Armando Arias: “Nosso modelo foi único na América Central”

Armando Arias: “Nuestro modelo fue único en Centroamérica”
Armando Arias: “Nuestro modelo fue único en Centroamérica”
Fecha de publicación: 29/11/2016
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Armando Arias
Armando Arias

Conversamos com Armando Arias para a série de sócios-diretores de firmas latino-americanas. Logo da saída dos Muñoz de Arias & Muñoz, falamos do futuro da firma no novo e dinâmico contexto regional. Arias insiste no interesse do escritório jurídico em estarem abertos às alianças que lhes permitam seguir sendo uma organização flexível e manter relações com firmas e clientes de todo o mundo.

Poderia identificar alguma qualidade ou habilidade sua que tenha sido o catalizador de seu sucesso?

Eu lhe diria que ademais da imensa misericórdia de Deus, que me tem guiado e iluminado, o estar totalmente disponível para os clientes. Informar-se das necessidades dos clientes e ser um sócio estratégico e confiável. 

Quais eram os desafios a finais dos 90 quando se fusionaram com os doutores Muñoz e quais são os de agora com sua saída da firma?

Nesse momento, a mediados de 1995, nós em Arias tivemos a ideia de expandir-nos na América Central, e assim a desenvolvemos. Naquele momento já tínhamos 50 anos de existência. A presença de multinacionais e empresas internacionais em El Salvador e na América Central em geral foram a motivação para expandir-nos na região. À raiz dessa ideia que tivemos, convidamos à firma Facio & Cañas a unir-se conosco. Nessa firma eram advogados os Muñoz. Então, os senhores Facio pensaram nessa ideia nossa, mas ao final foi mais rápido e mais simples convidar os doutores Muñoz a que viessem conosco e se aderissem à firma.

Como Arias, abrimos Guatemala, Honduras, etc. Então incluímos os Muñoz, que estavam em Costa Rica. Essa foi a ideia e o modo em que começamos a expansão. Eu fui sócio administrador regional em todas os escritórios desde que começamos o projeto de regionalização. Agora, de frente ao futuro, compramos a participação dos Muñoz em Arias & Muñoz. Ficamos com o nome da firma Arias & Muñoz, mas os sócios por unanimidade decidimos regressar às nossas raízes: voltamos a Arias.

Algo importante é que a participação de propriedade que compramos a Muñoz está sendo distribuída entre todos os sócios. Desta maneira, um primeiro câmbio de estrutura na firma é que de hoje em adiante todos os sócios da firma vão ser proprietários, o que em inglês se denomina equity partnership.

A profissão tem evolucionado muito. Em Arias fomos pioneiros na regionalização. Realmente, vamos à frente do resto das firmas em pelo menos 10 anos em regionalização. Nosso modelo foi único, no sentido de que nós sim somos uma só firma. Temos escritórios em todos os países onde operamos, a diferença de outras nas que há redes, alianças ou consórcios que continuam sendo independentes, mas que mercadejam como um só escritório jurídico. O manter todas os escritórios e seguir sendo um só nos permite evitar conflitos de interesses e dar serviço com igual supervisão de qualidade em todas as jurisdições. Ao mesmo tempo, nos permite seguir sendo uma empresa jovem. A média de idade dos sócios é 40 anos e a idade média dos advogados é de uns 38 anos. O que quero dizer é que, a pesar de que levamos 75 anos no mercado, somos uma firma jovem, que se renova, ágil e muito flexível na tomada de decisões e no serviço ao cliente.

A globalização e o dinamismo destes tempos têm obrigado às firmas a inovar e a adotar uma série de câmbios em suas políticas e procedimentos a todo nível. Câmbios que no caso de Arias, neste momento, têm que ver muito com a volta às raízes e um processo de rebranding. Como vão afrontar esta volta à origem tendo em conta os câmbios que tem tido na região no século XXI?

