Práticas ESG podem fazer a diferença na hora de uma fusão ou aquisição

Cada vez mais, as empresas estão percebendo que a adoção de práticas ESG pode ser um diferencial competitivo na hora de uma fusão ou aquisição./ Unsplash - CoWomen.
Cada vez mais, as empresas estão percebendo que a adoção de práticas ESG pode ser um diferencial competitivo na hora de uma fusão ou aquisição./ Unsplash - CoWomen.
No Brasil, a adoção de práticas ESG tem crescido de forma expressiva.
Fecha de publicación: 06/12/2023

Em um mundo cada vez mais globalizado e digital, as fusões e aquisições, ou mergers and aquisitions (M&A), têm desempenhado um papel central na expansão e consolidação de empresas. No Brasil, esse cenário não é diferente. O mercado de M&A tem vivido um momento de aquecimento, impulsionado pelo ambiente de negócios favorável e pela crescente digitalização da economia.

Pesquisa realizada pela KPMG revela que 2022 foi o segundo melhor ano em número de M&As da série histórica, iniciada em 2015: no ano passado foram registradas 1.728 fusões e aquisições relacionadas a empresas com operações no Brasil, em 43 setores diferentes.

Embora o número de transações tenha recuado 12% em relação ao ano anterior, ainda supera em mais de 50% os números registrados em 2020.


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ESG em ascensão

Paralelamente, outro movimento tem ganhado força no país e no mundo: a ascensão do mercado ESG (Environmental, Social, and Governance ou Ambiental, Social e Governança, em português). Os princípios ESG referem-se a uma série de fatores que avaliam a sustentabilidade e o impacto social de um investimento ou de uma empresa.

No Brasil, a adoção de práticas ESG tem crescido de forma expressiva, inclusive por meio de uma mudança de mentalidade dos investidores, que passaram a considerar não só a rentabilidade, mas também o impacto ambiental, social e de governança na hora de investir.

Neste contexto, a intersecção entre M&A e ESG tem se mostrado um campo fértil para a geração de valor. Cada vez mais, as empresas estão percebendo que a adoção de práticas ESG pode ser um diferencial competitivo na hora de uma fusão ou aquisição.

Da perspectiva do comprador, empresas com boas práticas ESG tendem a ter uma gestão mais eficiente e a apresentar menos riscos. Além disso, a adoção de práticas ESG pode abrir portas para novos mercados e clientes, uma vez que muitos consumidores estão dando preferência a empresas sustentáveis.

Da perspectiva do vendedor, a adoção de práticas ESG pode aumentar o valor da empresa, tornando-a mais atraente para potenciais compradores. Além disso, empresas que adotam práticas ESG tendem a ter um melhor desempenho a longo prazo, o que pode garantir um retorno mais sustentável para o comprador.


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No entanto, a adoção de práticas ESG no processo de M&A também traz desafios. O principal deles é a dificuldade de mensuração e padronização dos critérios ESG. A falta de uma metodologia comum para avaliar os fatores ESG pode levar a discrepâncias na avaliação das empresas e, consequentemente, a dificuldades na negociação.

Apesar disso, a tendência é que a importância do ESG no mercado de M&A continue a crescer. À medida que os investidores se tornam mais conscientes da importância da sustentabilidade, as empresas que adotam práticas ESG tendem a se destacar no mercado.

Efetivamente, no procedimento de M&A, isso se revela em uma maior valorização dos aspectos de matérias ambientais, sociais e de governança e, consequentemente, os riscos identificados, quando relacionados a essas matérias, geram maior preocupação, e a necessidade de endereçar os temas de forma mais direta e assertiva, inclusive com eventuais medidas a serem adotadas após a efetivação da operação de M&A.

Em conclusão, a combinação de M&A e ESG está redefinindo o panorama de negócios no Brasil. As empresas que souberem navegar por esse novo cenário terão uma vantagem competitiva no futuro. Portanto, é crucial que as empresas brasileiras comecem a incorporar os princípios ESG em suas estratégias de negócios, não só para atrair investimentos, mas também para garantir sua sustentabilidade a longo prazo.

*Antônia Bethonico Guerra Simoni, especialista em direito societário e comercial no Chenut Oliveira Santiago Advogados.

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