O que falta para transformar a indústria jurídica na América Latina?

A situação atual trouxe uma agenda própria para escritórios de advocacia de todos os portes em que as prioridades têm sido manter os empregos atuais / Pixabay
A situação atual trouxe uma agenda própria para escritórios de advocacia de todos os portes em que as prioridades têm sido manter os empregos atuais / Pixabay
Os 12 pontos que os advogados devem levar em consideração para promover uma verdadeira mudança na profissão.
Fecha de publicación: 08/09/2020

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Os anos de 2019 e 2020 se caracterizaram por duas frentes. A primeira, positiva, é que termos como Legal Innovation, LegalDesign, LegalTech, Legal Operations (ou 'Legal Ops'), Legal Project e tudo o que já é feito em outras indústrias, mas adaptado ao mercado jurídico, já foram ouvidos, lidos e / ou conhecidos por um grande número de advogados, graças ao grande número de eventos que têm ocorrido sobre estes temas.

Em 2016 ocorreram apenas seis eventos focados em abordar temas “inovadores” para o setor jurídico na América Latina. Durante este ano de 2020 foram mais 70, um número que continua a aumentar. Mas ainda não é suficiente, o alcance é de 30% da indústria - esse dado é comprovável.

A segunda frente que mencionei é que talvez com o bom espírito de divulgação destes temas, muitos profissionais se assumiram como palestrantes, expositores, conferencistas e / ou promotores e desenvolvem estes temas em diversos espaços. Porém, esse desenvolvimento em muitos continua muito etéreo e subjetivo, o que dificulta a compreensão da realidade da região e impacta na geração de uma real transformação da industria jurídica. Por favor, entendam que não procuro criticar, mas sim evitar um erro que já foi cometido em outras latitudes e que os convido a não repetir aqui.

Meu postulado é que um profissional, para apresentar um tema, deve estudá-lo por pelo menos dois anos e / ou desenvolvê-lo de forma prática e em projetos tangíveis (cerca de quatro anos), o que permite fornecer conhecimentos aplicáveis ​​a cada mercado, caso dependa das diferentes variáveis ​​práticas que possam existir.

Mas o que tudo isso tem a ver com o título do artigo? Bem, a relação é que uma das coisas que pude apreciar durante esses anos é que ainda há um trecho do caminho que não terminamos de percorrer para poder gerar que todos os termos mencionados no início deste artigo possam se generalizar no setor e gerar a tão desejada transformação.

Assim, conduzi uma investigação que rende 12 pontos que, em minha opinião, considero pendentes. Talvez em muitos deles haja avanços, mas algumas árvores não fazem a floresta.

A nivel macro:

  • Levantamento e sistematização de dados atuais do setor jurídico;
  • Revisão e mudança de percepção do papel do advogado na sociedade;
  • Reformulação do currículo ou formação universitária;
  • Formalização da atividade profissional e criação de sindicato que promova a competitividade e transformação do setor;
  • Investimento em infraestrutura de base de TI para o desenvolvimento das atividades iniciais do advogado.

A nivel micro:

  • Mudança de mentalidade e priorização de investimentos das lideranças do setor jurídico (escritórios de advocacia, gestões jurídicas e órgãos do Estado)
  • Utilização de organização, estrutura, indicadores e modelos eficientes de direção ou gestão em todos os níveis;
  • Profissionalização e independência na gestão das diferentes entidades do setor jurídico;
  • Maior comprometimento e investimento nos profissionais e ferramentas de apoio em sua função e / ou organização;
  • Mudança na relação do advogado com outras profissões de apoio ou complementares;
  • Promoção da equidade, diversidade, inclusão em suas organizações;
  • Revisão e implementação de:        

- Esquemas de remuneração sustentáveis, escaláveis ​​e competitivos;

 

Programas de treinamento para pré e profissionais;

 

Políticas de assédio no local de trabalho, bem como outras questões relacionadas ao capital humano (linhas de carreira, sistemas de avaliação, manual de funções, etc);

 

Plano de treinamento para as novas demandas do mercado (soft skills, inovação, cultura digital, etc.).

 

Além do que foi dito acima, a situação atual trouxe uma agenda própria para escritórios de advocacia de todos os portes, em que as prioridades têm sido manter os empregos atuais, ser financeiramente sustentáveis, adaptar-se a todas as demandas e mudanças de clientes - que não deram muitas opções de negociação - e, como todos, ver a forma de se reinventarem ou se adaptarem rapidamente a uma situação que ninguém sabe quanto tempo vai durar.

Por fim, vamos continuar a impulsionar e promover o ecossistema de inovação no setor jurídico, mas não vamos esquecer que ainda existem muitas questões a serem resolvidas e que muitas delas continuarão a travar uma transformação real que alcance a todos. E quando digo todos, não me refiro apenas aos advogados, mas também à sociedade.

*Wilfredo M. Murillo Tapia é sócio Peru - Gericó Associates.

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