Quando falamos de volta às nossas origens, falamos de volta ao nome Arias, é o único. Mantemos sempre altíssimos os valores éticos, morais e os padrões de serviço ao cliente. Acho que isso é importante. Como dizia antes, nossa firma é muito ágil, muito leve e flexível na tomada de decisões. Algo que não perdemos nunca de vista é o antecipar-nos aos tempos, antecipar-nos às tendências, às necessidades da clientela. Isso é algo que permanentemente temos presente. Nós estamos renovando-nos e estamos inovando. Agora começa um processo, a partir destes 75 anos, de desenvolvimento estratégico e de volta a uma análise que fazemos cada 5 anos. Nesta análise nos perguntamos: onde estamos, para onde vai o mercado, quais são as novas tendências e como podemos seguir sendo os pioneiros e os forjadores da profissão na América Central e no mundo.

Como precursor do modelo de firma regional, modelo que está ganhando terreno na América Latina, quê opina de seu desenvolvimento na região?

Eu acho que todo o mundo tem que ser membro da comunidade internacional. Nós na América Central somos uma só firma, o pactuamos assim. Mas fora, temos a capacidade de atender qualquer tema legal que o cliente desejar través de todos nossos contatos e relações com firmas de primeiro nível. Formamos parte de alianças e associações como PRAC e como INTA, onde temos relações com centenas de firmas. O modelo nosso segue sendo um só modelo na Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Costa Rica, etc.

As firmas internacionais têm feito um desembarque importante na América Latina. Neste sentido, muitos advogados afirmam que a tendência na região é a consolidação regional e global. Pela decisão que o senhor e seus sócios adotaram recentemente, se interpreta que são da opinião de que as firmas independentes sobrevivem. Por quê? Acha que esta tendência poderia variar ao curto prazo?

Pensamos o seguinte: Em primeiro lugar estamos permanentemente abertos a analisar e conversar sobre as oportunidades que vão sendo planteadas. Mas sentimos que o mercado centro-americano é demasiado pequeno para que a gente possa associar-se ou aliar-se com uma só firma. Em mercados como o Brasil, Colômbia, México, Argentina ou outros países - que são economias muito maiores que as economias centro-americanas -, pode ser que isto tenha sentido. Mas em países tão pequenos como os centro-americanos a gente não pode depender exclusivamente da referência e do negócio mandado por uma firma só. Temos visto que neste momento recebemos e enviamos trabalho duma grande quantidade de firmas internacionais, com as quais temos muito boas relações, mas nenhuma exclusividade.

Temos sondado e analisado o mercado. No momento em que a gente se alia ou compromete com uma só firma internacional, se torna concorrência direta de todas as demais que antes lhe mandavam trabalho. Então, cremos que isso funciona numa economia muito grande, onde a gente tem a possibilidade e capacidade de viver e prosperar com uma só organização. Sentimos que enquanto que o mercado de América Central não cresça o suficiente, para nós não é possível afiliar-nos a uma só firma internacional, excluindo assim o resto de firmas com as que temos boa relação. Consideramos que enquanto que sejamos a firma de referência, vamos ser o ponto de referência para qualquer cliente que tenha negócios em nossa zona.

Arias como firma centro-americana independente, prevê projetar seu crescimento para outras jurisdições dentro e fora da América Central? Consideram expandir-se naqueles mercados onde já operam? ¿Querem potenciar algum em particular?

Claro que sim. Queria que se notasse a ênfase que tento fazer em que estamos permanentemente analisando e vendo oportunidades, potenciais negócios e analisando as tendências, ademais de antecipando-nos ao que o mercado precisar. Constantemente observamos em que jurisdições podemos ser não concorrência, senão complemento.

Sem ser muito específico, porque está ainda em processo de análise, posso lhe dizer que estamos pensando no Caribe e na América do Sul.

Consideraria a possibilidade de unir-se a algum grupo de firmas que lhe permita, por um lado, manter intactas as relações com firmas globais e que, pelo outro, potencie suas capacidades na América Latina?

Claro que sim. Estamos abertos a qualquer oportunidade que nos permita seguir crescendo e manter o modelo que temos seguido até agora. Isso é o que nos tem permitido ter muito sucesso. Consideramos que é o que nos funciona na América Central.

