A determinação do valor de um escritório de advocacia é complexa e requer um diagnóstico que deve levar em consideração uma série de fatores. Neste exercício, não existe uma fórmula única ou que se aplique igualmente a todos os escritórios.
Os parâmetros de avaliação de escritórios de advocacia não são necessariamente os mesmos de uma empresa em atividade em um determinado setor da indústria, nem são os mesmos usados em um escritório de serviços profissionais. Existe uma série de parâmetros econômicos (ou não) que impactam diretamente tanto na fórmula aplicada quanto na negociação em que a firma está sendo avaliada.
A razão pela qual um escritório é valorizado pode variar. Pode ser para determinar seu valor para fins de venda, fusão ou integração com outra empresa, para contratação lateral, para promoção de novos sócios ou para retirada de sócios, até mesmo para alavancar financiamentos. A verdade é que os sócios de qualquer escritório devem saber e estar cientes de quanto vale seu escritório, por isso a sua avaliação deve ser feita periodicamente, existindo ou não motivo que o exija.
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Os elementos econômico-financeiros a serem considerados são os seguintes:
- Receita bruta e líquida.
- Crescimento interanual.
- Rentabilidade global do escritório e sua rentabilidade para cada uma de suas áreas de atuação e indústria.
- Rentabilidade das áreas de prática que constituem o seu core business.
- Carteira de clientes, fidelização, índices de cobrança (DSO, Aging).
- Reputação nacional, regional, internacional, valor da marca.
No entanto, os elementos não econômicos a serem levados em consideração são:
- Áreas de especialização que compõem o negócio principal do escritório.
- Talento especializado e qualificado, ao ritmo do seu volume de negócios.
- Níveis de inovação e automação de processos e serviços.
No processo de definição do valor do escritório, é importante considerar os dados fornecidos pelas métricas dos fatores mencionados e decompô-los para conhecer detalhadamente os valores financeiros, a fidelização (retenção) de clientes, o investimento em inovação e o desenvolvimento tecnológico. Também a automatização de processos, o investimento no desenvolvimento do negócio, sua estratégia de marketing, o desenvolvimento de clientes existentes e novos e o retorno dos referidos investimentos, bem como o investimento na formação dos profissionais da sociedade em novas especialidades e competências.
A estrutura da firma e sua governança corporativa também têm um peso importante, pois uma firma institucionalizada com uma governança corporativa clara não é a mesma quando comparada a uma firma que é regida com base em códigos não escritos.
O ambiente político-econômico da jurisdição da firma, da mesma forma, tem impacto em sua definição.
Quando se tem o valor base, dependendo da fórmula usada, é importante determinar o fator de multiplicação que será aplicado ao referido valor para determinar o valor final. Esse fator multiplicador depende de outros, inclusive do tamanho do escritório.
Quando nos referimos a escritórios especializados em propriedade intelectual na região, o fato de alguns deles não terem diversificado a gama de serviços que oferecem para atender seus clientes em outras áreas de especialização pode ter um impacto em sua avaliação.
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Na região ainda existe um número significativo de escritórios especializados em propriedade intelectual que poderiam ser classificados como familiares, o que também poderia impactar na negociação se estivermos falando de uma venda ou fusão, devido à dependência que pode existir com o sócio fundador e administrador ou com os membros da família que o dirige.
O fato de ser um escritório familiar não é sinônimo de não ser especializado, eficiente e rentável; o problema, a meu ver, é que ele não está institucionalizado com uma governança corporativa clara.
Os escritórios, como mencionei no início, devem fazer uma avaliação periodicamente para saber o valor de seus negócios. Para isso, devem realizar uma análise dos fatores que estão impactando o setor de serviços jurídicos, independentemente da área ou áreas de especialização de seus escritórios, definir seus pontos fortes e fracos e trabalhar com maior ênfase nos pontos fracos com uma visão para o desenvolvimento do seu negócio a médio e longo prazo, superando o medo do risco, para que os sócios saiam da sua zona de conforto.
Nesse processo, também é importante uma mudança de postura que permita rever seu modelo de negócio e transformá-lo gradativamente, a partir de uma estratégia bem estruturada, tendo como aliados as novas tecnologias e o talento formado e especializado.
Este tema foi analisado no seminário ASIPI, realizado em Quito, Equador, durante o mês de junho. Pela sua complexidade, com a moderação de Juan Guillermo Moure, da Colômbia, e a minha participação, como palestrante, além de Marc Gericó, da Espanha, resultou em uma boa discussão com os participantes da sessão desse evento, que focou em temas importantes como as diferentes sessões sobre O Mundo Financeiro da Propriedade Intelectual.
*Fernando Peláez-Pier é CEO da LexLatin.
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