Projetos de energia limpa impulsionam a colaboração entre escritórios

Com a pandemia, a prática colaborativa reformulou seu papel no fechamento e negociação de diversos acordos jurídicos. / Unsplash, Nuno Marques.
Com a pandemia, a prática colaborativa reformulou seu papel no fechamento e negociação de diversos acordos jurídicos. / Unsplash, Nuno Marques.
Para The Law Firm Network, 2022 abre oportunidades para serviços jurídicos colaborativos.
Fecha de publicación: 15/02/2022

A pandemia trouxe novos desafios para os escritórios de advocacia que lidam com transações envolvendo as legislações de dois ou mais países. Com restrições de viagens, impossibilidade de reunião e reuniões virtuais, a prática colaborativa reformulou seu papel no fechamento e negociação de diversos acordos jurídicos.

Nesse sentido, Alejandro Fiuza, diretor regional para as Américas da The Law Firm Network (LFN), associação de escritórios de advocacia independentes e sócio e coordenador da prática latino-americana do escritório internacional Brown Rudnick, comenta que, embora se possa afirmar que a pandemia mostrou que os negócios podem ser fechados remotamente, "os escritórios de advocacia locais ainda desempenham um papel muito importante para ajudar a navegar nos ambientes desafiadores da América Latina e fornecer a assistência de última milha necessária em negócios internacionais", diz.

Conferência em Miami
Conferência em Miami

De acordo com a S&P Global Market Intelligence, o número de fusões e aquisições na América Latina caiu 33% nos primeiros meses de 2021, em relação ao mesmo período de 2020, tendência que deve ser revertida pelo aumento de inovações e tecnologia, além de ser impulsionado por operações de capital de risco.

Somente nas aquisições, segundo Ágora de LexLatin, o número de operações realizadas em janeiro passado representa 66% das que foram fechadas em janeiro de 2021.

“Mesmo que o mercado latino-americano de fusões e aquisições se recupere do impacto da pandemia, os desafios continuarão a ser abordados em várias frentes. Empresas que foram fortemente afetadas por paralisações governamentais e outras restrições agora são alvo, mas possivelmente enfrentam maior incerteza nos mercados tradicionais da América Latina, em função da instabilidade política”, comenta o especialista.

Esta é a oportunidade identificada pela LFN no estabelecimento de alianças estratégicas. Nas palavras de Peter W.R. Krarup, presidente da The Law Firm Network e sócio do escritório dinamarquês Mazanti-Andersen, a maioria dos escritórios de advocacia tem escritórios em alguns países, portanto, ter uma rede de colaboração em diferentes latitudes permite oferecer um melhor serviço para clientes que realizam transações multijurisdicionais e de forma mais ordenada.


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Segundo o presidente da LFN, a associação tem uma vantagem fundamental que consiste em uma série de opções de assessoria jurídica, em diferentes ramos e países, que permitem encontrar o profissional com a experiência que a situação exige.

“Como o LFN é baseado em relacionamentos pessoais e de longo prazo, as necessidades do cliente sempre estarão em primeiro lugar e, portanto, é importante para um membro que um caso encaminhado seja tratado de forma profissional, rápida e correta”, detalha Krarup.

Por sua vez, Fiuza avalia que o crescimento da classe média na América Latina trouxe novos desafios para a colaboração entre escritórios de advocacia com diferentes especializações e com um marcado tom transfronteiriço.

Oportunidades na América Latina

Para o diretor regional da LFN, há setores que sugerem ser uma porta dinâmica de negócios transfronteiriços. No entanto, regulamentações, litígios e outros desafios ressaltam a importância da prática colaborativa quando se trata de operações multinacionais.

Conferência em Miami
Conferência em Miami

Algumas dessas "portas dinâmicas" estão no setor de tecnologia. Segundo Ágora, as aquisições de empresas cujo negócio é baseado em tecnologia aumentaram, na América Latina, 25% comparando o primeiro trimestre de 2020 com o de 2021.

O mesmo acontece com o setor de energia, para o qual devem ser considerados os compromissos governamentais e empresariais na transição para fontes renováveis. Os registros de Ágora indicam um crescimento nas aquisições de energia renovável na região de 47%. Isso durante o primeiro trimestre de 2020 e 2021, e espera-se que continue crescendo para este ano.

Há também um aumento específico de empréstimos ou financiamentos, de 21%, para o mesmo período.

Neste ponto, deve-se notar que os objetivos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), particularmente na neutralidade das emissões de carbono, estabeleceram o padrão para um novo paradigma de eficiência —que já é notório— para os negócios.

Krarup acrescenta que na América Latina há um comércio significativo entre os países da região e que, cada vez mais, a necessidade de assistência jurídica fronteiriça se faz necessária.

“A visão de negócios pós-pandemia oferece uma oportunidade única para ampliar a colaboração entre os países”, enfatiza o presidente da LFN.


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Desafios da LFN

Além da busca constante por oportunidades no continente, outro dos desafios da LFN é o retorno aos encontros presenciais.

Apenas alguns dias atrás, a associação realizou sua conferência regional em Miami, onde 13 palestrantes incluíram Mark Dorff de Brown Rudnick; Eduardo Boccuzzi do Boccuzzi Advogados; Gonzalo Oliva Beltrán de Barreiro, Oliva, De Luca, Jaca & Nicastro; Ricardo Ríos Ferrer de Ríos Ferrer Guillén Llarena Treviño y Rivera; José Tomás Barrueto de Bertrand-Galindo Barrueto Barroilhet; Romina Santroni de Santroni Parsons; Santiago Thomás de Carranza de Thomás de Carranza Advogados; Rafael Truan Blanco, diretor executivo da LFN, Fernando Peláez-Pier CEO de LexLatin e Rosa Rascón, consultora legaltech da Thompson Reuters, discutiram questões relacionadas a fontes de financiamento para tecnologias limpas; os novos veículos de investimento com ênfase em VC, SPAC, NAC e o financiamento de contencioso em relação às mudanças climáticas.

Na conferência, especialistas também falaram sobre indústrias como a de hidrogênio no Chile, a reforma energética mexicana e o possível papel da Argentina como fornecedora de recursos naturais e energia limpa.

“O desafio mais óbvio é retomar os encontros e conferências presenciais, já que a rede é fundada e fortalecida pelas relações pessoais entre os membros”, diz o presidente da LFN.

No dia 16 de outubro deste ano, a LFN realizará sua 13ª Conferência Anual em Budapeste.

“A LFN tem membros em mais de 52 países e temos uma rede global estendida com escritórios de advocacia em quase 80 países adicionais. Mas o nosso foco continuará a ser a conquista de novos membros para que as jurisdições que não estão atualmente abrangidas possam ser representadas”, afirma o presidente da Associação.

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