A volta às atividades presenciais nos escritórios brasileiros

Novo modelo inclui distanciamento, medidas de higiene e limitação de público/Pixabay
Novo modelo inclui distanciamento, medidas de higiene e limitação de público/Pixabay
Firmas programam retorno definitivo para o início de 2022.
Fecha de publicación: 18/11/2021

O momento é favorável à volta das atividades presenciais no Brasil. Com os números de novos casos de Covid e de morte baixos e com a maioria da população vacinada (cerca de 60% com as duas doses e 75 % com uma), escritórios e advogados em todo o país têm se animado a retomar a normalidade. Outro motivo que impulsiona o retorno do setor é que os clientes também já estão voltando a realizar e exigir reuniões presenciais. Com isso, é preciso reavaliar a estratégia e levar em conta as questões de logística e também jurídicas desta nova realidade.

De norte a sul do Brasil estados e municípios já começaram a flexibilização das atividades. Alguns lugares, como o Rio de Janeiro, já estão abolindo o uso de máscara em locais abertos. São Paulo deve seguir a tendência e retirar a exigência agora em dezembro, de acordo com o prefeito Ricardo Nunes.


Leia também: Planejamento estratégico em escritórios de advocacia


Os escritórios de advocacia já estão voltando às atividades normais faz algum tempo, o que inclui atendimento ao público. O setor foi um dos primeiros a ser beneficiado pela reabertura.

Como em outras atividades, a volta inclui distanciamento, medidas de higiene como disponibilização de álcool gel, limitação de público a porcentagem do movimento pré-pandemia, algo que varia de firma para firma.

A equipe de LexLatin fez um levantamento entre escritórios para saber como está sendo a volta nesse período. Alguns já voltaram de forma híbrida, com equipes nas sedes e em home office. Outros se programam para retomar as atividades presenciais só em 2022, a depender da evolução da pandemia no país, que dá sinais claros de redução significativa.

O Mattos Filho, por exemplo, segue no regime de volta gradual, com seus escritórios abertos para receber profissionais que queiram trabalhar presencialmente de maneira voluntária. O retorno presencial vai acontecer em 10 de janeiro de 2022 e será feito a partir do modelo híbrido de trabalho, com dois dias de home office por semana. A firma tem oferecido apoio financeiro às despesas mensais de internet e reembolso para melhorias no home office, como mobiliário e acessórios. 

“Estamos em curso com reformas e mudanças nos escritórios, adotando o conceito de smart office, com espaços abertos e privilegiando o trabalho integrado, pois acreditamos que a construção de um ambiente colaborativo é muito relevante e contribui para essa integração entre os profissionais. O trabalho presencial é um ambiente rico para absorção da cultura de uma instituição. É no presencial, também, que há ainda mais facilidade para os momentos criativos, com maiores espaços de interação e aumento do potencial de inovação”, afirma Roberto Quiroga, sócio-diretor do escritório. 

Outro que volta ao modelo presencial a partir de janeiro do ano que vem é o TozziniFreire. “Para o ano que vem, as expectativas são positivas, o que, contudo, não nos faz flexibilizar nenhum dos cuidados estabelecidos como necessários para garantir a saúde e segurança de todos. Esse processo de retomada é desafiador, para garantir o retorno seguro de nossos colaboradores. Além disso, estamos acompanhando constantemente as etapas de reabertura em cada cidade, assim conseguiremos planejar cada passo de maneira assertiva e segura”, diz Fernando Serec, CEO do escritório.

O escritório implantou sete frentes de proteção e cuidado: o uso das máscaras, distanciamento, higiene e sanitização, limpeza, alimentos e bebidas, monitoramento das condições de saúde, além de reuniões e viagens.  “A rotina das reuniões mantemos o possível no formato virtual. No entanto, caso necessária a realização presencial, todos os protocolos de saúde e segurança estabelecidos têm sido devidamente respeitados”, explica Serec.

Já o Cescon Barrieu voltou ao modelo presencial, mas só para aqueles que já completaram o esquema de vacinação com duas doses. "Migramos para um modelo hibrido com até três dias de home-office, sem deixar de lado o presencial que possibilita integração e convivência. Acreditamos que esse modelo irá ser tornar definitivo daqui para frente", avalia Joaquim José Aceturi de Oliveira, sócio gestor da firma.