Esperava-se a chegada de firmas internacionais na região centro-americana e Dentons tem sido a primeira. Pensa que seguirão outras firmas globais ou internacionais?

É provável, a gente tem que fazer uma análise de mercado, e uma análise de conveniência para a firma e para os clientes. Este modelo poderia ser interessante para firmas pequenas que não têm o nível de relações como nós, onde basicamente somos a firma de referência para qualquer firma do primeiro mundo que desejar fazer negócios na América Central. Não cremos numa simples aliança pelo fato de ter-se aliado. Achamos que o mais importante é o serviço ao cliente e o serviço às firmas internacionais com as que nós temos relações.

Qual foi a principal razão pela qual o senhor e seus sócios decidiram não formar parte do projeto de Dentons?

Sentimos que o unirmos a uma aliança ou uma firma neste momento nos limitaria precisamente o fato de poder ter flexibilidade e disponibilidade com qualquer firma internacional. Isso o vemos porque se nós nos aliarmos seríamos concorrência duma quantidade importante de firmas com as que agora temos muito boas relações. Como temos a liberdade de atender qualquer escritório jurídico de qualquer lugar, temos a possibilidade de negociar por todo o mundo.

Numa entrevista anterior com LexLatin indicou que tem dividido o equity dos sócios cessantes entre os demais sócios. Prevê realizar câmbios nos esquemas de compensação de sócios, retenção de talento e organização corporativa dentro da firma à raiz deste evento? Quê lições extrai desta experiência?

Os sistemas de compensação que temos são altamente atraentes para nossos sócios e advogados em geral. Se se revisarem as cifras de rotação em nossa firma, verá que são escassas, quase perto a cero. Onde tinha muita rotação era precisamente no escritório da Costa Rica, que é onde os Muñoz administravam. Ali temos cambiado o sistema para homogeneizá-lo com o que temos no resto de escritórios. Estamos permanentemente vendo que é o que mais convém a nossos advogados. O sistema de compensação que a firma tem funciona, os advogados se sentem cômodos e bem remunerados. Há um sentimento de pertença muito grande de todos os que trabalhamos em Arias. Aparte disto, exceto à saída dos Muñoz e de alguns que trabalhavam diretamente com eles, a firma se mantém intacta.

Embora a presença da mulher no exercício da advocacia na América Latina é significantemente alta, seu posicionamento como sócia e em cargos diretivos nas firmas latino-americanas é muito baixo. Por quê?

Nós somos a exceção porque em nossa firma os sócios administradores em Honduras e Nicarágua são mulheres, um dos sócios administradores na Costa Rica é uma mulher, e a sócia- administradora no Panamá é mulher também. Isto é, em 4 de nossos 6 escritórios, administram mulheres. Nós sim nos diferenciamos nesse sentido. A diversidade a tomamos em base a méritos e se uma mulher tiver méritos para ser sócia e para ser administradora, o reconheceremos. Mais da metade dos advogados de Arias são mulheres. Também, mais da metade dos sócios são mulheres. Para mim seria difícil opinar sobre o que me pergunta porque somos a total diferença das outras firmas. Nós cremos muito no talento das mulheres. Apreciamo-las e as reconhecemos e recompensamos tal como são. Não tenho, contudo, a menor ideia de por quê sucede noutras firmas.

Poderia compartilhar uma anedota ou um momento definitório de seus primeiros anos como advogado que o tenha colocado no caminho que o trouxe até aqui?

Eu lhe poderia dizer que em meu caso acabei sendo advogado por meu pai quem fundou a firma faz 75 anos e morreu faz três anos, aos 98 anos de idade. Para mim, ele foi um exemplo. Naquela época, faz 40 anos que me formei e 50 que comecei a estudar advocacia, ninguém me perguntou se queria ser advogado. Naqueles tempos era tão simples como que se o pai era advogado, o primogênito tinha que sê-lo também. Eu dou graças a Deus de que tenha sido assim.  

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