Jorge Alers: Dentons à conquista da América Latina

Jorge Alers: Dentons a la conquista de América Latina
Jorge Alers: Dentons a la conquista de América Latina
Fecha de publicación: 03/01/2017
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Jorge Alers

Jorge Alers conversou com LexLatin sobre sua experiência liderando a região latino-americana de Dentons, e sobre a expansão da firma maior do mundo, com ao menos 7.500 advogados em 125 escritórios em mais de 50 países. Também comentou sobre a crucial combinação com Muñoz Global, logo da separação dos irmãos Muñoz de Arias.

Fale-nos de seu rol como CEO para América Latina e o Caribe de Dentons, quais são os principais desafios de coordenar uma região tão dissímil e competitiva?   

É um projeto realmente inovador: uma rede de escritórios, que embora se perceba como localizada numa mesma região, têm muitas diferenças de idioma, de cultura e história. O que sim é claro, é a necessidade que tem Dentons de poder identificar escritórios jurídicos de primeiro nível que compartilhem conosco um compromisso profundo com a integridade e com a qualidade dos serviços legais. Essa é a base e os critérios que nos unem. Em Dentons não impomos culturas nem formas de exercer o direito, temos como meta agrupar os escritórios jurídicos de primeiro nível que tenham como objetivo a integridade e a qualidade, e que compartilhem nossa visão do futuro da advocacia abertamente.

Ao longo de minha carreira de mais de 30 anos, tenho tido muito contato com advogados e firmas e tenho podido identificar quais são os critérios de integridade e qualidade dos que falo, mas toma muito tempo assegurar-se de que compartilham os valores porque depois isto é o que nos vai permitir oferecer o melhor serviço aos clientes.

Faz mais de ano e meio, Dentons anunciou sua intenção de expandir-se na América Latina, decisão que se cristalizou com a combinação com Cárdenas & Cárdenas, na Colômbia, e López Velarde, no México, a finais de novembro de 2015. Por quê decidiram entrar na região centro-americana antes de fazê-lo noutras jurisdições na região? Quais particularidades tem a região que resultam atraentes para uma firma como Dentons?

Para nós o mais importante é o talento. A advocacia tem se convertido numa profissão que depende do talento e este se localiza em muitas partes do mundo.

Dentro da América Latina, temos como objetivo ter escritórios nos países nos que nossos clientes mais nos necessitarem e onde puderem aproveitar nossa plataforma global da melhor maneira. Quê implica isto? Que os países que estiverem mais integrados ao sistema global, onde há investimentos e movimento comercial, são os que poderiam aproveitar melhor a plataforma de Dentons. Nós estamos interessados em chegar ao Peru, Chile, e Brasil, mas o projeto também inclui América Central porque é uma das regiões mais integradas ao sistema econômico global.

Agora, nós não temos uma lista de quais são os objetivos ou qual seja a prioridade. Tudo começa como um namoro, a gente tem que os conhecer e eles a nós, tem que se compartilhar informação, ver qual é sua visão a futuro, pois entram a formar parte duma cultura que se denomina policêntrica onde sim se possa aproveitar uma rede de advogados de todo o mundo para oferecer ao cliente o melhor serviço possível, a través da tecnologia com acesso imediato e profundo às práticas e conhecimentos doutras partes do mundo.

Falemos sobre a decisão de aliar-se com Muñoz Global, como foram as negociações e quanto duraram. Por quê selecionam os irmãos Muñoz? Quais são seus principais aportes à estrutura de Dentons?

O mais importante é que eu conheço o mercado costarriquense pois eu sou originário de lá. Tenho tido a oportunidade de trabalhar com os irmãos Muñoz desde antes, com Muñoz & Muñoz e depois com Armando Arias, com Arias & Muñoz, ao longo de vários anos. Tenho podido perceber a qualidade, a integridade e, talvez o mais importante, seu compromisso com a inovação e com a ideia de proativamente, buscar mecanismos para fortalecer suas práticas, sempre com a ideia de dar, a seus clientes, o melhor serviço.

Eles fizeram algo totalmente inovador. Uniram-se com Armando Arias para criar um escritório jurídico regional. O primeiro. Foi muito bem-sucedido e esse compromisso que mostraram então, e que tem sido a base de seu sucesso, demonstra um espírito de inovação que tem se tido ao longo dos anos. Quando a gente buscar na América Central um escritório jurídico de primeiro nível, eles o cumprem. São advogados que têm um compromisso com a inovação. São líderes em seu mercado e querem oferecer o melhor produto a seus clientes. É uma união que tem muito sentido. Nós somos um escritório jurídico que está liderando os câmbios mundiais na advocacia e eles têm percebido isto.

O que faz 20 anos tinha muito sentido, buscar uma resposta na região, hoje tem cambiado, o futuro da advocacia está no que tem se visto noutras profissões: a globalização.

¿Como foram as negociações?

