Governança: a chave para o crescimento e longevidade nas empresas familiares

Quando o nível de governança é baixo, as decisões acabam sendo tomadas no âmbito familiar, muitas vezes com viés emocional, sem embasamento técnico./Canva
Quando o nível de governança é baixo, as decisões acabam sendo tomadas no âmbito familiar, muitas vezes com viés emocional, sem embasamento técnico./Canva
Tão importante quanto os líderes, são as ferramentas de controle e monitoramento para o sucesso da governança.
Fecha de publicación: 17/11/2023

Quando pensamos em empresas familiares, normalmente vêm à mente organizações de menor porte ou com menor nível administrativo, o que é um equívoco, já que elas podem ter vários níveis de porte e faturamento. Uma pesquisa do IBGC, de 2019, com 279 empresas de controle familiar, identificou uma distribuição bem equilibrada no porte das empresas de controle. Quarenta e sete por cento dessas empresas têm faturamento acima de R$ 100 milhões, das quais 45% faturaram acima de R$400 milhões. Por outro lado, apenas 26% de toda a amostra faturava menos que R$20 milhões. Entretanto, segundo essa pesquisa, menos de 30% das 279 empresas tinham membros da terceira geração envolvidos na administração da empresa.

Mas o que faz uma empresa de controle familiar de sucesso? Obviamente, aspectos de mercado e econômicos são fatores determinantes para existência e continuidade de um negócio; no entanto, a qualidade da governança é que faz com que as empresas familiares superem os desafios e se perpetuem por mais tempo; afinal, a vida de uma empresa familiar deve ir além da expectativa de vida de seus sócios.

Quando o nível de governança é baixo, as decisões acabam sendo tomadas no âmbito familiar, muitas vezes com viés emocional, sem embasamento técnico. Também, é comum em empresas familiares a confusão entre o patrimônio das pessoas jurídicas com os das pessoas físicas. Muitas vezes, os sócios utilizam de recursos da empresa para pagamento de despesas pessoais ou aquisição de ativos de uso próprio e não da empresa.


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E o que seria governança? Seria um sistema composto de políticas e regras que rezam as relações entre os familiares sócios da organização, com os não sócios, e entre todos eles e a organização. A governança regulamenta o funcionamento do conselho de administradores e órgãos fiscalizadores, e as obrigações de sócios e diretores. Adicionalmente, serve de direcionamento da relação da empresa com os agentes externos à organização.  

A governança é importante, ainda, para um planejamento sucessório de qualidade para a perenidade da organização que deve lançar mão, em sua administração, de líderes com alto nível profissional, podendo ser esses membros da própria família ou não. Por isso, é de suma importância a identificação, entre os membros da família, daqueles que têm mais preparo para liderar a organização como forma de proporcionar uma sucessão tranquila e garantir a continuidade dos negócios; caso não seja identificado na família, indivíduos com esse perfil, a contratação de profissionais externos ao âmbito familiar se fará necessária. 

Tão importante quanto os líderes, são as ferramentas de controle e monitoramento para o sucesso da governança. A extração de informações contábeis e gerenciais precisas dará à administração a base necessária para as tomadas de decisões e avaliação do desempenho da organização pelos diretores, sócios e pelos conselhos de administração. Para tanto, a organização deve contar com um sistema contábil (ERP) robusto, uma contabilidade de qualidade e controles internos eficazes. Fazendo-se necessária a auditoria externa para avaliar e validar a qualidade dos dados contábeis para a organização.


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Quanto mais maduro é um sistema de governança, mais qualificado tende a ser o planejamento societário, com a definição de regras para que se evite conflitos entre os sócios que possam causar deterioração e até a falência da empresa.

Portanto, primeiro deve assegurar-se da efetividade dos controles internos, da qualidade da contabilidade, implementando auditorias externas, enquanto são revisadas as estruturas e acordos societários, e as políticas internas da companhia. Deve ser avaliada a necessidade da constituição de conselhos e, dependendo do estágio da governança e tamanho da organização, a adoção de conselheiros externos, para que todas as peças desse quebra-cabeça se integrem perfeitamente.

Por fim, os frutos que serão gerados no planejamento estratégico da organização com a adoção do sistema de governança efetivo serão certos. Como consequência teremos melhores tomadas de decisões, a empresa gerará resultados e fluxos de caixa melhores, sendo melhor avaliada e, consequentemente, alcançará um maior valor de mercado. 

*Luciano De Biasi é sócio atuando na área de Contábil da De Biasi Auditoria, Consultoria e Outsourcing. Especialista em Finanças, Mestre em Ciências Contábeis.

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