Como desenvolver a marca pessoal?

A marca pessoal é aquele elemento único que todos temos. O seu diferencial é construído de acordo com nossos objetivos e a forma como a potencializamos, ou seja, aquilo que queremos alcançar. Assim, a marca pessoal é a imagem e a associação que vêm à tona quando o nome de um advogado ou advogada é pronunciado.

Trata-se de reputação, um conjunto de informações, habilidades e valores de uma marca pessoal. Baseia-se na missão, história pessoal, trajetória profissional, storytelling e arquétipo do especialista.

Os advogados são representantes de uma das profissões mais públicas do mundo. Muitos advogados acabam se tornando políticos. Isso é facilitado pela educação, lógica, oratória, capacidade de argumentar e habilidades de comunicação.

Antes de desenvolver uma marca pessoal, é importante se perguntar: Quem sou eu? O que faço? Continuarei trabalhando nisso daqui a 5 anos? O que quero projetar? Quais são meus objetivos profissionais? Quais são meus objetivos pessoais? Muito antes da importante tarefa de definir nosso público-alvo, é imprescindível nos conhecermos primeiro, saber com o que contribuímos e qual o retorno esperado.

É importante nos permitirmos  entender o que queremos e o que é sucesso para nós.

Para alguns, o conceito de carreira ou vida de sucesso é relativo. Pode ser aquela que permite ter uma casa na praia ou no campo para passar as férias; para outros, é aquela que proporciona flexibilidade para passar mais tempo em projetos pessoais ou com a família; ou simplesmente aquela que lhes dá segurança financeira. 

Mas, para não filosofar mais sobre essas questões e conceitos que podem parecer subjetivos (e que na verdade fazem parte do "esqueleto" para montar uma boa marca pessoal ou personal branding), vamos direto ao ponto do porquê esse grande elemento diferenciador é hoje tão relevante.

A relevância de desenvolver a marca pessoal dos advogados

Se há 10 anos um advogado ouvisse que parte das estratégias para conseguir uma boa carreira era trabalhar em sua "marca", ele responderia que isso não faz parte do seu nicho, que você não precisa ser um "influenciador" para ter sucesso na profissão. E é verdade, você não precisa ser um “influenciador” para ter sucesso, essa ideia é absurda. Estamos enganados ao pensar ou imaginar que, quando se trata dessas questões, significa se tornar uma pessoa da mídia.

É importante entender a diferença entre esse tipo de perfil e alguém que trabalha com sua marca. Para dar um exemplo, um ator não teria a mesma estratégia de marca pessoal de um advogado ou advogada.

A primeira recomendação é: trabalhe duro para divulgar suas conquistas e 'não-conquistas', para divulgar a cara por trás daquele perfil que se conecta diariamente com dezenas de clientes.

Uma boa estratégia de personal branding favorece a exposição, posicionamento e reconhecimento do advogado, não importa em que estágio da carreira ele se encontre, ela se aplica perfeitamente tanto a um associado júnior quanto a um sócio.

Por sua vez, torna-se um duplo benefício para o indivíduo e para a empresa. Por quê? Porque você se torna automaticamente um embaixador da marca daquilo que sua empresa representa.

Em perfis mais jovens, isso é uma grande vantagem, pois representa uma oportunidade de ser a cara do escritório, além de se preparar para se tornar um futuro sócio e trabalhar com foco naqueles benefícios que farão dele uma “pessoa de sucesso”.

