Os desafios para a gestão jurídica em 2023

O cliente no centro do negócio, retenção de talentos e simplicidade contribuirão para a gestão de uma equipe jurídica em um mundo VUCA. / Unsplash.
O cliente no centro do negócio, retenção de talentos e simplicidade contribuirão para a gestão de uma equipe jurídica em um mundo VUCA. / Unsplash.
Aqui estão oito elementos fundamentais para consolidar a gestão jurídica como aliada estratégica da organização.
Fecha de publicación: 13/12/2022

A transição para um mundo pós-pandemia, a inflação, o trabalho remoto, as mudanças políticas, o inevitável aumento da regulamentação, a criação de novos produtos e mercados, assim como as expectativas dos consumidores e clientes internos e externos, a transparência e os avanços digitais têm pressionado os departamentos jurídicos a serem mais inovadores, eficientes e entregar resultados nunca antes vistos.

Como se não bastasse tudo isso, as estruturas de negócios e transações tornaram-se mais complexas em decorrência de empresas com alto grau de globalização, o que leva os departamentos jurídicos a priorizar a auditoria, a mitigação de riscos e o controle dos negócios. Tudo isso para neutralizar os problemas de suporte, oferecendo assessoria jurídica a novos negócios de forma eficiente e eficaz, gerando oportunidades escaláveis. Para adicionar mais pressão, os departamentos jurídicos estão sendo obrigados a adotar tecnologias e usar dados para tomar decisões estratégicas.

Neste cenário e tendo em conta que o mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) vai continuar a médio prazo, penso que é necessário ter um direcionamento naquilo que, a meu ver, serão as tendências e desafios em que os departamentos jurídicos terão de colocar mais ênfase e esforços até 2023. Desta forma, considero oportuno recomendar aos departamentos jurídicos que elaborem uma estratégia considerando suas circunstâncias, orçamento e maturação do negócio, que deve incluir os seguintes elementos:

  • Tech (repositório de informações - dados, modelos e processos). Cada departamento jurídico deve destinar parte de seu orçamento para utilizar tecnologias que aumentem a eficiência dos processos e sua operação.
  • Gerenciamento remoto. Com a inevitável sinergia intergeracional, o trabalho completamente presencial será praticamente impossível, simplesmente porque os advogados juniores nunca mais aceitarão esse tipo de trabalho. Para eles, o formato híbrido ou remoto traz uma melhora perceptível na qualidade de vida, pois não precisam lidar com política interna nas empresas, transferência para o local de trabalho etc. Os gestores terão de administrar essa questão por diferentes razões, o que implica ensinar advogados inexperientes no trabalho remoto, manter a equipe altamente motivada e unida, evitar problemas de saúde mental, entre outros.
  • Retenção de talentos. Com um mercado cada vez mais competitivo, advogados de destaque esperam que as empresas façam um esforço significativo para reter talentos usando remuneração e/ou promoção como elementos principais. Além disso, outros elementos que serão bem avaliados são uma cultura interessante para trabalhar, possibilidade de regime de trabalho híbrido ou remoto, cursos de especialização promovidos pela empresa etc.
  • Assessores externos. Os departamentos jurídicos corporativos devem estar preparados para trabalhar com assessoria externa especializada. A chave para manter esses serviços é o valor, a experiência, a eficiência e a assertividade do processo. Assim, os departamentos jurídicos devem ter um pool de bons aliados, como escritórios de advocacia, secondment, provedores de serviços jurídicos alternativos, que tenham estruturas de taxas flexíveis e tempos de resposta aceitáveis ​​para os requisitos da empresa.
  • Conformidade (Privacidade de Dados e ESG). Embora esquecidas nos últimos anos, as empresas devem manter políticas de tolerância zero para negócios e procedimentos irregulares em estruturas cada vez mais complexas, a fim de evitar multas e irregularidades que possam abalar a reputação da empresa pela falta ou nenhuma fiscalização. A ética e a responsabilidade social corporativa devem sempre prevalecer no desenvolvimento de negócios de sucesso.
  • O cliente no centro do negócio. Como já dissemos em outras colunas, o departamento jurídico deve trabalhar para os clientes, sempre seguindo os processos e as políticas internas. Dessa forma, a área jurídica deve estar sempre disposta a questionar se o trabalho que realiza auxilia e melhora os negócios ou projetos de seus clientes internos e externos.
  • Globalização. Como mencionamos no ano passado, o aumento do volume e da complexidade dos negócios cria um grande desafio para os departamentos jurídicos que possuem negócios para administrar em diferentes jurisdições. A globalização não vai parar, então quanto mais cedo as corporações entenderem que devem se adaptar a cada jurisdição com suas peculiaridades legais e culturais e como fazer negócios, melhor.
  • Simplicidade. Os departamentos jurídicos devem estar focados no negócio, uma vez que é prioritário garantir a simplicidade nas respostas oferecidas e na comunicação, com o objetivo de agregar valor ao core business da empresa, aumentando a eficiência, diminuindo o tempo de resposta e assumindo o máximo de risco dentro dos parâmetros definidos pela corporação. A área jurídica deve comunicar simplicidade do ponto de vista do cliente.

Como o mundo muda vertiginosamente a cada dia e os mercados são extremamente dinâmicos, sugiro sempre fazer ajustes nesse roteiro, o que levará os departamentos jurídicos a terem cada vez mais participação nas tomadas de decisões das empresas, sendo parceiros de negócios nas estratégias da organização.

*Diego Ignacio Gómez M. é advogado pela Universidad de los Andes (Chile) e LL.M. pela FGV (Brasil). Trabalhou em escritórios de advocacia no Chile e no Brasil e em empresas multinacionais líderes em suas áreas de atuação na região. Atualmente, trabalha como in-house na FIS, a maior fintech do mundo, com foco no México e na América Latina.

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