Redes sociais e o processo eleitoral

Bolsonaristas criticaram a decisão do Ministro Alexandre de Moraes de suspender o Telegram no Brasil/Wilson Dias/Agência Brasil
Bolsonaristas criticaram a decisão do Ministro Alexandre de Moraes de suspender o Telegram no Brasil/Wilson Dias/Agência Brasil
Como controlar efetivamente a disseminação de fake news ao longo dos próximos meses?
Fecha de publicación: 28/03/2022

Peça fundamental no processo eleitoral de 2018, o universo das redes sociais igualmente terá papel de destaque no pleito de outubro próximo. Os dois principais adversários na disputa, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT), há tempos se movem nesse terreno, uma autêntica frente de batalha.

A mais recente pesquisa do DataFolha traz números interessantes sobre o tema. De acordo com o levantamento, 51% dos brasileiros são favoráveis à suspensão do funcionamento de aplicativos de mensagens caso eles desobedeçam a determinações da Justiça para evitar a divulgação de Fake News. Impressiona o dado inverso - nada menos que 43% são contra a suspensão, contingente expressivo que, a rigor, faz vista grossa às notícias falsas.

Como pano de fundo do caso está o Telegram, bastante utilizado pelo eleitorado bolsonarista - público esse que, por sinal, criticou duramente a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendendo as atividades do aplicativo no Brasil.

Cabe aqui uma ressalva - o WhatsApp, aplicativo mais popular no país, é utilizado por 84% das pessoas com conta em redes sociais, contra apenas 20% do Telegram. Mesmo com menor penetração, esse último tem grande poder de difusão de ideias entre os apoiadores do titular do Planalto.


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É evidente que o caso vai além da pura e simples suspensão do aplicativo. Há aqueles que invocam a tese de que tal medida significaria uma espécie de censura, portanto ilegal. Também se questiona um suposto cerceamento da defesa do Telegram. A polêmica está à mesa.

A grande questão que se coloca é - como controlar efetivamente a disseminação de Fake News ao longo dos próximos meses? Tarefa praticamente impossível, dado que uma vez divulgada a notícia falsa ganha vida própria, como um rastilho de pólvora. O estrago já está feito.

Importante lembrar que a divulgação de notícias falsas sempre existiu. O que ocorre agora é que a tecnologia aumenta exponencialmente o alcance dessas informações, atingindo a um número expressivo de pessoas. Um elemento a mais no jogo político.

Enfim, trata-se de um problema central para o sistema eleitoral e para a democracia brasileira como um todo. O destino do pleito de outubro passa diretamente pela questão das redes sociais.

*André Pereira César é cientista político.

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