Benefícios de uma marca pessoal forte

Em um ambiente altamente competitivo, uma marca pessoal torna-se uma necessidade, uma condição importante para a demanda de advogados. Uma marca pessoal ajuda um especialista a:

• Aumentar o número de novos clientes por meio de popularidade e vantagens competitivas. Os clientes preferem advogados conceituados com casos de sucesso e confiam a proteção de seus interesses a pessoas específicas, não apenas a um escritório de advocacia. O sucesso dos advogados independentes também depende de reconhecimento e fama.
• Construir confiança e forte conexão emocional. A relação advogado-cliente é baseada na confiança absoluta. Uma marca pessoal ajuda a se comunicar com os clientes e a criar confiança.
• Aumentar o custo dos seus serviços. O custo de um mesmo serviço no mercado jurídico pode variar significativamente. Ter uma marca pessoal forte permite que um advogado conhecido solicite e receba altos honorários.
• Escolher projetos por conta própria e trabalhar com os melhores clientes. A fama e a forte marca pessoal de um profissional de serviços jurídicos permitem que você escolha com quem cooperar, além de assumir casos interessantes e lucrativos.
• Ganhar a credibilidade de um escritório de advocacia. A autoridade de uma firma é desenvolvida, inclusive, pelas marcas pessoais de seus advogados. É importante estar atento à marca pessoal dos sócios e advogados seniores.

O reverso de uma marca pessoal bem promovida pode ser maior atenção ao seu proprietário, por parte da sociedade, maior responsabilidade por ações e palavras, investimento de tempo e recursos financeiros. No entanto, essas deficiências são compensadas pelas vantagens listadas.

Os componentes da marca pessoal de um advogado

1. Competência. Ao procurar assistência jurídica, esperamos encontrar um advogado, ou advogada, com formação especializada, conhecimento da lei, experiência e suficiente prática jurídica.
2. Confiança. Confiamos nossos segredos de família e negócios aos profissionais do direito e esperamos que eles usem essa confiança a nosso favor. Afinal, apenas pessoas honestas e decentes têm independência.
3. Empatia. Contamos com empatia e compreensão do advogado quanto aos motivos de nossas ações.
4. Relações interpessoais. Um advogado aberto e sociável se comunica com confiança com os participantes do processo e usa habilidades de comunicação verbal e não verbal. Os especialistas não devem ter medo de se comunicar com a clientela. É importante responder prontamente às solicitações. Certamente, as críticas não são exceção.

Moralidade e ética também são importantes. Na marca pessoal, o advogado deve ser guiado por valores eternos e aceitar os padrões éticos como seu dever. Não se trata apenas de comunicação com clientes, mas também com colegas de trabalho. Conhecemos advogados de sucesso, apreciados pelos clientes, que não conseguem contratar advogados para sua equipe devido à sua reputação no mercado de pessoas difíceis de se trabalhar ou criadores de ambientes tóxicos.

Elemento desafiador

O principal elemento desafiador para executar e sustentar uma boa estratégia de marca pessoal para advogados é o fator tempo.

Embora possa haver épocas em que haja disponibilidade para assuntos pessoais, em termos gerais esta é uma situação praticamente nula. Aqui podemos identificar dois desafios: organizar as prioridades sem descuidar dos clientes e da família, e identificar que a marca pessoal não é um hobby, mas que faz parte de todo o conjunto da sua profissão e merece que você reserve um tempo semanal para sua execução.

Mas qual é a realidade? Às vezes, não se dá prioridade nem aos minutos necessários por semana para analisar as estratégias de desenvolvimento de negócios propostas pelos líderes de marketing, que dirá para essas questões, e muito menos quando se trata de profissionais com longa experiência e acostumados a operar de uma determinada maneira, talvez caindo no conforto de pensar que a forma de fazer negócios é estática.

Assim, ao decidir avançar na sua carreira profissional e na forma como se apresenta aos seus clientes e concorrentes, o ideal é que o advogado, ou advogada, leve em conta uma boa estratégia de gestão da marca pessoal. Isso por si só já existe, basta um empurrão estratégico para atingir grandes metas e resultados favoráveis ​​a médio e longo prazos.

*Natalia Khomyshyna ([email protected]) e Natalia Villanueva ([email protected]), consultoras de marketing jurídico, gestão de crises, comunicação e desenvolvimento de negócios.