Veja também: "Brasil tem grandes oportunidades, mas polarização política pode custar caro"


O escritório de propriedade intelectual Dannemann Siemsen é mais um que volta às atividades normais no ano que vem, mas com metade dos funcionários se alternando entre um dia e outro durante a semana. “Em casos excepcionais vão poder trabalhar em home office porque entendemos as questões de saúde. Neste momento corre-se risco e ainda não temos total segurança. Na Europa, vemos que alguns países já estão voltando para o lockdown, mesmo com a vacina”, explica Elisabeth Siemsen, membro do board da banca.

A pandemia serviu para otimizar o processo de mudança de sede no Rio de Janeiro. A banca também deve ter casa nova nos próximos meses em São Paulo. “Aos poucos estamos voltando e vemos a possibilidade de os colaboradores e sócios optarem por voltarem presencialmente ou não. A única exigência que estamos fazendo é a vacina”, diz a sócia.

Demarest Advogados voltou às atividades de forma presencial agora em novembro e está adotando, além do modelo híbrido, mudanças no dress code, em que os colaboradores poderão trabalhar de forma um pouco mais informal. "Nossa maior preocupação é o bem-estar de nossos profissionais, assim como continuar oferecendo excelência aos nossos clientes. Por isso, adotamos medidas que seguem as tendências mundiais e permitem a conciliação do trabalho presencial à rotina pessoal", afirma Paulo Coelho da Rocha, managing partner do escritório.

O Lefosse Advogados começou em outubro um programa de retorno voluntário ao escritório, atendendo aos protocolos de segurança e saúde. “Neste momento, trabalhamos num plano de trabalho híbrido, que será anunciado em breve, mantendo a flexibilidade demandada pelo novo cenário que se desenha no mercado como um todo. Trata-se de uma nova cultura de jornada laboral, que combina a integração de pessoas proporcionada pelo modelo presencial com a otimização do tempo da forma remota, que dispensa a locomoção”, explica Rodrigo Junqueira, managing partner da firma.

No Siqueira Castro, o modelo híbrido de reuniões deverá permanecer mesmo depois da pandemia.  Mas ainda não há uma previsão de retorno definitivo. “Fizemos uma pesquisa interna e constatamos que cerca de 70% de toda a nossa comunidade, que é composta por cerca de 2 mil colaboradores em 18 diferentes estados do Brasil, prefere continuar realizando home office ou um trabalho híbrido”, afirma Carlos Fernando Siqueira Castro, CEO do escritório. Outro desafio da firma é o de passar para os novos colaboradores a cultura do Escritório. Cerca de 300 profissionais iniciaram as atividades durante a pandemia.

O Cahen & Mingrone está avaliando a possibilidade de retomar as atividades presenciais, em formato híbrido, também a partir de janeiro de 2022. A ideia é que todos estejam imunizados quando o retorno ocorrer. 

“Apesar disso, pretendemos manter protocolos de segurança, com fixação de limite de pessoas que poderão ir ao escritório numa mesma data, reforço de higienização de nossas instalações físicas, medição de temperatura na entrada, uso de máscaras e álcool em gel, bem como estabelecendo orientações para que todos mantenham distanciamento social, lavem as mãos com frequência e priorizem reuniões online, entre outras medidas”, diz Arthur Cahen, sócio fundador do escritório. 

Para além da volta das atividades, o que marca essa nova forma de pensar a atividade jurídica, de acordo com os advogados e especialistas consultados, é o aumento da concorrência, desenvolvimento de novas tecnologias e controle de atividades não presenciais. Esses são fatores considerados diferenciadores e que podem influir no sucesso ou não do escritório nos próximos anos, com ou sem pandemia. 


Mais sobre o assunto: A necessidade de mudança nos escritórios de advocacia do século XXI

Add new comment

HTML Restringido

  • Allowed HTML tags: <a href hreflang> <em> <strong> <cite> <blockquote cite> <code> <ul type> <ol start type> <li> <dl> <dt> <dd> <h2 id> <h3 id> <h4 id> <h5 id> <h6 id>
  • Lines and paragraphs break automatically.
  • Web page addresses and email addresses turn into links automatically.