Logo de ter assumido o cargo de CEO na América Latina, fiz um recorrido de toda a região. Tínhamos dois objetivos: explicar a visão, que é o que o cliente busca; e iniciar um diálogo com os escritórios jurídicos. 

Primeiro há um processo de conhecer-se, que neste caso foi difícil porque começamos muito ativamente a trabalhar no México e na Colômbia e não nos aproximamos com a mesma rapidez a outros países. Logo que encerrarmos com a Colômbia e México, dedicamos mais tempo a concretizar o projeto na América Central.

As discussões preliminares se iniciaram faz um ano. Foi um processo relativamente rápido, porque quando a gente toma uma decisão não tem sentido demorá-la.

Entendemos que a proposta foi apresentada a Arias & Muñoz, quando ambas as firmas formavam uma só entidade, e que foi rejeitada por um grupo de sócios, o qual derivou na separação dos Muñoz de Arias. O motivo aduzido foi - basicamente - que, numa região com economias tão pequenas, a estratégia de formar aliança com uma só firma global não tinha sentido econômico. Quê opina o senhor deste comentário?

Embora ache que o experimento que lançaram Armando Arias e os irmãos Muñoz faz 20 anos era o melhor modelo para seus clientes, hoje os clientes não somente querem uma cobertura regional, senão global.

Também o que percebemos é que a plataforma de Dentons oferece aos advogados a possibilidade de melhorar seus próprios serviços. E o que se percebe é que os clientes hoje em dia estão exigindo-o assim, e se a gente somente tiver como ponto de referências operações em seu próprio país, não pode assegurar a seus clientes que está tomando em conta todas as ideias que estiverem ocorrendo no mundo.

Qual é a estratégia de crescimento que implementará Dentons na região?

Sempre a ideia nossa tem sido a de realizar combinações com escritórios jurídicos já existentes e bem-sucedidos. Nosso contexto, onde não temos uma casa matriz (policentrismo), reflete a realidade de que hoje em dia não há uma só forma de exercer o direito.

A ideia é assegurar-se que o melhor talento dos países tenha acesso a experiências, conhecimento, práticas, e modelos noutros países e os melhores advogados possam incorporar essas ideias em seus próprios contextos. Tomando isto em conta nós não fazemos o que muitos outros escritórios jurídicos: enviar um advogado de casa matriz para colonizar senão que reconhecemos o mérito dos advogados qualificados em seu próprio país.

Quando se faz cherry-picking, não existe essa harmonia que nós identificamos. Se a gente tomar o caso dos irmãos Muñoz, por exemplo, já há uma harmonia dentro dos escritórios, um espaço onde todos compartilham este espírito de inovação e não há diferenças que possam afetar muito as relações entre os sócios.

É muito interessante que um ano depois de que os escritórios jurídicos têm se incorporado a Dentons, o número de advogados acostuma incrementar. Isto tem sido assim em todos os países. Isso não significa que tenha advogados que não se separem, e não compartilhem nossa visão, o interessante é que os escritórios incrementem o número de seus profissionais cada ano e isto reflete este espírito de buscar escritórios jurídicos já existentes que compartilhem essa visão do que é Dentons.

Com relação ao manejo da firma na América Central e o esquema de retribuição de sócios, há algum elemento especial no esquema de compensação de sócios de Dentons que motive às firmas a formar parte de Dentons, Como concorre a plataforma de Dentons com outros esquemas de aliança?

Nós buscamos escritórios jurídicos com muito talento. Gente que vai ser bem-sucedida - ora se unam ora não se unam a Dentons - porque são advogados altamente qualificados. O que nós lhes oferecemos é a possibilidade de dar a conhecer seu escritório jurídico em distintas jurisdições e a possibilidade de colaboração internacional para oferecer a seus clientes um melhor serviço.

E que implica isso? Na medida em que estes advogados tiverem exposição fora de seu próprio país, podem se incorporar a projetos noutras partes e formar parte de equipes multijurisdicionais para realizar sua prática no estrangeiro.

Mas há muitas firmas globais que poderiam falar de tecnologia e inovação, como Dentons seduz?

Acho que o fator que diferencia Dentons de seus outros concorrentes globais é este conceito que nós chamamos policentrismo. As firmas acostumam nascer com a ideia de formar um só escritório jurídico, com uma casa matriz e o que eles oferecem a seus clientes é uma uniformidade de práticas com uns critérios de casa matriz.

A ideia nossa é totalmente oposta. Isso é o que nos tem permitido atrair tanto talento. Nós respeitamos as diferenças que traz cada uma das firmas que se integrarem a Dentons. Por exemplo, uma vez se unem a Dentons, as tarifas ficam iguais, a ideia não é chegar a impor e cambiar as tarifas. O que se oferece é seguir fazendo as coisas como elas vêm sendo feitas, mas com acesso a um conhecimento que antes não se tinha, e a nova tecnologia. Os melhores advogados já são bem-sucedidos e não querem que venha alguém de outro lado a impor-lhes e dizer-lhes como fazer as coisas.

