Manual de mentoria: uma ferramenta de desenvolvimento profissional

O toolkit permite que qualquer empresa, independentemente de seu tamanho, desenvolva seu próprio programa de mentoria. / Canva
O toolkit permite que qualquer empresa, independentemente de seu tamanho, desenvolva seu próprio programa de mentoria. / Canva
O Mentorship Toolkit é fundamental para promover o desenvolvimento e a retenção de talentos femininos.
Fecha de publicación: 25/07/2023

Como é construída a liderança em um escritório de advocacia? Por onde começar? Como atingir o potencial máximo? Possivelmente, muitos advogados que participam da corrida pela paridade de gênero estão procurando as respostas para essas perguntas. Um programa de mentoria pode ser parte da solução.

O estudo Women in Law Firms, realizado por McKinsey & Company em 2017, no qual participaram 222 empresas da América do Norte, observou que somente 19% dos sócios são mulheres e que, além disso, as mulheres têm 29% menos chances de chegar ao primeiro nível de parceria em comparação aos homens. Esta pesquisa também relatou que, em comparação com outras indústrias, a diferença de gênero é maior em escritórios de advocacia.

Maryann Bruce, Corporate Director and Former Fortune 100 Division President & CEO, expressou em um artigo da Forbes que:

“Como líderes seniores, temos a obrigação de orientar e apoiar as mulheres na força de trabalho para contribuir com seu desenvolvimento profissional, ajudar a aumentar sua confiança e orientá-las nos desafios que possam encontrar, na medida em que avançam em suas carreiras. Acredito que a mentoria é uma das melhores estratégias para ajudar a fechar a lacuna de gênero na liderança empresarial.”

Essas palavras também encontram um lugar na indústria de serviços jurídicos. Para atingir esse objetivo, o Comitê de Mulheres Advogadas (WLC) da Associação Internacional de Advogados (IBA), organização que mais reúne advogados em todo o mundo e que hoje é liderada por uma mulher, criou o Mentorship Toolkit, para que as advogadas possam desenvolver seu potencial máximo dentro de suas organizações.


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Durante o desenvolvimento do manual, recolheu-se informação sobre os programas de mentoria já implementados e partilharam-se experiências sobre quais as atividades podem ser definidas como boas práticas. O manual não é uma solução para todos os problemas de diversidade ou paridade de gênero, mas sim uma ferramenta que serve para superar os obstáculos que afetam o avanço das advogadas em suas carreiras profissionais.

Em 27 de julho de 2023, a LexLatin fará o debate: Conheça o manual de mentoria para advogadas elaborado pela IBA, para falar sobre quais são os principais desafios desse tipo de programa na América Latina e quais qualidades um mentor deve ter para gerar resultados positivos no desenvolvimento profissional de seus pupilos.

A discussão será moderada por Ursula Ben-Hammou, conselheira do Rodrigo, Elias & Medrano Advogados e oficial de mentoria do Comitê de Mulheres Advogadas da IBA, que trabalhou no desenvolvimento do Mentorship Toolkit. Três sócias de empresas latino-americanas também estarão presentes no evento: Patrícia Silberman, sócia do Carey Advogados (Chile), Cláudia Barreira, sócia do Philippi, Prietocarrizosa Ferrero DU & Uría (Colômbia) e Raquel Flórez, sócia do Freshfields Bruckhaus Deringer (España). 

O evento terá início às 12h pm, horário de Brasília, via Zoom. O evento é gratuito, inscreva-se aqui!

O manual é um benchmark do mercado

Sócia principal do departamento de comunicação e relações institucionais, além de membro do comitê de diversidade do Rodrígo, Elías & Medrano, Ursula Ben-Hammou declara que o Mentorship Toolkit foi desenvolvido com a expectativa de que todas as empresas se beneficiarão do benchmark de mercado, que inclui empresas latino-americanas.

"Esse toolkit é um resumo do que está funcionando na indústria. É uma espécie de atalho para o que já deu certo mundo afora. Nossa aspiração é que esse toolkit permita que qualquer empresa, independentemente do seu tamanho, possa desenvolver seu próprio programa de mentoria. Ou seja, ter um guia claro de como começar e quais perguntas fazer para criar um programa de mentoria sob medida.”

