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A notícia da incorporação do ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, como sócio de uma consultoria global de gestão de empresas movimentou o mercado jurídico brasileiro nesta segunda-feira (30). O ex-ministro da Justiça vai trabalhar numa consultoria mundial, a Alvarez & Marsal, nas áreas de disputas e investigações e ocupará o cargo de sócio-diretor em São Paulo.
"Ingresso nos quadros da renomada empresa de consultoria internacional Alvarez & Marsal para ajudar as empresas a fazer coisa certa, com políticas de integridade e anticorrupção. Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses", afirmou Moro no Twitter.
O site da consultoria também divulgou uma fala do ex-ministro sobre sua entrada na companhia. “O modelo integrado da Alvarez & Marsal e o grupo de líderes com prévia atuação em funções governamentais e regulatórias reflete minha própria experiência e cria uma base sólida para fornecer soluções em todo Brasil, América do Sul e outros países. Estou ansioso para contribuir para o legado da empresa de impulsionar a mudança e ajudar clientes a resolver desafios atuais e antecipar os futuros”.
Uma polêmica que surgiu com a contratação de Moro é que a consultoria atua como administradora judicial da Odebrecht, empreiteira investigada pela Lava Jato quando ele foi juiz do caso. Segundo representantes da Alvarez & Marsal, a empresa atua nesse caso como o “olho do juiz dentro da companhia” em recuperação, é “quem fiscaliza todo o processo”. Eles informaram que o ex-ministro irá trabalhar em outra área, de forma separada e independente do setor de administração judicial.
A Alvarez & Marsal tem matriz em Nova York e foi fundada em 1983. Ela é líder mundial em serviços de consultoria, aprimoramento de desempenho de negócios e gestão de recuperação e tem escritórios em várias partes do mundo. São 5 mil pessoas em quatro continentes, que atuam como consultores para corporações, conselhos, empresas de capital privado, escritórios de advocacia e agências governamentais. No Brasil são 500 funcionários, que respondem pela atuação em toda América Latina, inclusive os escritórios de Bogotá e Cidade do México.
Moro começa a trabalhar oficialmente nesta terça-feira (1º) e vai compor uma equipe de 150 funcionários do setor, liderada por Marcos Ganut, que também é sócio-diretor da firma. O ex-juiz, que é especialista em investigações anticorrupção complexas, crimes de colarinho branco, lavagem de dinheiro e crime organizado e vai aconselhar clientes sobre estratégia e conformidade regulatória nos setores de compliance, conformidade e integridade. Ele vai atuar inicialmente em empresas da América Latina.
Segundo representantes da consultoria, num primeiro momento Moro vai assessorar empresas que precisam ser investigadas para apontar diagnósticos e resolução de problemas complexos. Esse é um mercado que tem crescido, mesmo durante a pandemia. É que muitas companhias estão em processo de abertura de capital, os chamados IPOs. Uma investigação detalhada e implantação de sistemas anticorrupção e de integridade ajudam a valorizar as companhias num momento de ida ao mercado financeiro, porque gera confiança junto aos investidores.
Como juiz, Moro atuou na Operação Lava Jato, uma das maiores iniciativas de combate à corrupção e lavagem de dinheiro do Brasil. A Lava Jato gerou uma onda anticorrupção não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Tanto como ministro quanto como juiz federal ele colaborou com autoridades de países da América Latina, América do Norte e Europa na investigação de casos criminais internacionais relacionados a suborno, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e crime organizado.
Como ministro, ele colaborou na criação de programas especiais para reduzir crimes violentos e proteger as fronteiras do Brasil e também foi decisivo na promulgação de leis federais sobre apreensão e expropriação de bens relacionados ao tráfico de drogas e outras atividades criminosas graves. Moro também ajudou na abertura de um canal especial de comunicação entre o setor privado e o Ministério da Justiça e Segurança Pública para facilitar a comunicação de supostas irregularidades.
“Nos esforçamos para incorporar em nossas investigações a experiência exclusiva de nossos diretores administrativos em termos de regulamentação, processo e aplicação da lei - direcionando o foco no que é importante para os reguladores, aumentando a eficiência e reduzindo custos. A experiência de Sergio como ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, somado à sua extensa bagagem em anticorrupção, crime do colarinho branco e lavagem de dinheiro, contribuirá para solucionar os problemas dos clientes”, disse Steve Spiegelhalter, sócio-diretor da Alvarez & Marsal e líder da área de investigações da América do Norte.
O escritório global tem tradição na contratação de ex-funcionários de governos, como Steve Spiegelhalter (ex-promotor do Departamento de Justiça dos EUA), Bill Waldie (agente especial aposentado do FBI), Anita Alvarez (ex-procuradora do estado de Cook County, Chicago) e Robert DeCicco (ex-funcionário civil da Agência de Segurança Nacional), Paul Sharma (ex-vice-chefe da Autoridade de Regulação Prudencial do Reino Unido) e Suzanne Maughan (ex-líder investigativo da Divisão de Execução e Crime Financeiro da Autoridade de Conduta Financeira e investigador destacado para o Escritório de Fraudes).
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