País chega a 400 mil mortos pela Covid-19 e Bolsonaro critica isolamento

Cemitério Público Nossa Senhora Aparecida em Manaus/ Alex Pazuello/Semcom
Cemitério Público Nossa Senhora Aparecida em Manaus/ Alex Pazuello/Semcom
​​​​​​​Cemitério Público Nossa Senhora Aparecida em Manaus/ Alex Pazuello/Semcom
Fecha de publicación: 29/04/2021

O Brasil chegou a uma marca inimaginável: são mais de 400 mil mortos pela Covid-19. Nas últimas 24 horas foram 3.074 mortes, de acordo com os dados do consórcio de veículos de imprensa. O total agora é de 401.417 mortes. Além dos óbitos, foram 69.079 novos casos em 24 horas, num total de 14.592.886 até agora.

O país registrou a primeira morte em 17 de março de 2020 desde então a velocidade desses óbitos cresceu e muito. Em 8 de agosto do ano passado já eram 100 mil, em 7 de janeiro de 2021 chegou a 200 mil, em 24 de março 300 mil e em 29 de abril a marca dos 400 mil.  Foram 100 mil mortes só nos últimos 36 dias, um ritmo impressionante.


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Apesar da tragédia que está sendo a pandemia no país, o presidente Bolsonaro, em live nas redes sociais, criticou o isolamento. Ele afirmou ser preciso “enfrentar o vírus” e que medidas de combate podem levar o Brasil ao “comunismo”.

"Agora, pra esses governadores, pra esses prefeitos, em especial de esquerda, sempre tem alguns também de centro também, fazem a mesma política. O empobrecimento da população leva exatamente isso. Há uma, há uma política futura, né? Levada para o socialismo, para o comunismo. Isso não pode acontecer em nosso Brasil", afirmou. "Governo Federal não fechou o comércio, não falou que todo mundo tinha que ficar em casa”.

Em outro momento, Bolsonaro disse: "Lamentamos as mortes, chegou um número enorme de mortes agora aqui, né? Não vai embora, infelizmente. Tem que conviver com o vírus, até porque tá cada vez mais mudando, né? Espero que não haja uma terceira onda por aí".

Ao longo do dia várias entidades criticaram a condução da pandemia, especialmente a postura do governo federal.

“O número reflete a dor de famílias que perderam pais, avós, filhos e irmãos de forma rápida, violenta e muitas vezes solitária. Reflete também erros de condução e a ausência de coordenação centralizada no nível federal”, disse a nota do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Os secretários estaduais de Saúde defendem o aumento da vacinação e uma campanha de comunicação para destacar a importância das medidas de prevenção e garantir adesão à vacinação.

Outra entidade, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) também fez críticas. “A ausência de coordenação nacional, o desfinanciamento deliberado do Sistema Único de Saúde (SUS) e a negação com motivação ideológica para compra das vacinas contra a Covid-19, no momento em que precisávamos ter adquirido, são alguns dos inúmeros motivos que tornam a atual gestão como a grande responsável pela barbárie que vivemos”, diz a nota.

Enquanto isso, a CPI da Pandemia aprovou o plano de trabalho. A comissão vai investigar ações e omissões do governo federal no combate à Covid-19, com foco especial no Amazonas, primeiro estado do país onde hospitais reportaram falta de oxigênio para pacientes.

A previsão é ouvir o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e os outros três que o antecederam na pasta: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello. Mandetta será o primeiro a ser ouvido na próxima terça-feira (4). 

Para especialistas ouvidos por LexLatin, Bolsonaro segue fora da realidade, com um discurso que só atende a seu eleitorado fiel.

“Essa é a prova matemática do descalabro na saúde pública e incompetência do governo federal, justamente no início da CPI da Covid. Isso reforça o desalento da população, que se vê perdida e sem soluções no horizonte”, afirma o cientista político André Cesar.

“O país só tem a chorar. Mesmo a vacinação da população segue em ritmo claudicante, com incerteza para a maior parte da população, ainda exposta ao vírus”.

Para Rodrigo Prando, cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, é preciso entender as diferentes dimensões emergência de saúde.


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“A pandemia é muito mais cruel num país como o Brasil, que tem uma desigualdade de renda e de oportunidades. Nossa desigualdade aumentou nesse período. Na maioria das vezes, os mortos são pessoas com menos condições de se manterem isolados, não têm condição de fazer home office e são obrigados a trabalhar presencialmente. E fazem deslocamento no transporte público geralmente lotado, com pouca possibilidade de distanciamento. Isso leva as pessoas mais pobres e moradores das periferias a serem mais atingidos do que os moradores de elite, que têm condição de trabalhar à distância”, afirma.

No campo político, Prando destaca a conjunção negacionismo, fake News e teorias da conspiração como fatores que contribuíram para o atual número de mortes. “Não houve por parte do presidente uma liderança capaz de chamar a sociedade brasileira para uma união no combate ao coronavírus. Ele deu exemplos de aglomeração, desprezo da vacina, não usou máscara – fora a recomendação de medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da Covid. Temos uma marca desastrosa, uma catástrofe”, avalia.

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