As implicações do novo marco legal do câmbio no Comex brasileiro 

Agora, as empresas podem iniciar pagamentos de importações financiadas sem a necessidade de o produto estar fisicamente no Brasil, tornando o processo de importação mais ágil e eficiente./ Pixabay.
Agora, as empresas podem iniciar pagamentos de importações financiadas sem a necessidade de o produto estar fisicamente no Brasil, tornando o processo de importação mais ágil e eficiente./ Pixabay.
Atualizado, o marco cambial potencializa o gerenciamento de receitas externas por exportadores. 
Fecha de publicación: 22/11/2023

No final do Comércio Exterior, encontram-se as operações de câmbio, que são essencialmente transações de compra ou venda de moedas estrangeiras. Essas operações são fundamentais em diversas atividades, como quando empresas brasileiras exportam mercadorias ou importam equipamentos e serviços de fornecedores globais, desempenhando um papel essencial na promoção da eficiência e competitividade global. 

Mesmo a simples aquisição de moedas como dólares ou euros por indivíduos que planejam viajar se enquadra como uma operação cambial. Cada tipo de atividade cambial exige um contrato específico para sua formalização e é imperativo que essas transações sejam conduzidas apenas por instituições financeiras devidamente autorizadas pelo Banco Central, garantindo, assim, a segurança e conformidade dessas operações no panorama econômico nacional. 

No final de 2022, o Brasil inaugurou uma nova era para o Comércio Exterior com a implementação da Lei 14.286/21, estabelecendo, assim, o novo marco cambial. Essa atualização legislativa tem como foco principal modernizar e simplificar as transações internacionais, considerando aspectos como o capital brasileiro no exterior, a entrada de recursos no território nacional e a necessidade de reportar informações ao Banco Central. Mas, afinal, quais são as mudanças práticas para as empresas brasileiras que atuam no Comércio Exterior? 


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Um comparativo entre o passado e o presente das operações cambiais 

Historicamente, o Brasil contou com um mosaico de normativas cambiais, algumas remontando a 1933, que refletiam as diversas nuances econômicas e sociais vivenciadas ao longo dos anos. Essa multiplicidade de regulamentos, muitas vezes rígidos, e em outros momentos mais flexíveis, forjou a maneira como o país interage no cenário de comércio internacional. Nesse contexto, a alocação e o gerenciamento de recursos provenientes de exportações eram frequentemente desafiadores, limitando a eficiência e a agilidade dos negócios no exterior. 

Contrastando com esse cenário, a atualização das normas cambiais traz uma visão revigorada e moderna. Além de eliminar certas restrições que limitavam as operações das empresas exportadoras e importadoras, como os empréstimos a filiais no exterior, agora há uma capacidade ampliada para os bancos brasileiros financiarem compradores de produtos nacionais. Essa abordagem flexível não apenas beneficia os exportadores ao permitir pagamentos domésticos em moeda nacional com proteção contra flutuações cambiais, mas também sinaliza um movimento em direção a um mercado de câmbio mais atualizado, descartando regulamentos que já não se alinham com a realidade do comércio global contemporâneo. 

Benefícios práticos das novas normas de câmbio 

A revisão do marco cambial no Brasil traz consigo uma série de vantagens práticas para o cenário empresarial, sobretudo no que tange às operações internacionais. Anteriormente, empresas que tinham filiais ou subsidiárias fora do Brasil enfrentavam desafios significativos na gestão de recursos, pois não podiam transferir facilmente dinheiro entre diferentes unidades do grupo. Esse obstáculo levava a soluções mais complicadas e onerosas, como a tomada de empréstimos externos ou operações de câmbio para transferir fundos. Com o novo marco, essa barreira é eliminada, permitindo um fluxo mais livre de recursos entre entidades do mesmo grupo corporativo e facilitando pagamentos em moedas estrangeiras por empresas nacionais. 

Somada a esses avanços imediatos, a atualização das normas alinha o Brasil às recomendações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), focando especialmente na redução da burocracia e na eficiência das operações cambiais. Isso significa que os exportadores brasileiros terão acesso a uma gama mais ampla de serviços financeiros e maior fluidez no fluxo de capital. No que se refere às importações, a flexibilização também se manifesta: agora, as empresas podem iniciar pagamentos de importações financiadas sem a necessidade de o produto estar fisicamente no Brasil, tornando o processo de importação mais ágil e eficiente. 

Assim, o novo marco cambial no Comex brasileiro revela-se como um trunfo valioso para as empresas nacionais. Alinhando-se às diretrizes da OCDE, ele simplifica a movimentação financeira internacional, proporcionando uma gama mais vasta de serviços financeiros à disposição dos exportadores. Com tal aprimoramento, as empresas brasileiras ganham uma vantagem competitiva tangível, estando mais equipadas para operar, competir e prosperar no cenário global de comércio. 


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Com o tempo, é claro que é possível que novas alterações na legislação sejam necessárias para se adaptar às dinâmicas em constante evolução do comércio internacional, assim como a experiência das empresas diante dessas novas regras e formatos também vai gerar novos desafios e oportunidades. No momento, o marco cambial, sem dúvidas, representa um grande avanço para as empresas do Comércio Exterior brasileiro. 

*Roberto Drummond é arquiteto de soluções na eCOMEX NSI. 

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