


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Especialistas defendem que os escritórios de advocacia têm que implementar os critérios ESG como forma de atender as demandas dos seus clientes. Dessa forma, a firma pode até expandir e criar possibilidade de atender outros clientes e os mais sofisticados que tenham demandas ainda mais avançadas em relação ao ESG.

“Essa questão fica mais clara nos grandes escritórios que atendem principalmente empresas internacionais, mas vai afetar todo o mercado jurídico. Então, quem se adaptar antes, vai ter uma vantagem competitiva maior”, analisa Carlos Portugal Gouvêa, sócio-fundador da PGLaw.

O advogado argumenta que o escritório não consegue auxiliar os clientes a implementar determinadas políticas se ele não as adota internamente. Isso tem que fazer parte do DNA do escritório. O primeiro passo para ajudar clientes na implementação dessas políticas é desenvolvê-las adequadamente no âmbito interno. Dessa forma, os advogados garantem tanto legitimidade quanto conhecimento para poder fazer o mesmo tipo de trabalho para os clientes.

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