Como é esse processo de compaginar-se uns com os outros?

Nós não temos classes de sócios. Enfocamo-nos numa integração com formas que nos permitam oferecer um melhor produto. Não pretendemos impor como fazer as coisas no próprio mercado. Os escritórios administrativos na Costa Rica vão seguir funcionando internamente da mesma maneira que o vêm fazendo antes da combinação com Dentons. Nossa integração é para o cliente porque sabemos que vamos poder oferecer um melhor serviço.

E a administração financeira?

Temos um sistema que permite flexibilidade com as companhias locais para que reflita a parte administrativa da realidade local. Estamos oferecendo o melhor serviço possível a um custo razoável. Neste sentido, nós temos uma relação flexível na relação econômica entre os escritórios.

Estou muito orgulhoso dos escritórios que temos podido desenvolver na região e no ano que vem haverá outros escritórios do mesmo nível que ampliarão nossa rede.   

Entendemos que o próximo passo é abrir na Nicarágua. Como vai este projeto? Por quê é especificamente a Nicarágua?

Nós arrancamos na América Central, o que falta agora é o processo de harmonização dos sistemas tecnológicos de Dentons. Isso tomará alguns meses. No Panamá, temos o escritório liderado por Gisella Porras, uma advogada muito proeminente; na Costa Rica, os irmãos Muñoz; e na Nicarágua, estamos a ponto de anunciar publicamente quem estará a cargo do escritório, enquanto o estiver liderando Pedro Muñoz, para isto haverá um processo interno de seleção. Mas nós não vamos parar aí, como tem se comentado é importante ter presença no El Salvador, Honduras e Guatemala. Já Muñoz Global tem instruções bastante adiantadas para abrir escritórios nesses outros países. Isso é parte da expansão na América Central e queremos que se faça no curto prazo.

Seria para o 2018?

Eu sou o diretor da região e queria que fosse o mais pronto possível, mas acho que o mais importante é assegurar-se de que os advogados que se incorporarem sejam de primeiro nível, e que compartilhem nossa visão. Eu acho que o erro fundamental seria estabelecer uma data fixa e ter que incorporar uma pessoa que talvez não compartilhe nossa visão. Esperamos que se faça pronto, mas não quero estabelecer uma data fixa.

Qual é sua avaliação da região e do alcançado até agora por Dentons na América Latina?

Nós estamos sumamente contentes com a qualidade dos advogados que têm se incorporado e com os resultados econômicos que temos visto. Ademais, os clientes estão respondendo duma forma muito positiva, já veem as grandes vantagens de trabalhar com advogados de primeiro nível em países como o México e a Colômbia e agora na América Central.

Quiséramos ter uma cobertura de escritórios mais ampla, porque acho que nossos clientes vão poder aproveitar-se destas sinergias.

É um bom momento para a América Latina. Nós não estamos entrando na região somente porque é um período de crescimento, senão porque estamos comprometidos com a ideia de que o talento existe. Por exemplo, o fato de que o Brasil esteja passando por um momento de crise não significa que não é interessante para a firma, ao contrário, queremos entrar no Brasil. Há leis que fazem mais difícil a chegada de um escritório jurídico como o nosso, mas sentimos que no Brasil há muitos clientes potenciais e talento.

Em relação com este projeto de expansão fora da América Central, qual é o próximo objetivo e quando espera realizar um anúncio?   

Não temos uma lista curta, é até dinâmica. Há duas variáveis: o talento e o compromisso com a visão. Para nós provavelmente os países mais importantes são os mais integrados à economia global: aí está a Aliança do Pacífico, por exemplo, e nos falta completar com o Chile e o Peru; a Argentina, que agora está se integrando ao mercado internacional; o Brasil, que está altamente integrado, é uma economia muito grande, e estamos vendo possibilidades noutros países. 

Já temos conversas formais com vários escritórios jurídicos nestes países, mas não temos datas fixas para fazer anúncios.

Finalmente, como compaginam a expansão na América Central e outras possíveis jurisdições na região com a network que têm criado? Não visualiza um conflito?

Há que reconhecer que o processo de globalização na profissão está se dando. Já a gente vê que há escritórios jurídicos que estão entrando na América Latina. Acho que vai se profundar ainda mais. Hoje em dia, nós temos uma estrutura e visão e acho que essa ideia de policentrismo nos tem permitido no transcurso de 3 anos dar um grande salto e hoje em dia somos o escritório jurídico maior do mundo.

Acho que isso vai seguir, obviamente vai haver uma reação com os escritórios jurídicos em diferentes países. É um mundo bastante dinâmico. Vamos por bom caminho. Algo que se reconhece muito de Dentons é a inovação, estamos investindo muitos recursos em tecnologia legal e isso vai afetar a forma em que se entregam os produtos. A ideia nossa não é reagir ao câmbio, senão liderá-lo.

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