Advocacia estratégica e performática: mudança de cultura ou paradigma estrutural

O paradigma estrutural tem perdido terreno diante da modernidade. / Crédito da imagem: www.canva.com.
O paradigma estrutural tem perdido terreno diante da modernidade. / Crédito da imagem: www.canva.com.
As redes sociais hoje estão ocupadas por diversos conteúdos que se somam a toda essa mudança de cultura, impulsionando o paradigma estrutural da incidência.
Fecha de publicación: 19/09/2023

Conteúdos performáticos, demonstrações de resultados, mentorias e cursos direcionados, tráfego pago, implementação de tecnologias e capacitação de gestão: todos esses critérios passaram a compor a rotina dos militantes do Direito em suas várias áreas de atuação e, ao passo que trazem novidade que propõe um movimento de mudança de cultura, de certa forma, soa como um paradigma estrutural para aqueles que ainda não entenderam a transição ou simplesmente não concordam com o tom de modernidade que a proposta de uma advocacia estratégica e performática seria o novo mote do mercado.
 

Se não fossem aqueles profissionais frontalmente ligados ao Direito Empresarial e ao ambiente corporativo, era raro que um advogado participasse de discussões afetas a estruturação de times, gestão de pessoas, gestão de ativos e jornada do cliente em seus próprios escritórios. Termos como análise SWOT, equity, soft and hard skills, m&a, business plan, CRM, chatbox, métricas e controle de expansão possivelmente nem fariam parte de uma metodologia de iniciação de um escritório.
 

As redes sociais hoje estão ocupadas por diversos conteúdos que se somam a toda essa mudança de cultura, impulsionando o paradigma estrutural da incidência.
 


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A velha cultura (paradigma estrutural) era adotada pelos recém-aprovados no exame da OAB para exercer a profissão. Essa cultura implicava alugar uma sala, ter um telefone, e-mail, cartões de visita e ficar esperando que um cliente, milagrosamente, aparecesse em seu escritório. 
 

Hoje, o caminho está aberto ao posicionamento digital, por meio da criação de uma sólida presença nas redes sociais, o desenvolvimento de um branding adequado, a criação de um site com capacidade responsiva e produção de conteúdo informativo ou de vendas (a propósito, mais um termo incluído no manual de mudança cultural). 
 

Tudo isso está atrelado a uma estratégia criada para compensar as dificuldades inerentes ao início em qualquer profissão, guardadas as ressalvas quanto àqueles que já entram no mercado com uma herança patriarcal que, diga-se de passagem, sempre faz parte do que chamo nesse artigo de paradigma estrutural.
 

Sobre esse paradigma, especificamente falando, não raras vezes nos deparamos com grandes figurões da advocacia antiga tecendo críticas ao novo ou aos novos modelos de advocacia estratégica e performática, com o argumento de que a exposição, a “agressividade” de marketing e os posicionamentos digitais ferem o decoro da profissão, isso quando não atribuem tom jocoso a esse tipo de tática, como se isso tudo servisse para manchar o romantismo que circunda suas interpretações quanto ao que, um dia, chamaram de advocacia artesanal.


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Ao mesmo tempo, também vemos grandes figurões da advocacia antiga se rendendo ao conceito de advocacia estratégica e performática, revendo seus conceitos e aplicando métodos que outrora poderiam ser considerados como afrontosos à essência da profissão. Tudo é uma questão de adequação ao mercado.
 

Talvez a advocacia jamais deixe de ser artesanal. Lógico que tudo depende do ponto de vista e da interpretação dada ao conceito, seja pela rusticidade, seja pela paixão que os processos manuais de construção de teses envolveram os nobres causídicos ao longo dos anos. O ponto central é o de adequação estrutural e de aproveitamento de características dos profissionais pela vasta multidisciplinaridade que o Direito propõe.
 

A artesanalidade pode estar frontalmente ligada a uma perspectiva de sofisticação da atuação profissional, criando respostas tecnológicas que, além de propor alta performance, contribuem para maior capacidade responsiva aos anseios daqueles que confiam nos serviços do advogado.


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Vivenciar uma mudança de cultura é tarefa que em algum momento pode significar tormento para alguns e oportunidade para outros, entretanto, o denominador comum que se extrai dessa equação é o de que profissionais devem se moldar ao mercado e não o contrário, sem, contudo, perder de vista a perspectiva litúrgica que envolve o exercício da advocacia, primando pela ponderação performática, porém sem perder de vista determinadas oportunidades que as diversas mutações mercadológicas propõem.
 

A nós, advogados que assistimos e vivemos essa variação de mercado, nos cabe adequação e visão de modernidade como forma de não nos perdermos diante de um paradigma estrutural que, de certa forma, vem perdendo espaço.

 

*Berlinque Cantelmo é empresário e advogado especialista em ciências criminais, compliance e gestão de pessoas com ênfase em competências do setor público. Aluno da Fundação Getúlio Vargas do MBA Executivo em Direito: Gestão e Business Law.
 

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