Patrícia Silberman, sócia do Carey e membro do Comitê Diretivo Internacional do programa Mulheres na Profissão (WIP) do Vance Center, acrescenta que certamente há muita experiência em estudos, empresas e universidades em diferentes partes do mundo. No entanto, poucas boas práticas são compartilhadas, especialmente através de organizações de diferentes tipos.

“Por se tratar de um tema transversal e de interesse público, órgãos como a IBA ou outras entidades de classe são muito bons em compartilhar e debater como construir programas de mentoria eficazes e que realmente contribuam para o desenvolvimento profissional”, destaca.

Desafios de implementação

A implementação de um programa de mentoria, como qualquer outra iniciativa, passa por uma curva de adaptação que envolve desafios: suporte gerencial, investimento de tempo, participação de advogados, acompanhamento da execução, mensuração de resultados, entre outros. Identificar esses desafios e enfrentá-los em tempo hábil é a chave para alcançar resultados positivos.

Para Cláudia Barrero, primeira não americana a presidir o Conselho de Administração do SCG Legal (rede global de 122 escritórios de advocacia independentes), fato ocorrido em 2014, o desafio mais importante é que a liderança do escritório esteja alinhada com o objetivo de caminhar rumo à paridade de gênero. Se a liderança da empresa adota a paridade de gênero como um de seus objetivos estratégicos e estabelece uma data de revisão, a implementação de ferramentas para atingir esse objetivo torna-se muito mais fácil, acrescenta.

“Acho que um dos maiores desafios do programa é a impaciência das organizações. Um programa de mentoria não dá resultados imediatos. É preciso entender que, se houver falhas, isso não significa que todo o programa falhou. Simplesmente teremos que fazer ajustes ao longo do caminho.”


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Objetivos claros

Na pesquisa State of coaching and mentoring - 2022, realizada por Together, na qual participaram 200 profissionais de Recursos Humanos, foi revelado que o segundo motivo mais citado para iniciar um programa de mentoria é a capacidade de construir força de trabalho mais diversificada, equitativa e inclusiva. O principal motivo é ajudar os funcionários a alcançarem seu potencial.

No entanto, vale ressaltar que “atingir todo o seu potencial” não está vinculado ao objetivo único de ser sócio ou sócia. O programa de mentoria é um espaço para o mentor oferecer conhecimentos e experiências que ajudem o mentorado a tomar as melhores decisões para sua carreira.

Para Claudia Barrero, "um mentor não necessariamente busca que o mentorado obtenha uma promoção ou alcance uma posição de liderança. Sem dúvida, essa poderia ser uma consequência da mentoria, mas não necessariamente o objetivo”.

Raquel Florez, que integra o comitê de diversidade e inclusão de seu escritório, Global Senior Executive Sponsor para a inclusão do coletivo LGBTQIA+ e co-responsável pela Comissão Internacional da associação Women in a Legal World, concorda com Barrero quando diz que, para que a mentoria funcione, é importante que a profissional que vai ingressar no programa tenha clareza sobre seus objetivos e o que espera obter com esse exercício.

“A mentoria pode ter vários objetivos, porém, é comum que os programas estabelecidos pelos escritórios de advocacia busquem especialmente promover a promoção de mulheres como sócias. Portanto, nesse contexto, é comum que eles foquem nesse propósito”, acrescenta Florez.

Mudanças esperadas

Por fim, Úrula Ben-Hammou acredita que a chave para um bom programa de mentoria é que ele inclua homens e mulheres e aborda questões como desenvolvimento profissional, networking, gestão de equipes e vieses inconscientes.

"A mentoria pode ser uma ferramenta muito poderosa para gerar as mudanças culturais necessárias para que mais advogadas permaneçam na linha de carreira e que mais advogados se conscientizem e tomem providências em relação ao problema atual.”

É encorajador observar os importantes avanços em direção a uma indústria jurídica mais igualitária. Ben-Hammou acrescenta que cada vez mais escritórios estão implementando medidas para abordar questões como mentoria, programas de desenvolvimento para advogados e retenção de talentos em geral, com foco particular na igualdade de gênero.

Da mesma forma, observa-se que um número crescente de líderes de empresas da região estão se envolvendo ativamente com esses temas e fazendo as perguntas certas para promover a igualdade e o crescimento profissional de todos os seus membros.

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