Crescem registros de patentes de nanotecnologia no Brasil, principalmente na área médica

As universidades públicas brasileiras se destacaram entre os principais depositantes. /Cecília Bastos - USP Imagens
As universidades públicas brasileiras se destacaram entre os principais depositantes. /Cecília Bastos - USP Imagens
Nanotecnologia ganha espaço na medicina regenerativa, aponta estudo realizado pelo INPI em parceria com o Sebrae.
Fecha de publicación: 23/08/2023

Assim como a inteligência artificial, a nanotecnologia promete um papel de destaque na economia do futuro. Nas últimas décadas, houve um aumento no depósito de patentes dessa tecnologia no Brasil, principalmente nas áreas de biotecnologia e ciências médicas. Essa informação foi apresentada pelo estudo Mapeamento dos depósitos de patentes no Brasil envolvendo nanotecnologia, realizado pelo INPI em parceria com o Sebrae. 

Esse tipo de tecnologia trata do entendimento e controle de fenômenos físicos e químicos, além da produção, caracterização e manipulação de materiais em nível atômico, molecular e supramolecular, com dimensões nanométricas (aproximadamente entre 1 e 100 nanômetros). Ela é fundamental, principalmente, nas áreas de biomedicina, telecomunicações, energia, computação e indústria aeronáutica.

O estudo identificou 12.054 documentos de patentes de nanotecnologia depositados no INPI a partir do ano 2000. Destes, 2.519 pedidos são de depositantes residentes (21%). Cerca de 36% dos pedidos são de tecnologias de origem norte-americana. Brasil, Alemanha, França e Suíça aparecem ainda entre os 5 principais países de origem das tecnologias depositadas no INPI. 

As universidades públicas brasileiras se destacaram entre os principais depositantes. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) estão entre as 5 primeiras posições. 

As empresas correspondem a cerca de 22% dos depositantes de pedidos de residentes, sendo 85,7% empresas de médio e grande porte, 15,7% microempresas e 8% dos pedidos de empresas de pequeno porte. Foram identificadas também 14 startups entre os depositantes residentes, com 16 pedidos.

Apesar de avanços no último ano, o setor da tecnologia, no geral, tem um mercado majoritariamente dominado por homens. O estudo, no entanto,  mostrou um equilíbrio relativo em questão de gênero: as mulheres representaram 45% dos inventores.


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Aplicação na medicina

Os recentes avanços no desenvolvimento de nanomateriais na área da saúde têm gerado novas e promissoras oportunidades para suas aplicações na medicina, tanto como ferramentas de diagnóstico como terapêuticas.

A categoria “ciências médicas”, entre as 19 categorias relacionadas aos diversos campos de aplicação, abrange quase 50% da amostra analisada pelo INPI. Entre as subcategorias que apresentam maior número de documentos identificados estão “preparações medicinais caracterizadas pelos ingredientes não ativos usados” e “equipamentos, métodos e preparações para diagnóstico ou cirurgia”. 

Algumas das mais importantes aplicações da nanotecnologia na área da medicina são os dispositivos de diagnóstico como nanobiossensores e microarrays, além do desenvolvimento de novos agentes de contraste para a radiologia, incluindo a bioluminescência e fluorescência ótica, ultrassons dirigidos, ressonância magnética molecular (MRI), espectroscopia de ressonância magnética (MRS), entre outros.

Outra área de grande interesse da nanomedicina é a de nanofármacos, cujo uso da nanotecnologia busca evitar os efeitos colaterais e melhorar algumas das características dos fármacos tradicionais. 

Mais recentemente, a medicina regenerativa ganhou espaço na nanomedicina e tem sido regida pelo conceito genérico de combinar propriedades celulares com diversas abordagens tecnológicas no design e fabricação de novos tecidos ou órgãos. 


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Projeções

Apesar de ser considerada uma tecnologia emergente, revolucionária e inovadora, a nanotecnologia também apresenta grandes desafios. No Brasil, é uma inovação pouco utilizada pelas indústrias brasileiras. A Pesquisa de Inovação Tecnológica de 2014 (PINTEC 2014), realizada pelo IBGE, observou que, na época, apenas 1,8% das empresas inovadoras brasileiras usavam nanotecnologia. 

Mais recentemente, especialmente a partir de 2020, novas políticas públicas (incluindo programas, planos e estratégias) sobre materiais avançados e tecnologias convergentes e habilitadoras foram lançadas pelo governo, sendo que as normas mais recentes procuram abordar também aspectos como o risco dos nanomateriais para a saúde e o impacto no meio ambiente.

Segundo os dados apresentados no estudo realizado pelo INPI e pelo Sebrae, na primeira década do século XXI, o Brasil investiu R$70 milhões na área de nanotecnologia entre 2000 e 2007, e entre 2007 e 2010 mais R$70 milhões, enquanto apenas no período de 2001 a 2006, os EUA aplicaram US$5,461 bilhões. 

No mercado global, a projeção é uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 35,5% para o período entre 2021 e 2026, saindo de US$ 5,2 bilhões (em 2021) até atingir US$ 23,6 bilhões, em 2026. No caso da nanotecnologia em aplicações médicas, estima-se que o mercado global deve crescer de U$ 242,6 bilhões, em 2021, a U$493,5 bilhões em 2026, a uma CAGR de 15,3% nesse mesmo período.

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