Os departamentos jurídicos estão alinhados com as tendências do mercado? Advogados de empresa opinam

Tendências que impactam os departamentos jurídicos em 2023/Canva
Tendências que impactam os departamentos jurídicos em 2023/Canva
O primeiro trimestre do ano traça as tendências para 2023.
Fecha de publicación: 28/03/2023

A poucos dias do final do primeiro trimestre do ano, identificamos as tendências que vão dominar o setor jurídico em 2023 e que terão impacto na gestão jurídica. Até que ponto os advogados internos, como líderes de departamentos jurídicos corporativos, obtêm essas informações para integrá-las em seu plano de trabalho? Quais são as prioridades dos departamentos jurídicos para 2023 e como se alinham com os objetivos das empresas?

Para responder a essas perguntas, a LexLatin entrevistou três in-house counsel da região, que atualmente ocupam cargos de liderança em empresas de alcance global. Carla Hernández, general legal counsel da Venezuela e Equador na Unilever; Diego Castagnino, diretor jurídico sênior da América Central e Caribe na PepsiCo; e Valentina Moreno, legal director Central America, Andean and Caribbean na Uber.

Informações que definem a tendência

No estudo The Lawyer of the Future 2022, publicado pela Wolters Kluwer, foi coletada a visão de 751 profissionais do setor jurídico da Europa e dos Estados Unidos para revisar os desafios que os departamentos jurídicos têm no cumprimento de suas entregas, abrangendo as expectativas de desempenho e adotar critérios ESG, em um contexto de demandas ambientais, políticas de diversidade e boas práticas de governança corporativa.

Esse estudo identificou cinco tendências principais no setor jurídico:

1) aumento do uso de tecnologia jurídica;

2) gestão do aumento do volume e complexidade da informação;

3) atendimento às expectativas dos clientes e gestores da empresa;

4) melhoria da eficiência e produtividade; e

5) maior utilização de ALSPs (Alternative Legal Services Providers).

De acordo com esse relatório, "a importância crescente da tecnologia jurídica continua sendo uma tendência importante e tem aumentado nos últimos anos". Em 2022, 79% dos advogados afirmaram que é uma das correntes mais importantes, ante 77% em 2021. Destaca-se também que a tendência que mais ganhou força no biênio 2021-2022 foi o “insourcing” dos departamentos jurídicos, com 76% e um aumento de 7 pontos.


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Sobre a intervenção marcante da tecnologia na indústria de serviços jurídicos, um artigo recente de Nicolás Bonina, CEO e fundador da LexRock (empresa de dados, negócios e análise jurídica), menciona o "direito orientado por dados" como uma das tendências de inovação e tecnologia jurídica até 2023. Outras tendências destacadas no artigo incluem: legal analytics, automação de processos, inteligência artificial e design jurídico.

Da teoria à prática

Para Carla Hernández, a abordagem ESG continua a definir o padrão para a gestão jurídica de empresas com presença global. Hernández indicou que dois temas estão atraindo a atenção dos departamentos jurídicos, especialmente nos países latino-americanos, são: a) a proteção de dados pessoais; e b) metodologias de trabalho que incorporem a gestão jurídica como colaboradora das novas abordagens da empresa, utilizando modelos como o Agile, que permitem decisões e ações mais rápidas e eficazes.

A necessidade de as empresas terem um modelo de serviço misto também é uma prioridade. É fundamental poder servir o habitual mercado tradicional, mas também o crescente mercado digital.

“Os departamentos jurídicos de todas as empresas devem acompanhar o negócio no desenvolvimento de todas as plataformas e inovações de e-commerce que ainda são tendência e vieram para ficar”, diz Hernández.

Ela também acrescentou que, para neutralizar os efeitos da inflação globalmente, o departamento jurídico da Unilever deve trabalhar para otimizar os custos dos serviços jurídicos por meio da digitalização e automação de processos. Portanto, a empresa planeja lançar uma plataforma global de autoatendimento jurídico (prática de insourcing) para continuar cumprindo o objetivo de reduzir custos e ser mais eficiente.”

Uma perspectiva semelhante é oferecida por Diego Castagnino, diretor jurídico sênior da PepsiCo para a América Central e o Caribe, observando que as questões ESG continuarão sendo relevantes para as empresas, pois fazem parte de sua visão estratégica de longo prazo. Especial atenção também será dada ao uso da inteligência artificial, que ganha cada vez mais força no setor jurídico.

Por fim, Castagnino indicou que outro tema ao qual dedicarão atenção este ano é o de Legal Operations, especialmente no que diz respeito a conhecer seus benefícios e o valor agregado que pode gerar por sua função.


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De uma perspectiva diferente, Valentina Moreno, da Uber, indicou que as prioridades da empresa para 2023 se baseiam em quatro áreas: aumentar o poder da plataforma, semear para o futuro, aproveitar a tecnologia e melhorar o ambiente de trabalho. Este último envolve a atenção a questões fundamentais para motivar as equipes de trabalho, como: vivenciar os valores da instituição, criar e desenvolver carreiras e aumentar a diversidade a equidade e a inclusão.

De todo o exposto, reflete-se a harmonia que existe entre os departamentos jurídicos das empresas e as tendências do mercado. Empresas globais como Unilever, PepsiCo e Uber têm suporte jurídico interno que mantém uma abordagem atualizada do trabalho que realizam.

A coordenação que existe entre os objetivos do negócio e a função jurídica não pode ser ignorada. Cada vez mais se acentua o fato de que os departamentos jurídicos são um eixo da organização e que têm a responsabilidade de agregar valor ― assim como as demais áreas ― para que a empresa continue sendo uma entidade produtiva e rentável.

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