Mercado jurídico discute ritmo de adoção do uso de tecnologias digitais

Dentro dos escritórios, a realidade em tempo real da Internet poderá ser integrada aos processos de trabalho dos advogados/Pixabay
Dentro dos escritórios, a realidade em tempo real da Internet poderá ser integrada aos processos de trabalho dos advogados/Pixabay
Tema é um dos assuntos mais importantes da Fenalaw 2021.
Fecha de publicación: 03/08/2021

No pós-pandemia, a tecnologia terá papel preponderante na vida de todos os atores do Direito no Brasil. A frase não carrega em si muitas novidades, mas é o ritmo destas mudanças que deve passar a ser um fator central na atividade no pós-pandemia. 

Dentro dos escritórios, a realidade em tempo real da Internet poderá ser integrada aos processos de trabalho dos advogados. Questões que já entraram no dia a dia da realidade jurídica, como as videoconferências, devem se integrar a novas tendências, que passam por design e comunicação. 


Leia também: A globalização e a tecnologia como fatores de mudança da formação jurídica


Para quem atua no setor da jurimetria, os avanços tecnológicos crescem de tal maneira que se acredita que a expansão do setor ainda tem muito caminho pela frente. 

Os temas estão sendo analisados na Fenalaw Digital Week. À LexLatin, dois especialistas no assunto indicam caminhos que o futuro pós-pandemia traz a setores como a atuação e organização de escritórios, assim como na prática da jurimetria.

No meio do caminho

Alexandre Zavaglia, presidente da Comissão de Direito, Inovação e Tecnologia do Iasp (Instituto de Advogados de São Paulo) e fundador da LegalScore, diz que a área jurídica começa a entender o impacto e o uso da tecnologia no próprio direito material - seja nas novas oportunidades que aparecem, seja nos desafios de formação de profissionais.

Este é um caminho ainda a ser trilhado. “Estamos no meio do caminho, em que há esta necessidade acelerada de utilizar tecnologia para manter o dia-a-dia das atividades, e principalmente manter os contatos com os clientes”, explica Zavaglia, um dos palestrantes da feira. “Muito se fala sobre a inteligência artificial, mas há outras tecnologias como a videoconferência, que tem permitido o contato direito, além de outras ferramentas ligadas a gestão de projeto e workflows de tarefas, para que se possa saber em tempo real como está a questão.”

Questionado sobre qual tecnologia utilizada na pandemia traz avanços mais significativos na área, o exemplo mais claro que o advogado aponta é a consolidação do Processo Judicial Eletrônico (PJe). ”Cada vez mais o mercado jurídico vai entregar seus trabalhos em plataforma”, argumenta, lembrando que a mudança em nada altera a qualidade e a tecnicidade do direito. 

Outras novidades apontam para áreas distintas, como o uso de design e infografia em peças jurídicas, que pode ajudar a tornar peças antes extremamente burocráticas em mais fáceis de serem entendidas.

Zavaglia aponta, no entanto, que o maior risco da aplicação da tecnologia ao Direito “é justamente levá-la como argumento principal da profissão, passando a falsa impressão de que será capaz de resolver tudo”. O conteúdo de toda essa tecnologia, de todas essas ferramentas e plataformas é o Direito”, resume o advogado. “Não podemos esquecer que a tecnologia é o meio, e não o fim.”

Na jurimetria, atual estágio é só o começo

O conceito de jurimetria, que envolve a aplicação de conceitos da estatística ao direito, existe desde os anos 1950. Mas é a aplicação de instrumentos tecnológicos para analisar padrões e mesmo prever novos padrões, disponibilizados nos últimos anos, que alçou a área a um papel central na advocacia.

O CEO da Data Lawyer, Caio Santos, acredita que apesar do avanço que a jurimetria já trouxe ao mercado jurídico, o setor ainda está em fase inicial de desenvolvimento no país. 


Outras reportagens sobre inteligência artificial: O que falta para regulamentar o uso da Inteligência Artificial no Brasil?


“A maior parte do mercado ainda está em fase de aquisição e estruturação da base de dados, para ter um avanço aí, acredito nos próximos dois anos, de modelos preditivos e inferências”, disse Caio, que também foi um dos palestrantes nesta segunda-feira. “A gente ainda está nesta parte de estruturação de informação, já que não há padrão nenhum nos sistemas dos tribunais”

O Brasil é um país onde há muito insumo para a jurimetria. “Nós temos muita matéria-prima, porque o Brasil é o país com o maior índice de litígio do mundo”, lembra Caio. O CEO diz que a inteligência artificial, apontada como uma das responsáveis pelos avanços do setor, tem ajudado em um trabalho ainda primário, de colocar sentenças de sistemas distintos e formatos distintos em um mesmo patamar. 

Com isso, aposta Caio, a demanda que era de acesso aos dados que aconteceram deve se tornar uma demanda pelas previsões que acontecerão. “Hoje a IA já se faz presente, mas nessa linha de auxílio à estruturação de dados. A partir do momento que a gente tem uma base bem estruturada, robusta e organizada, é que a gente começa a rodar alguns modelos preditivos”, concluiu.

Add new comment

HTML Restringido

  • Allowed HTML tags: <a href hreflang> <em> <strong> <cite> <blockquote cite> <code> <ul type> <ol start type> <li> <dl> <dt> <dd> <h2 id> <h3 id> <h4 id> <h5 id> <h6 id>
  • Lines and paragraphs break automatically.
  • Web page addresses and email addresses turn into links automatically.